As Dificuldades no Ensino da Escrita de Sinais sob um

 Enfoque Fonético-fonológico

 

Vívian Bonow Boeira

(Bolsista DTI/CNPq - Projeto SignNet - ESIN/UCPel)

Antônio Carlos da Rocha Costa

(Projeto SignNet - Escola de Informática - UCPel)

 

Palavras-chave: escrita de línguas de sinais, fonética e fonologia de línguas de sinais

 

Resumo

 

A fonologia das línguas sinalizadas envolve uma série de parâmetros que compõem o sinal: configuração de mão, locação, orientação da palma da mão, expressões não-manuais e movimento, muitos deles realizados simultaneamente em cada segmento de sinal. Conseqüentemente, uma das grandes dificuldades no ensino da língua de sinais escrita é esse caráter não seqüencial que tais línguas possuem. O sistema de escrita de línguas de sinais chamado "SignWriting" foi criado com o intuito de tentar reproduzir por meio de recursos gráfico-esquemáticos todos aqueles fonemas e suas diversas formas de organização temporal. No entanto, esse mesmo aspecto pode ser percebido como um dos primeiros entraves ao aprendizado da escrita de sinais, porque o sistema apresenta cerca de quatrocentos símbolos para essas representações gráficas. Outra questão importante é a existência de dois pontos de vista (planos imaginários), em que o sinal é reproduzido através de perspectivas diferentes: segundo a perspectiva de quem observa o sinal (ponto de vista receptivo) e do ponto de vista de quem o sinaliza (ponto de vista expressivo). Igualmente, há a possibilidade de representar o sinal projetando-o em um plano horizontal (visão de cima) ou em um plano vertical (visão de frente). Junto a isso, a não existência de uma padronização para essa escrita acarreta outras dificuldades para a aquisição da escrita. Isso porque, sendo um sistema criativo como qualquer língua, as línguas de sinais podem produzir variações fonológicas e possibilidades de simplificação ou de complexificação. Um exemplo simples dessas dificuldades pode ser dado através da escrita do sinal IMPORTANTE, que foi produzido pela mesma pessoa de duas maneiras diferentes, em dois textos diferentes (Fig. 1). Em (b), há a omissão da expressão facial, que não é essencial, mas pode demonstrar, dentro do contexto, o grau de intensidade do adjetivo utilizado. Em (a) a orientação de mão é para a esquerda e o movimento circular é repetido. Em (b), a mão tem a orientação para fora e apenas um movimento circular é indicado. Ambos são representados de acordo no plano vertical e do ponto de vista expressivo.       

 

a)        b)

 

Figura 1: Duas formas escritas para o sinal IMPORTANTE.

 

 

 

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar o sistema de escrita SignWriting, enfocando os constituintes fonológicos dos sinais e as possíveis dificuldades encontradas na sua produção e leitura. Isso porque, esse recurso possui cerca de quatrocentos símbolos para representar a sua organização temporal e planos imaginários que denotam diferentes perspectivas de pontos de vista de acordo com o sinalizador. Assim, vê-se que é uma escrita complexa e não padronizada que se detém a descrever um sinal tal como é produzido, tornando-se, sobretudo, uma escrita fonética.      

 

Fundamentação Teórica

 

Diferenças entre fonética e fonologia nas línguas de sinais

A fonologia é o ramo da lingüística que objetiva identificar a estrutura e a organização dos constituintes fonológicos, propondo modelos descritivos e explanatórios. Dessa forma, coloca-se como primeira tarefa da fonologia para a língua de sinais determinar quais as unidades e as variações possíveis no ambiente fonológico. Já a fonética é a ciência que estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas. Tem por objetivo estabelecer um conjunto de traços, ou propriedades, que possam descrever todos os sons utilizados na linguagem humana. É, pois, um ramo da lingüística, mas um ramo que, ao contrário dos outros, apenas se interessa pela linguagem articulada e não por outras formas de comunicação organizada. A fonética, por conseguinte, ocupa-se apenas da expressão lingüística e não do conteúdo, cuja análise depende da gramática e do vocabulário (aspectos gramatical e semântico da linguagem).

As línguas de sinais são denominadas línguas de modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), pois a ação lingüística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. Apesar da diferença existente entre línguas de sinais e línguas orais, no que concerne à modalidade de percepção e produção, o termo “fonologia” tem sido usado para referir-se também ao estudo dos elementos básicos das línguas de sinais.

Os fonemas são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu significado, através dos traços distintivos. A fonologia busca interpretar os sons da fala (da fonética), tendo como base os sistemas de sons das línguas e os modelos teóricos disponíveis. Assim, enquanto a fonética é basicamente descritiva, a fonologia é explicativa, interpretativa; enquanto a análise fonética se baseia na produção, percepção e transmissão dos sons da fala, a análise fonológica busca o valor dos sons em uma língua, ou seja, sua função lingüística.

A fonética e a fonologia são áreas diferentes que operam com seus próprios métodos; porém, elas se condicionam mutuamente em seu valor e desenvolvimento. Por exemplo, descrever a fonologia de uma língua de sinais sem considerar o aspecto fonético seria absurdo. Do mesmo modo, o estudo da fonética de uma língua de sinais resulta pouco proveitoso se não se considerar a função que os elementos fônicos desempenham no sistema dessa língua.

Chomsky e Halle (1968) propõem derivar o sinal da fala em três etapas. Na primeira, uma forma básica da palavra ou morfema é transformada numa forma superficial pela manipulação de traços binários, num componente da gramática  denominado fonológico, em que se introduzem todas as variações devidas ao contexto morfológico ou fonológico. Na segunda etapa, essa forma superficial é especificada conforme a língua, em outro componente da gramática, denominado fonético. Esse introduz o "detalhe fonético lingüístico".  A forma fonética resultante dá entrada no sistema de produção do falante, que é constituído por características individuais subordinadas a restrições fonéticas universais.

 

Línguas de sinais

As línguas de sinais são consideradas línguas naturais e, conseqüentemente, compartilham uma série de características que lhes atribui caráter específico e as distingue dos demais sistemas de comunicação. As línguas de sinais são, portanto, consideradas pela lingüística como línguas naturais ou como um sistema lingüístico legítimo e não como um problema do surdo ou como uma patologia da linguagem (Quadros, 2004).

Pesquisas sobre a língua de sinais vêm sendo desenvolvidas, mostrando que, esta língua é comparável em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Esta língua não é uma forma do português; ao contrário, tem sua própria estrutura gramatical, que deve ser aprendida do mesmo modo que outras línguas. A língua de sinais difere das línguas orais por utilizar outro canal comunicativo, isto é, a visão em vez da audição. Essa língua é capaz de expressar idéias sutis, complexas e abstratas, aumentando seu vocabulário com novos sinais introduzidos pela comunidade surda em reposta à mudança cultural e técnica.

As línguas de sinais, conforme um considerável número de pesquisas, contêm os mesmos princípios subjacentes de construção que as línguas orais, no sentido de que têm um léxico, isto é, um conjunto de regras que regem o uso desses símbolos. Existe também a hipótese de que a forma da língua de sinais é determinada pela gramática universal inata e pela interação entre a percepção visual e a produção gestual.

 

 

 

Primeiras pesquisas acerca de língua de sinais

Stokoe, em 1960, percebeu e comprovou que a língua de sinais atendia a todos os critérios lingüísticos de uma língua genuína, no léxico, na sintaxe e na capacidade de gerar uma quantidade infinita de sentenças. O lingüista observou que os sinais não eram imagens, mas símbolos abstratos, com uma complexa estrutura interior. Ele foi o primeiro, por conseguinte, a procurar uma estrutura, a analisar os sinais, dissecá-los e a pesquisar suas partes constituintes. Comprovou, inicialmente, que cada sinal apresentava pelo menos três partes independentes (em analogia com os fonemas da fala) – a locação, a configuração de mãos e o movimento – e que cada parte possuía um número limitado de combinações.

 Sign Language Structure e Dictionary of ASL (língua de sinais americana) marcaram um ponto de transição para o estudo da língua de sinais, já que foram os primeiros trabalhos a reconhecerem a organização interna de uma língua de sinais e a tornar algumas destas organizações explícitas. Naturalmente que o trabalho de Stokoe (1960) representou o primeiro passo em relação aos estudos das línguas de sinais. Pesquisas posteriores, feitas em grande parte com a língua de sinais americana, mostraram, entre outras coisas, a riqueza de combinações possíveis entre os elementos formais que servem para ampliar consideravelmente o vocabulário básico. Pesquisas realizadas em diversos países procuram descrever, analisar e demonstrar o status lingüístico das línguas de sinais, desmistificando concepções inadequadas em relação a esta modalidade de língua.

 

 

Articuladores Primários 

Os articuladores primários das línguas de sinais são as mãos, que se movimentam no espaço em frente ao corpo e articulam sinais em determinadas locações nesse espaço. Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. Um mesmo sinal pode ser articulado tanto com a mão direita quanto com a esquerda; tal mudança, pois, não é distintiva. Sinais articulados com uma mão são produzidos pela mão dominante (tipicamente a direita para destros e a esquerda para canhotos), sendo que sinais articulados com as duas mãos também ocorrem e apresentam restrições em relação ao tipo de interação entre as mãos.

Uma das tarefas de um investigador de uma determinada língua de sinais é identificar as configurações de mão, as locações e os movimentos que têm um caráter distintivo. Isso pode ser feito comparando pares de sinais que contrastam minimamente, um método utilizado na análise tradicional de fones distintivos das línguas naturais.

O fato de as línguas de sinais mostrarem estrutura dual (isto é, unidades com significado (morfemas) e unidades sem significado (fonemas)), apesar de o conjunto de articulações ser completamente diferente daquele das línguas orais, atesta a abstração e a universalidade da estrutura fonológica nas línguas humanas. Confrontando-se línguas de sinais com línguas orais, três importantes aspectos podem ser investigados: os princípios e universais lingüísticos compartilhados entre línguas de sinais e línguas orais; as especialidades de cada língua; e as restrições devidas à modalidade de percepção e produção.

Quanto às unidades mínimas, o termo “fonologia” pode parecer estranho quando usado para se referir a níveis lingüísticos de uma língua que não faz uso do canal oral-auditivo para expressar-se. Entretanto, após algumas tentativas em atribuir aos elementos da segunda articulação dos itens lexicais de uma língua de sinais outras terminologias tais como “cheremes” (do grego, que significa “manual”) e “allochers” em lugar de “fonema” e “alofone” (Stokoe et alii, 1976), chegou-se à conclusão de que o mais apropriado e prático seria conservar os termos “fonologia” e “alofone”, termos estes já estabelecidos e convencionalizados, em Lingüística, para as línguas naturais.

Na descrição da língua de sinais brasileira, uma das limitações é também a carência de uma análise fonética e fonológica mais completa do que a atualmente disponível. Tal limitação torna complexa a identificação de traços distintivos para a locação, configuração de mão, movimento, orientação e aspectos não-manuais.

Ferreira-Brito (1990, 1995) propõe 46 configurações de mão, 6 tipos de orientação de mão, em torno de 40 possíveis locações no corpo, 16 locações no espaço neutro, 23 expressões não-manuais e uma lista de 35 possíveis movimentos internos da mão, além das especificações para tipo (17), maneira (5) e freqüência (2) do movimento.

 

 

       A Relação de Transição

   As principais classes de segmentos (Movimento e Parada) refletem a atividade da mão sinalizadora. Podem ocorrer movimentos de dedos, pulso, cotovelo tanto no segmento de parada, quanto no segmento de movimento. Esses movimentos são secundários, embora sejam atividades lingüisticamente significantes. Isso porque, movimentos locais podem ser realizados como pequenos movimentos repetidos e que acompanham os principais movimentos das mãos ou podem ocorrer quando existir um segmento de parada.   

    Grande parte dos sinais são segmentáveis em parada, o que equivaleria a uma consoante em língua oral e o movimento, equivaleria a uma vogal. Desse modo, mais de um parâmetro pode mudar o outro, pois um sinal pode ter mudança em uma das unidades mínimas, mas também pode ter mudança em mais de duas unidades. Um sinal pode ter mudança apenas na configuração de mão ou locação, mas pode ter uma mudança tanto de configuração quanto de locação. Essas mudanças tomam lugar durante o segmento de movimento, ou seja, durante o espaço de tempo em que há o segmento de movimento do sinal.

 Assim, o segmento de movimento é visto de forma mais complexa, pois é caracterizado por uma mudança de um ou mais fatores articulatórios, enquanto que o segmento de parada representa um segmento estático e tem propriedades estáveis. Além disso, o parâmetro movimento é núcleo de sucessivos constituintes inclusivos, que irão determinar a maneira como o articulador relaciona-se com a locação. Nesse caso, o movimento acontece quando dois valores estáticos são especificados para o sinal.

O uso de dois locais para especificar o início e o fim de um movimento de direção, elimina o segmento de movimento como um aspecto primitivo em relação aos fatores do conjunto articulatório, uma vez que a partir do estabelecimento de dois locais, um movimento de direção é apenas uma conseqüência.    

Quanto ao movimento pode-se considerar que um segmento pode ter movimento de direção e movimento local. No entanto, um sinal pode apresentar somente um movimento local ou a combinação simultânea de ambos os movimentos.

   Nem todos os segmentos envolvem movimento de uma locação para outra. A mudança na articulação pode ocorrer na configuração de mão, orientação da palma da mão ou em outro fator de especificação.

A seguir veremos alguns exemplos de possíveis segmentos:

 

Sinal: Marrom

Glosa

Marrom

Articulador

Parada

Mão Esquerda

CM: 2 [As]

L: Espaço Neutro

V[0] H[0]

O: P/ baixo

Mão Direita

CM: 17 [W]

L: Costa da mão esquerda

O: P/ baixo

 

 

Traços do segmento de movimento (mão direita):

Contato da mão direita [esfregar]

Contorno do movimento interno da mão direita [circular]

 

Vemos, no exemplo acima, a descrição fonética da palavra “marrom”, na qual tem-se   apenas um segmento de parada. Esse segmento apresenta como articuladores primários, a mão direita (dominante) e a mão esquerda (não-dominante). Esse é um caso típico de restrição fonológica, em que a mão não-dominante serve de base (mantendo-se constante), enquanto a dominante produz um movimento interno circular durante o contato.

A mão esquerda tem como unidades mínimas distintivas a configuração de mão “2 [A]”, a locação espaço neutro e a orientação da palma da mão p/ baixo. Já a mão direita possui a CM “17 [W]”, a locação “costas da mão esquerda” e a orientação “para baixo”. Além disso, o segmento apresenta traços do tipo de contato da mão dominante, bem como o contorno do movimento interno.

Em relação à configuração de mão, tomamos como base as 46 CMs apresentadas por Ferreira-Brito (1995). A autora agrupou verticalmente as CMs de acordo com as semelhanças entre elas. A mão esquerda do sinal “marrom”, por exemplo, integra o grupo 2 e equivale à variante [A]. A mão direita tem a CM correspondente ao grupo 17 e à variante [W].                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   

Podemos notar, que a CM da mão esquerda não possui nenhum dedo selecionado, mantendo todas as articulações flexionadas com as extremidades em contato com a palma da mão, exceto o polegar, que fica em contato com os demais dedos. A mão direita tem como dedos selecionados o indicador, o médio e o anular, que estão em um estado de adução (juntos) ao mesmo tempo em que o polegar está em contato com o dedo mínimo, pressionando-o para baixo.      

. É importante salientar, que a tabela de Ferreira-Brito para as CMs não descreve com exatidão a CM da mão direita. Isso porque os três selecionados do sinal estão unidos e a tabela apresenta como variante equivalente para os três dedos selecionados e estendidos, uma posição espraiada dos dedos separados.

Outros dados a serem analisados é a iconicidade da CM 17 [W] com a letra “M” do alfabeto universal, o que remete à letra inicial da palavra em questão; e o contato da mão direita com a base, lembrando que o vocábulo analisado se refere à cor marrom. 

 

 

 

Sistema Sign Writing

O sistema SignWriting foi criado por Valerie Sutton, com o propósito de representar gestos, aplicados à língua de sinais. Desde 1974, o sistema tem sido modificado e aperfeiçoado. Essa escrita começou a receber atenção no Brasil em 1996, visto que surdos e profissionais começaram a se interessar por tal proposta.

O comitê de ação pela escrita de língua de sinais (DAC), foi fundado e mantido pelo Centro Sutton pelo Movimento de Escrita no Sul da Califórnia em 1998 para publicar o manual de escrita de língua de sinais em inglês, desenvolver o programa de computador SignWriter e determinar as regras que se aplicam a escrita. Assim, essa escrita apresenta possibilidades de expressar os recursos gramaticais desta língua, bem como suas modulações visuais – espaciais incorporadas nos sinais e no discurso. Entre as três formas possíveis de escrita, o Brasil utiliza a escrita padrão (figuras com símbolos que tornam o sinal uma unidade visual).

 

 

 

Dificuldades da escrita de sinais

A primeira questão importante em relação à dificuldade de apreender a escrita de sinais é a existência de dois pontos de vista (planos imaginários), em que o sinal é reproduzido através de perspectivas diferentes: segundo a perspectiva de quem observa o sinal (ponto de vista receptivo) e do ponto de vista de quem o sinaliza (ponto de vista expressivo). Igualmente, há a possibilidade de representar o sinal projetando-o em um plano horizontal (visão de cima) ou em um plano vertical (visão de frente). Junto a isso, a não existência de uma padronização para essa escrita acarreta outras dificuldades para a aquisição da escrita.

 

Ex:      a)

 

Temos aqui um exemplo de configurações de mão iguais 2[A6]. Caso fôssemos considerar como um sinal produzido pelas duas mãos, estariam em um mesmo espaço neutro. Porém, enquanto a primeira (mão esquerda) denota uma orientação de mão "p/ fora", a mão direita tem uma orientação "p/ baixo". Assim, temos na produção desse sinal, tanto o plano de vista vertical quanto o horizontal. 

É importante salientar que é considerado um padrão o ponto de vista expressivo. Dessa forma, a escrita é feita de acordo com a imagem do sinal a partir do ponto de vista do próprio sinalizador.

Ex:     b)

 

No exemplo acima temos o mesmo sinal do exemplo (a). Como se vê, sua escrita é diferente, pois apresenta o ponto de vista receptivo, ou seja, foi escrito imaginando um outro sinalizador à sua frente.

Ex:  c)      

Nesse último exemplo fica mais nítida a posição das duas mãos. Enquanto a esquerda tem a palma da mão voltada para dentro do corpo e numa posição vertical, temos a mão direita com orientação p/ baixo.

 

 

Conclusão

O presente trabalho pretendeu fundamentar a aplicabilidade da escrita de sinais, demonstrando que possui princípios universais lingüísticos, assim como as línguas orais.

Sabendo-se da importância da escrita para o desenvolvimento cultural da humanidade, é fundamental que os surdos tenham uma escrita própria, de forma a intercambiar através de grafismos suas expressões lingüísticas, assim como fazem os falantes das línguas orais.

O sistema SignWritting não é ainda uma língua convencionalizada para transcrever as línguas de sinais. Entretanto, ele possui características gráficas que o configuram como um sistema de escrita complexo que envolve a intuição e criatividade, podendo produzir variações fonológicas e possibilidades de simplificação ou de complexificação.

 

 

Referências

 

CHOMSKY, N.; LASNIK, H. Principles and parameters theory. In: GRUYTER, Walter de (ed.) Syntax: an international handbook of contemporary research. Berlim, 1993.

 

FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro:  Tempo Brasileiro, 1995.

 

LIDDELL, S. K.; JOHNSON R.E. American sign language compound formation processes, lexicalization and phonological remnants. Natural Language and Linguistic Theory.

 

QUADROS, R. M. de. Língua de Sinais Brasileira: estudos lingüísticos / Ronice    Müller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp. - Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

QUADROS, R. M. de. Phrase structure of brazilian sign language. Porto Alegre: PUCS, Tese de Doutorado, 1999.

 

SAUSSURE, F. de. Curso de lingüística geral. 20. ed. São Paulo: Cultrix, [1916], 1995.

 

SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. São Paulo: Contexto, 1999.

 

SOUZA, M. C. P. de; KOCH, I. V. Lingüística Aplicada ao Português: Sintaxe. 11ª Edição. Cortez Editora.

 

STOKOE, W. C. Sign language structure. Silver Spring: Linstok Press. [1960] 1978.

 

SUTTON, V. Lessons in Sign Writing. DAC - Deaf Action Committe for Sign Writing.       Tradução parcial e adaptação do Inglês/ASL para Português/LIBRAS.