A
AQUISIÇÃO DE DISTINÇÕES ASPECTUAIS EM PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA POR
FALANTES NATIVOS DE INGLÊS: O EXEMPLO DOS PRETÉRITOS PERFEITO E IMPERFEITO
Eliane Rauber Spuldaro (UNISC)
Ingrid Finger (UCPel)
RESUMO: O presente estudo explora a
aquisição da interpretação aspectual do Pretérito Perfeito e do Pretérito
Imperfeito no português por nove aprendizes em nível iniciante e nove
aprendizes em nível intermediário, cuja língua materna é o inglês e que estavam
residindo temporariamente no Brasil na condição de estudantes de intercâmbio do
Rotary Internacional. Evidências experimentais de testes de percepção e de
compreensão, bem como de dados de produção espontânea, todos investigando as
interpretações das formas aspectuais perfectivo e imperfectivo no português,
sugerem que (1) a aquisição do contraste semântico entre o Pretérito Perfeito e
o Pretérito Imperfeito é um processo de desenvolvimento gradual e (2) existe
uma forte conexão entre a aquisição da morfologia relacionada a tempo / aspecto
e a aquisição da distinção semântica [fechado / aberto] associada a esses
tempos.
Palavras-chave:
português como L2, aquisição da morfologia, tempo/aspecto
INTRODUÇÃO
O objetivo central da pesquisa relatada aqui era
investigar como falantes nativos de inglês aprendizes de português como L2
adquirem as conexões entre forma e significado no que diz respeito a tempo e
aspecto, uma área de significante variação morfológica entre as línguas
(Montrul e Slabakova, 2002). O foco particular está na aquisição da interpretação
aspectual do Pretérito Perfeito e do Pretérito Imperfeito no português por
dezoito estudantes de intercâmbio do Rotary Internacional, aprendizes de
português como L2, falantes nativos de inglês, nove desses residindo no Brasil
por um período de três meses (classificados como iniciantes) e nove
residindo no país por um período de nove meses (classificados como intermediários).
1.
PROPRIEDADES DOS TEMPOS VERBAIS: TEMPO X ASPECTO
Tempo e aspecto são noções que se referem a eventos
temporais, mas sob diferentes perspectivas. O tempo é a categoria
gramatical que localiza os eventos na linha temporal, os quais podem ser
“anteriores” (passado), “simultâneos” (presente) ou “posteriores” (futuro) ao
momento da enunciação. O tempo é uma categoria dêitica, pois localiza o evento
verbal em um tempo externo, havendo relação entre o momento da fala e o tempo
em que ocorre outro evento. Oliveira (2003) diz que a localização temporal é
relativa e há três momentos essenciais: o ponto da fala, que coincide com o
momento da fala (ou da enunciação); o ponto do evento, que diz respeito ao
tempo do acontecimento descrito pela frase e o ponto de referência, que serve
como ponto intermediário a partir do qual se pode situar o evento (ou estado)
descrito.
O aspecto, por outro lado, é uma categoria
não-dêitica que marca a duração de um determinado evento ou as fases pelas
quais passa. O aspecto ocupa-se do tempo como uma propriedade inerente ou
interna ao próprio evento: mostra como o evento ocorre ou como se distribui no
tempo, sem fazer referência ao momento da fala. Por exemplo, sentenças como Laura
está dormindo e Laura estava dormindo revelam uma diferença temporal
em que os verbos está e estava são usados para contrastar os dois
eventos em relação a um centro dêitico (presente e passado). Por outro lado,
Laura dormiu e Laura estava dormindo apresentam uma diferença
aspectual: a primeira sentença refere-se a um evento completo, enquanto a
segunda vê a situação como um conjunto de fases internas.
De acordo com Andersen (1989, 1991) e Comrie (1976),
há dois tipos de aspecto: o aspecto lexical e o aspecto gramatical.
Os dois são independentes, mas interagem nas línguas. O aspecto gramatical
envolve distinções semânticas que são codificadas através do uso de
dispositivos lingüísticos explícitos, tais quais verbos auxiliares e morfemas
flexionais. Por outro lado, o aspecto lexical refere-se às propriedades
aspectuais inerentes do núcleo do verbo e outros itens lexicais empregados
pelos falantes para descrever uma dada situação. É independente da referência
do tempo e de qualquer marca morfológica. Assim, caminhar / walk é
inerentemente durativo, enquanto acreditar / believe é inerentemente um
verbo de estado.
Vendler (1957) propõe a existência de quatro tipos de
situações: 1) states (estados), 2) activities (atividades),
3) accomplishments (processos culminados) e 4) achievements (culminações). Os estados descrevem eventos que não podem ser
classificados como ações, pois não possuem uma dinâmica interna. Têm uma
duração indefinida e são atélicos, ou seja, não tendem para um fim e algum tipo
de agente externo é necessário para mudar o estado. Não são dinâmicos e não
admitem qualquer intervalo no todo homogêneo (possuir alguma coisa,
acreditar em alguém, estar doente). As atividades descrevem processos que
envolvem algum tipo de atividade mental ou física. São dinâmicas e atélicas, ou
seja, o final da ação não é intrínseco ao verbo e a ação em si pode durar para
sempre; a atividade não termina, mas cessa, pára. Admitem pequenos intervalos nas
atividades sem que isso ponha em causa o próprio processo (caminhar no
parque, nadar, ler o jornal, andar de bicicleta). Tanto os processos
culminados quanto as culminações são télicos, com um ponto de culminância, o
qual representa a finalização do processo, com uma mudança de estado.
Diferenciam-se pelo fato de os verbos de culminação referirem-se a eventos
instantâneos, apresentando o começo ou o clímax de um evento (achar, abrir,
perder, trazer, começar), em vez de uma situação inteira, enquanto os verbos
que representam um processo culminado têm uma duração intrínseca, com estágios
sucessivos (fazer um bolo, desenhar uma gravura, ler um livro, correr uma
maratona, construir uma casa).
2.1. O ASPECTO GRAMATICAL: CONTRASTE PERFECTIVO X IMPERFECTIVO
O aspecto denota a diferença entre eventos completos e
incompletos, o que pode ser intrínseco às classes lexicais dos verbos (aspecto
lexical) ou expressado por um morfema gramatical anexado ao verbo principal
ou ao verbo auxiliar das sentenças (aspecto gramatical). O aspecto
lexical depende do significado do verbo e das propriedades semânticas de seus
argumentos internos e adjuntos. Um evento pode ter um limite inerente ou um
ponto final como em Carmen escreveu um artigo ou pode não ter um ponto
final intrínseco, como em Carmem escreve artigos interessantes.
Comrie (1976) afirma que a noção de aspecto gramatical
relaciona-se às formas diferentes com que se olha para a constituição temporal
interna de uma situação. Para ele, existem duas categorias amplas: o perfectivo
e o imperfectivo, sendo esse último dividido em aspecto habitual
e progressivo.
O aspecto perfectivo olha a situação de fora, como
algo que tem um começo e um fim, sem distinguir a sua estrutura interna
(sentença 1); o aspecto imperfectivo, por outro lado, retrata a situação vista
de dentro, preocupando-se com a estrutura interna sem especificar o início ou o
fim da mesma (sentença 2).
(1)
Nicole escreveu
uma carta.
(2) Nicole escrevia uma carta.
Início [....////....] Fim
Smith (1997) defende que a propriedade básica do
aspecto perfectivo é a sua capacidade de apresentar a situação como um todo
contido em si mesmo, o que torna incompatível sua associação com qualquer
interpretação na qual as fases internas particulares de um dado evento são
levadas em consideração. Os eventos apresentados no perfectivo são fechados em
termos de informação (closed informationally), ou seja, uma sentença no
perfectivo apresenta tanto o ponto inicial quanto o ponto final de uma situação,
desconsiderando sua estrutura interna. Assim, ao se dizer que Nicole
escreveu uma carta, afirma-se que o evento iniciou, terminou e o resultado
final é um poema.
Por outro lado, o aspecto imperfectivo retrata a
situação a partir de sua estrutura interna, sem especificar-lhe o começo ou o
fim, dando enfoque a algum estágio interno da mesma. Apresenta as situações
como incompletas ou inacabadas, indicando que a ação esteve em progresso em um
certo momento no passado, mas não especifica quando ela começou ou se ela teve
um desfecho. É o caso de Tobias cantava uma linda canção, em que a
morfologia imperfeita do português (-va) indica que a ação de ‘cantar
uma linda canção’ estava em progresso em algum momento do passado, mas não
especifica quando ela começou ou quando terminou. O Imperfeito também pode ser
utilizado para evidenciar outras formas de expressão do passado, como
habitualidade (Douglas escrevia textos técnicos) e aspecto progressivo (Cesar
estava ouvindo rádio).
Vale, ainda, ressaltar que o aspecto perfectivo pode
enfatizar um ponto final natural em eventos télicos (Denise fez um blusão)
e, no caso dos eventos atélicos, enfatiza um ponto final arbitrário (Carlos
correu no parque).
De acordo com Finger (2000), sentenças perfectivas
também podem expressar duração, embora tais situações sejam menos freqüentes na
língua. Esse é o caso de Fernando Henrique governou o Brasil por oito anos
e Larry escreveu uma carta em uma hora.
2.2.PROPRIEDADES
ASPECTUAIS E MORFOSSINTÁTICAS DOS TEMPOS VERBAIS DE PASSADO EM INGLÊS E
PORTUGUÊS
A oposição perfectivo /
imperfectivo em português é expressa principalmente, embora não exclusivamente,
através da morfologia flexional dos tempos Pretérito Perfeito e
Pretérito Imperfeito. O perfectivo ocorre também em outros tempos, aqui
exemplificados através do verbo preservar: no Pretérito Perfeito
Composto (tenho preservado), Futuro do Presente Simples (preservarei)
e Futuro do Presente Composto (terei preservado); o imperfectivo é
encontrado também no Gerúndio (preservando), no Particípio (preservado)
e no Pretérito Perfeito Composto (tenho preservado).
O português brasileiro
caracteriza-se por permitir a ocorrência tanto do perfectivo quanto do
imperfectivo com todos os tipos de verbos e pela existência do aspecto
imperfectivo distinto do aspecto progressivo, o qual pode ser aceito inclusive
por verbos de estado. Segundo Smith (1983, 1997), o mesmo não pode ser dito a
respeito do inglês, no qual o morfema progressivo não é normalmente associado a
verbos de estado.
A língua inglesa, por outro
lado, não tem tempo verbal equivalente ao Pretérito Imperfeito. Sentenças como Augusto
played soccer podem tanto transmitir uma idéia de evento concluído (Augusto
jogou futebol), quanto de evento não concluído (Augustos jogava futebol),
dependendo do contexto. Smith (1997) afirma que o aspecto perfectivo é
dominante no inglês principalmente por ser aceito com todos os tipos de verbos.
Quando o perfectivo não é a forma adequada para expressar uma situação em
andamento no passado, o progressivo pode ser usado (Augusto was playing
soccer, em vez de Augusto played soccer). A inexistência de tempo
equivalente ao Pretérito Imperfeito faz com que os significados de
habitualidade e de continuidade sejam expressos pelo uso dos modais would
ou used to, já que, nesses casos, o uso do progressivo é ineficaz (Simone
would / used to play the piano when she was a child).
Finger (2000) aponta para o
fato de que o Simple Past do inglês, associado a verbos de estado, pode
sugerir tanto interpretação fechada quanto aberta, dependendo do contexto (Larissa
knew all the answers to the test but she has forgotten them all / and she still
knows them). Os predicados eventivos (processos, culminações ou processos
culminados) sugerem sempre uma leitura fechada (Carlos ran in the park /
Egon opened the door / Denise made a sweater), diferenciando-se apenas na
maneira como é visto o evento: se é um evento terminado, com um ponto final
arbitrário, como no caso de correu no parque; se é um evento completado,
como um ponto final natural, como em abriu a porta e fez um blusão,
eventos concluídos no momento em que a porta foi aberta e que o blusão ficou
pronto.
De acordo com Oliveira
(2003), o Pretérito Imperfeito do português transforma eventos télicos em
atélicos (Claíse vendeu / vendia roupas). Nesse caso, o aspecto
gramatical é mais determinante do que o aspecto lexical. É o caso dos processos
culminados e das culminações que por natureza lexical são télicos e que têm sua
telicidade modificada em sentenças como Alice morria quando o médico chegou ou
Luiza lia o livro quando Mara chegou. Assim, o contexto neutraliza o
traço de telicidade inerente ao aspecto lexical dos processos culminados e das
culminações.
Segundo Oliveira, os verbos
de estado e as atividades são inerentemente atélicos e o emprego do Pretérito
Imperfeito respeita seu aspecto lexical. Por serem homogêneos, os estados não
têm um limite e o emprego do Pretérito Imperfeito com esse tipo de verbo não
oferece alteração aspectual. Em Jonatan estava doente, pode-se inferir que
ele ainda está doente. Entretanto, o emprego do Pretérito Perfeito com verbos
de estado pode induzir a uma interpretação fechada, contrária ao caráter aberto
do aspecto lexical inerente aos verbos de estado. Assim, em Jonatan esteve
doente, pode-se inferir que ele não está mais doente, havendo um limite
temporal para o estado de estar doente. É aí que reside uma diferença entre o
português e o inglês, objetos de estudo desta pesquisa. Uma vez que os verbos
de estado não aceitam tempos progressivos em inglês, as sentenças Jonatan
esteve/estava doente têm como equivalente uma única sentença Jonatan was
sick. O que dificulta a depreensão da idéia de telicidade ou atelicidade da
mesma em contextos isolados.
No que diz respeito a
atividades, inerentemente atélicas, o Pretérito Imperfeito normalmente respeita
seu aspecto lexical (Cesar escutava músicas românticas na adolescência).
Por outro lado, o Pretérito Perfeito dá uma idéia de limite e inferência de
evento terminado, que contraria a natureza aspectual dos verbos de atividades,
que, por definição, são eventos abertos (Cesar escutou músicas românticas na
adolescência).
Embora o português não
ofereça restrições quanto ao uso do Pretérito Perfeito e do Pretérito
Imperfeito com nenhuma das classes de verbos, existem diferenças de
interpretação entre frases equivalentes em português e inglês. Com verbos de
atividade, sentenças em inglês no Simple
Past como Carlos ran in the park assumem um caráter perfectivo, enquanto
suas correspondentes em português Carlos
correu / corria no parque têm um
caráter perfectivo e imperfectivo, respectivamente. O mesmo acontece com verbos
de processo culminado (Carlos ran
five miles – Carlos correu / corria cinco milhas) e com verbos de estado (Larissa
knew all the answers to the test – Larissa soube / sabia todas respostas para o
teste). Verbos de culminação
parecem não aceitar a interpretação imperfectiva em português, uma vez que tais
verbos são pontuais e uma interpretação aberta exigiria um contexto pragmático
ou adverbial especial (Humberto
arrived home – Humberto chegou em casa). A interpretação aberta sugerindo habitualidade em Humberto chegava em casa só é possível pela presença de um contexto
adverbial para dar suporte a essa idéia, como em Humberto chegava em casa às 18 horas todos os dias.
À
semelhança do espanhol, língua pesquisada por Montrul & Slabakova (2002), o
português utiliza o Pretérito Imperfeito para dar idéia de evento em andamento
no passado. Por não possuir o Pretérito Imperfeito, o inglês utiliza um tempo
progressivo, o Past Progressive, para transmitir a idéia de abertura a
predicados eventivos, o que não é possível com verbos de estado, os quais são
incompatíveis com o progressivo em inglês. Observe-se os pares de sentenças em
português e inglês, associados aos tipos de verbos.
(3) Verbos de atividade: Carlos corria
no parque quando Claíse chegou / Carlos was running in the park when Claíse
arrived.
(4) Verbos de processo
culminado
(accomplishments): Luiza lia o livro quando Mara chegou / Luiza was
reading the book when Mara arrived.
(5) Verbos de culminação (achievements): Alceu ganhava
a corrida quando alguma coisa aconteceu / Alceu was winning the race when
something happened.
(6) Verbos de estado: Laís sabia a
verdade / *Laís was knowing the truth (sentença com anomalia semântica).
3. O
EXPERIMENTO
O
objetivo geral da investigação realizada era verificar se um grupo de 18
falantes nativos de inglês, estudantes
de português como L2, participantes de um intercâmbio do Rotary Internacional e
residentes no Brasil por um período não inferior a três meses e não superior a
dez meses, reconhecia os acarretamentos semânticos dos traços [+perfectivo] e
[-perfectivo] do Pretérito Perfeito e do Pretérito Imperfeito do português
brasileiro. Mais especificamente, pretendia-se verificar em que medida tal
grupo de aprendizes de português como L2, nove desses classificados como
iniciantes e nove classificados como intermediários, conseguia compreender o
significado intrínseco do Pretérito Imperfeito e se conseguiam identificar a
interação entre os traços que compõem os tempos verbais Pretérito Perfeito e
Pretérito Imperfeito do português e os traços constituintes do aspecto lexical
dos predicados. Para tanto, os aprendizes foram testados através de (a) um Teste
Morfológico, que consistiu em um texto narrativo a ser completado com
quarenta formas verbais de passado, formas a serem selecionadas entre duas
opções em cada lacuna, sendo a primeira opção sempre no Pretérito Perfeito e a
segunda sempre no Pretérito Imperfeito; (b) Teste de Julgamento de Conjunção
de Sentenças, uma adaptação de instrumento semelhante criado por Montrul
& Slabakova (2002), o qual consistiu em atividade de interpretação de um
conjunto de cinqüenta e seis sentenças gramaticalmente corretas, combinações de
orações simples através de conjunções e e mas, as quais podiam
parecer totalmente aceitáveis ou podiam soar estranhas e/ou contraditórias e
(c) gravações de produção espontânea de seis sujeitos, três desses
residentes no Brasil por três meses e três residentes no país por nove meses.
Seguem abaixo exemplos do Teste Morfológico (exemplo 7) e do Teste de
Julgamento de Conjunção de Sentenças (exemplo 8).
(7)
Daniela
Santos (1) correu / corria para chegar em casa...
(8)
A
aula era às 10h, mas começou às
10h30min.
a.
( ) A aula começou meia hora mais
tare.
b.
( ) A aula começou meia hora mais
cedo.
c.
( ) Combinação de orações sem sentido.
4.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A
seguir serão apresentadas as hipóteses levantadas, bem como serão apresentadas
e discutidas as principais constatações da investigação em questão.
Hipótese
(a): A aquisição do contraste
semântico entre o Pretérito Perfeito e o Pretérito Imperfeito demonstraria ser
um processo de desenvolvimento gradual; assim, esperava-se que quanto maior
fosse o nível de proficiência dos aprendizes, maior seria o percentual de
acertos nas sentenças envolvendo todos os tipos de verbo nos dois testes.
A hipótese acima foi confirmada, na
medida em que, no Teste Morfológico, os iniciantes obtiveram um percentual
médio geral de 47,2% de acertos, os intermediários atingiram 61,9% de acertos e
os nativos (estatisticamente considerados o padrão-ouro,
ou seja, os que obtiveram percentuais de acertos mais elevados) alcançaram
83,8% de acertos. No Teste de Julgamento de Conjunção de Sentenças, os
iniciantes obtiveram um percentual médio geral de 50,2% de acertos, os
intermediários atingiram 62,3% de acertos e os nativos (padrão-ouro) alcançaram
88,6% de acertos. Em todos os tipos de verbos (verbo de estado, verbo de
processo culminado, verbo de culminação e verbo de atividade) e em cada um dos
tempos testados (Pretérito Perfeito e Pretérito Imperfeito), os índices de
acertos alcançados pelos intermediários foram superiores aos alcançados pelos
iniciantes.
Hipótese
(b): No caso do imperfectivo, que não
ocorre em inglês, esperava-se que o percentual de acertos dos iniciantes seria
menor do que o percentual de acertos dos intermediários e o percentual desses,
por sua vez, seria menor do que o dos nativos em ambos os testes.
Com exceção dos iniciantes no uso dos
verbos de estado no imperfectivo, os dados comprovam a hipótese de que a
aquisição do Pretérito Imperfeito é um processo gradual. Os iniciantes
obtiveram menos acertos no imperfectivo com todos os tipos de verbos (menos com
verbos de estado) do que os intermediários e esses, por sua vez, obtiveram
menos acertos que os nativos.
Serão apresentados em primeiro lugar
os resultados do Teste Morfológico. O desempenho com os verbos de estado no
imperfectivo foi como segue: 53,3% de acertos para os iniciantes, 48,9% para os
intermediários e 79,3% para os nativos. Com os verbos de processo culminado os
resultados são os que seguem: 17,8% para os iniciantes, 35,6% para os
intermediários e 81,3% para os nativos. Já com os verbos de culminação, os
resultados foram os seguintes: 24,4% para os iniciantes, 53,3% para os
intermediários e 98,7% para os nativos. Os verbos de atividade apresentaram os
seguintes resultados no Teste Morfológico: 28,9% para os iniciantes, 60¨% para
os intermediários e 74% para os nativos.
No Teste de Julgamento de Conjunção de
Sentenças, com os verbos de estado os iniciantes obtiveram 66,7% de respostas
corretas no imperfectivo, os intermediários conseguiram 74,6% e os nativos
atingiram 94,3% das respostas certas. Com os verbos de processo culminado, os
iniciantes atingiram 52,4% de acertos, os intermediários obtiveram 76,2% de
respostas certas e os nativos, 96%. Com os verbos de culminação, os iniciantes
alcançaram 28,6% de respostas certas, os intermediários obtiveram 33,3% de
acertos e os nativos conseguiram alcançar 82,8% de acertos.
Hipótese
(c): A previsão era de que não
haveria diferença entre o comportamento dos dois grupos experimentais e o de
controle quanto à marcação do Pretérito Perfeito, uma vez que o aspecto
perfectivo é instanciado no inglês.
Os dados sugerem não haver diferença[1]
na comparação do desempenho no Pretérito Perfeito entre os dois grupos
experimentais e o grupo de controle, especialmente com os verbos eventivos. No
Teste Morfológico, o desempenho dos iniciantes com os verbos de processo
culminado nesse tempo foi equivalente a 71,1% de acertos; os intermediários
obtiveram 80% de acertos com o mesmo tipo de verbo, enquanto que os nativos
alcançaram 92% de acertos. Nos verbos de culminação, os iniciantes obtiveram
73% de acertos no Teste Morfológico, os intermediários alcançaram 91,1% e os
nativos, 99,3% de acertos. Nos verbos de atividade, os iniciantes alcançaram
68,9% de acertos no perfectivo, os do grupo intermediário conseguiram 78% de
acertos e os nativos atingiram 82% do total de acertos.
No Teste de Julgamento de Conjunção de Sentenças, os
resultados se assemelham: os iniciantes alcançaram 60% de acertos no perfectivo
com verbos de processo culminado, os intermediários atingiram 71,4% de acertos,
enquanto que os nativos acertaram 89% das questões. Com os verbos de
culminação, os resultados foram os seguintes: 54% de acertos para os
iniciantes, 69,8% de acertos para os intermediários e 88% de acertos para os
nativos.
Entretanto, os verbos de estado constituíram problema
para os aprendizes no perfectivo. No Teste Morfológico, os iniciantes
alcançaram 40% de acertos, os intermediário conseguiram 46,7% de acertos e os
nativos atingiram 63,3% das respostas corretas. No Teste de Julgamento de Conjunção
de Sentenças, a diferença foi maior: 33,3% de acertos para os iniciantes, 30,2%
de acertos para os intermediários e 71,4% de acertos para os nativos.
Da mesma forma que na pesquisa desenvolvida por
Montrul & Slabakova (2002a, b), e partindo do princípio de que falantes
nativos de inglês, aprendizes de português como segunda língua, apóiam-se no
traço [+progressivo] para interpretar predicados com verbos de processo
culminado e de culminação, é possível que os aprendizes de português em ambos
os níveis não tenham adquirido satisfatoriamente o contraste perfectivo /
imperfectivo com verbos de estado.
Hipótese
(d): Os aprendizes de português como
L2 teriam dificuldade em reconhecer que o Pretérito Perfeito possui idéia de
fechamento em português também com estados e não somente com os outros tipos de
verbos, como ocorre no inglês. Assim, previa-se que os aprendizes tivessem
maior dificuldade em distinguir o aspecto perfectivo do aspecto imperfectivo
com verbos de estado do que com outros tipos de verbos obtendo, dessa forma, um
menor índice de acertos com o Pretérito Perfeito associado a verbos de estado
do que a verbos de processo culminado e verbos de culminação no Teste de
Julgamento de Conjunção de Sentenças e também a verbos de atividade no Teste Morfológico.
Efetivamente, os resultados obtidos no perfectivo com
os verbos de estado, tanto pelos iniciantes quanto pelos intermediários, foram
inferiores aos alcançados com os outros tipos de verbos. A dificuldade em reconhecer que os verbos de estado, inerentemente
atélicos, também podem possuir idéia de fechamento semântico ficou
particularmente evidenciada no Teste de Julgamento de Conjunção de Sentenças,
em que os iniciantes obtiveram 33,3% de acertos com os verbos de estado no perfectivo versus
66,7% de acertos no imperfectivo (com uma tendência à significância
estatística – p=0,059); os intermediários alcançaram apenas 30,2% de acertos
com o mesmo tipo de verbo no perfectivo, enquanto alcançaram 74,6% de acertos
no imperfectivo, o que representou diferença estatisticamente significativa
(t(8)=-3,5, p < 0,01).
Os resultados sugerem que esses aprendizes talvez não
tenham adquirido plenamente o traço [–perfectivo] do português com os verbos de
estado, revelando, entretanto, ter conhecimento do contraste semântico entre o
Pretérito Perfeito e o Pretérito Imperfeito com outros predicados simplesmente
porque fazem o mapeamento correto dos traços formais de [+perfectivo] com a
morfofonologia do Pretérito Perfeito e de [–perfectivo] com a morfofonologia do
Pretérito Imperfeito. Isso significa que os aprendizes de português
investigados foram capazes de associar os acarretamentos semânticos envolvidos
com cada um dos valores ([+perfectivo] = idéia de fechamento semântico;
[-perfectivo]= idéia de abertura semântica) com os morfemas flexionais dos
tempos Pretérito Perfeito e Imperfeito respectivamente. Ainda no que diz
respeito aos verbos de estado, é possível
considerar a possibilidade de que os aprendizes tenham transferido o valor
neutro do Simple Past do inglês com
predicados de estado, os quais podem ter interpretações perfectivas ou
imperfectivas (Mary was sick and is still
sick / Mary was sick and is no longer sick).
Hipótese
(e): No caso dos verbos eventivos
(verbos de processo culminado, de culminação e de atividade), a expectativa era
de que os aprendizes demonstrassem preferência significativa pelo perfectivo,
tendo um número maior de acertos nas sentenças em que esses tipos de verbos
aparecem em ambos os testes, uma vez que o contraste perfectivo versus imperfectivo não é
gramaticalizado em inglês que, por não possuir um tempo de passado semelhante
ao Pretérito Imperfeito no português, faz com que os predicados dinâmicos sejam
quase sempre interpretados como perfectivos no passado simples. O português, assim
como outras línguas românicas, expressa tal oposição independentemente da
oposição progressivo versus
não-progressivo, o que não acontece com o inglês, fato que acarreta implicações
cruciais no domínio da interpretação das sentenças. No inglês, entretanto, a
ausência de um tempo de passado semelhante ao Pretérito Imperfeito do português
induz os predicados dinâmicos a serem interpretados como perfectivos no Simple Past.
No Teste Morfológico, os aprendizes claramente
demonstraram ter mais segurança no emprego do perfectivo com verbos de processo
culminado, com verbos de culminação e com verbos de atividade do que com verbos
de estado. Analisando os resultados obtidos na comparação do desempenho no
perfectivo com os outros tipos de verbos, verificou-se que os aprendizes
iniciantes alcançaram 71,1% de acertos com os verbos de processo culminado,
73,3% de acertos com verbos de culminação, 68,9% de acertos com verbos de
atividade e apenas 40% de acertos com verbos de estado. Os aprendizes
intermediários, com um desempenho superior ao dos iniciantes, igualmente
demonstraram ter mais dificuldade em associar o traço [+perfectivo) com verbos
de estado (apenas 46,7% de acertos) do que com verbos de processo culminado
(80% de acertos), com verbos de culminação (91,1% de acertos) e com verbos de
atividades (68,9% de acertos).
No Teste de Julgamento de Conjunção de Sentenças, os
sujeitos comportaram-se de forma semelhante. Ao se comparar os resultados
alcançados pelos aprendizes no perfectivo com os outros tipos de verbos,
percebe-se que os iniciantes atingiram os percentuais mais elevados com os
verbos de processo culminado (60,3% de acertos), com os verbos de culminação
(54% de acertos) e com os verbos de atividade
(50% de acertos), obtendo o escore mais baixo com os verbos de estado (33,3% de
acertos). Como se afirmou acima, tais resultados revelam que a hipótese (e)
acima foi confirmada.
Hipótese
(f): No caso específico dos verbos de
culminação, a expectativa era de que os aprendizes possuiriam dificuldade em
reconhecer o caráter de abertura semântica do Pretérito Imperfeito quando
associado a esse tipo de verbo, uma vez que, conforme apontam Giorgi &
Pianesi (1997), os predicados que envolvem verbos de culminação em línguas
românicas podem parecer estranhos para alguns falantes de inglês quando o
imperfectivo expressa um evento em andamento no passado. Segundo tais autores,
dado que os verbos de culminação têm um ponto final inerente, são incompatíveis
com a interpretação aberta que o imperfectivo sugere.
Tal previsão foi confirmada pelos baixos índices de
acertos alcançados nas questões que envolviam tal tipo de verbos. Nas sentenças
que continham verbos de culminação no Teste Morfológico, os iniciantes
alcançaram um percentual de 24,4% de acertos no imperfectivo, contra 73,3% de
acertos no perfectivo, o que representa diferença estatisticamente
significativa (7(8)= 2,986, p<0,05) e os intermediários atingiram um
percentual de 53,3% de acertos no imperfectivo, contra 91,1% de acertos no
perfectivo, o que também revela diferença estatisticamente significativa
(t(8)=2,981, p<0,05).
Por outro lado, no Teste de Julgamento de Conjunção de
Sentenças, os iniciantes alcançaram um percentual de 28,6% de acertos no
imperfectivo, contra 54% de acertos no perfectivo, diferença essa não
significativa, enquanto que os intermediários atingiram um percentual de 33,3%
de acertos no imperfectivo, contra 69,8% de acertos no perfectivo, o que
constituiu diferença estatisticamente significativa de (t(8)= 2,891,
p<0.05).
5.
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo
claramente revelam que a aquisição do contraste semântico entre o Pretérito
Perfeito e o Pretérito Imperfeito é um processo de desenvolvimento gradual e
que existe uma forte conexão entre a aquisição da morfologia tempo / aspecto e
a aquisição da distinção semântica fechado / aberto associada a esses tempos.
Embora as evidências relatadas aqui tenham comprovado
as hipóteses levantadas, os percentuais de acertos em cada item testado
variaram de um para outro teste. A coincidência feliz de não haver diferença
entre formas esperadas e formas obtidas não deve, no entanto, ser interpretada
como indícios de uma adequação absoluta às exigências do contexto. A adoção de
dois instrumentos distintos para a coleta de dados deveu-se ao fato de se
acreditar ser necessário testar níveis diferentes de conhecimento da linguagem
– produção versus compreensão.
Enquanto o Teste Morfológico requeria um comportamento automático e menos
metalingüístico (conhecimento mais inconsciente), o Teste de Julgamento de
Conjunção de Sentenças dava aos sujeitos a possibilidade de pensar nas
sentenças e de analisar as respostas possíveis (conhecimento mais consciente).
Uma das principais constatações deste estudo diz
respeito aos verbos de estado. Embora os aprendizes tenham se comportado
conforme o esperado no Teste de Julgamento de Conjunção de Sentenças
(demonstrando percentuais bem mais elevados de acertos no imperfectivo), houve
um certo equilíbrio nas respostas no perfectivo e no imperfectivo no Teste
Morfológico tanto para os iniciantes (40% de acertos no perfectivo e 53,3% de
acertos no imperfectivo) quanto para os intermediários (46,7% de acertos no
perfectivo e 48,9% de acertos no imperfectivo), que não representou diferença
estatisticamente significativa. Os percentuais acima do esperado no perfectivo
e os percentuais abaixo do esperado no imperfectivo parecem estar relacionados
com a natureza do texto utilizado, o qual, por ser uma narrativa (tipo de texto
que geralmente tem em primeiro plano o Pretérito Perfeito) e por exigir
habilidade de percepção (mais automática e menos consciente), pode ter levado
os sujeitos a estenderem a interpretação fechada a situações estativas. Uma
outra explicação para os percentuais alcançados com os verbos no perfectivo
pode ser o fato de que alguns verbos que geralmente são estativos podem, às
vezes, apresentar o traço [+dinâmico], aos quais, geralmente, é atribuído um
caráter de fechamento semântico no passado. Ainda, é possível considerar a
possibilidade de que os aprendizes tenham transferido o valor neutro do Simple Past do inglês com predicados de
estado, os quais podem ter interpretações perfectivas ou imperfectivas, (Jonatan was sick and is still sick / Jonatan was
sick and is no longer sick).
Outro fator que chamou a atenção foi o percentual
elevado de acertos no imperfectivo com verbos de processo culminado no Teste de
Julgamento de Conjunção de Sentenças, tanto no caso dos iniciantes (52,4% de
acertos no imperfectivo contra 60,3% de acertos no perfectivo), quanto dos intermediários
(76,2% de acertos no imperfectivo contra 71,4% de acertos no perfectivo). Uma
análise minuciosa das frases que envolviam sentenças com verbos de processo
culminado sugere que os aprendizes possam ter concentrado sua atenção na oração
coordenada, a qual pode ter induzido a uma interpretação correta das sentenças.
Talvez a maneira como as sentenças foram elaboradas, bem como a constituição
das sentenças que testavam a interpretação, tenha contribuído para o alcance de
percentuais acima dos esperados, tornando-se uma das limitações do presente
trabalho.
Finalmente, todos os
demais dados parecem corroborar a hipótese de que a aquisição do contraste
semântico entre o Pretérito Perfeito e o Pretérito Imperfeito é um processo de
desenvolvimento gradual e de que existe uma forte conexão entre a aquisição da
morfologia tempo / aspecto e a aquisição da distinção semântica fechado /
aberto associada a esses tempos.
6. BIBLIOGRAFIA
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[1]
Ressalta-se que não foi feita comparação através
de testes estatísticos entre os três grupos de sujeitos, porque o número de
participantes dos dois grupos experimentais é diferente do número de
participantes do grupo de controle.