O Funcionamento da Sinonímia: as impossíveis fronteiras entre estrutura e exterioridade

 

                                                                                                  Ana Zandwais

                                                                                                        UFRGS

 

 

A questão da equivalência semântica entre os itens lexicais e gramaticais de uma língua tem sido alvo constante de controvérsias entre lingüistas e filólogos que, em decorrência de suas filiações teóricas passam a focalizar esta ou aquela definição/descrição de sinonímia, implicadas aí as heterogeneidades teóricas e metodológicas que circulam em dicionários filológicos e lingüísticos.

Comecemos, então, a configurar tais “discrepâncias” através de uma breve investigação sobre o modo como são produzidos conceitos de sinonímia.

No “Dicionário de Filologia e Gramática” de Mattoso Câmara Jr (1968) encontramos a definição de sinonímia que segue: “ Propriedade de dois ou mais termos poderem ser empregados um pelo outro sem prejuízo do que se pretende comunicar.” (1968:330)  Neste dicionário os sinônimos distinguem-se entre si, em termos de conotação/denotação e por uma das seguintes circunstâncias: I) Significação – a) mais ampla ou mais restrita; b) mais simples ou mais complexa. Os exemplos que correspondem a essa distinção são apresentados respectivamente como  a)” ave e pássaro, b) sofrer e padecer.” Quanto à circunstância II) “Efeito estético do termo”, este pode ser: a) delicado ou grosseiro, b) nobre ou vulgar, c) poético ou usual, d) usual ou científico, conforme os exemplos apresentados: a) “narina e venta, b) enfadonho e cacete,c) pulcro e belo, d) queda e ptose”.(ibid.,p331).

Conforme pode-se observar, acima, para Mattoso Câmara Jr., a produtividade sinonímica da língua está determinada, em primeiro lugar, por uma relação opositiva entre denotação/conotação e, a seguir, por relações de amplitude e complexidade, sendo que, enquanto as primeiras convocam associações entre hiperônimos e hipônimos, as segundas convocam associações entre formas de seleção de diferentes registros. Isto é, através da classificação dos registros a língua segmenta os falantes em classes, oscilando entre efeitos de falares nobres e vulgares. Por outro lado, cabe observar também que tais efeitos são abordados apenas em termos de variações de registro, sendo  focalizados meramente como recursos estilísticos, e reduzidos a classificações em termos de efeitos retóricos: “nobres, vulgares, delicados,grosseiros”,etc...

Faz-se necessário, pois, ressaltar aqui  que a noção de efeito, ainda que de “variação”, fica esvaziada como um índice de valor semântico, configurando,entretanto, uma superposição de “efeitos próprios” (denotativos e vernaculares) sobre os “impróprios” (conotativos e restritos à oralidade). Deste modo, enquanto os estilos nobre e científico classificam-se como denotativos, os estilos poético e vulgar são classificados como conotativos, ou seja, remetem para domínios nos quais a linguagem ora funciona apenas estilisticamente, independente dos efeitos de sentido que produz, ora é apresentada como sendo “estiolada”,1 tal como ocorre com os estilos vulgar e poético.

Cabe observar, portanto, com base nas considerações acima, que a noção de sinonímia, apresentada por Mattoso Câmara, funda-se não somente em uma relação opositiva entre denotação/conotação, mas também em uma antinomia entre o que é da língua, do vernáculo (escrita) e o que é da oralidade, de modo que, à semelhança de uma concepção sistêmica ou abstrata de língua, o que pertence aos âmbitos metafórico ou da oralidade torna-se “marginal” para o escopo de uma descrição semântica que tome como objeto de sua investigação as diferentes formas de emergência da subjetividade na linguagem.

Ao analisarmos, por outro lado, o “Dicionário de Ciências da Linguagem” (Ducrot,Todorov:1982), a noção de sinonímia nos é apresentada, pelos autores, como sendo uma questão permeada por questionamentos nem sempre tomados como objetos de preocupação dos semanticistas. Senão, vejamos:

Duas expressões (palavras, grupos de palavras, enunciados) chamam-se sinônimas quando têm o mesmo sentido, embora sejam materialmente diferentes. Certamente, que a intervenção da noção de sentido impede atualmente ( e pode impedir sempre) uma definição rigorosa de sinonímia. Se há sinonímia entre “pediatra” e “médico de crianças”, entre “Eu chegarei depois de tua partida” e “Tu partirás antes de minha chegada”, entre “Vai-te embora” e “ Desaparece” eis uma questão que está longe de ser resolvida. No entanto, estas incertezas não afetam o fato de sentirmos entre certas frases uma proximidade semântica que não existe noutras, e de que esta proximidade raramente está marcada na constituição material das frases.” (id.,p.285)

Uma das possíveis leituras da concepção de sinonímia, apresentada por Ducrot, Todorov (1982) já permite que dialoguemos com a concepção de Mattoso Câmara (1968); isto é, o “Dicionário de Ciências da Linguagem” nos propõe, notadamente, duas dificuldades para lidar com a questão da sinonímia. A primeira, referindo a noção de sentido e não de significado, já aponta para um lugar de inscrição dos sinônimos em um universo contextual. Ou seja, dentro de domínios, onde a estrutura possui uma autonomia relativa, onde o “espírito das palavras” não se justifica somente pela ordem interna da língua, estando, portanto, suas materialidades sujeitas a uma exterioridade social que vem a regular o funcionamento das relações sinonímicas.

A segunda, menos considerada entre os lingüistas, segundo nosso ponto de vista, reporta-se ao estatuto das práticas sociais que regulam o funcionamento da língua, e, portanto, dos sentidos. Aquilo que foge à dimensão do vernáculo e também da simples diversidade étnico-geográfica, estruturante de uma língua, porque diz respeito, sobretudo, às diversidades sócio-culturais que refletem a condição de organicidade, o real de uma língua; aquilo que se exclui das gramáticas, dos livros didáticos e das práticas de ensino de Língua Portuguesa: os papéis que a relação entre oralidade e escrita assumem na produção de processos sinonímicos.

É, pois, a partir desta ótica que a noção de efeito estético, proposta por Mattoso Câmara, e que divide os falantes entre “legítimos e ilegítimos”, porquanto divide os falares em nobres, científicos, vulgares ou estiolados, passa a ser questionada, isto é, deslocada para um outro lugar teórico, podendo, então, ser re-apresentada por uma ótica, a partir da qual escrita e oralidade constituem, não uma relação tensa, onde a inscrição da primeira nos domínios de um funcionamento semântico pressupõe a exclusão da última, mas uma relação fluída, a partir da qual as condições de produção e funcionamento da sinonímia necessitam ser objetivadas.

Se tomarmos, assim, a questão das condições em que o sentido se produz na/pela linguagem, podemos, inicialmente, considerar, a partir de Bakhtin (1986), que a configuração do signo, não estando apenas ligada à materialidade sonora, à forma, enfim, à massa física, coloca-o em uma dimensão sócio-histórica, a partir da qual as palavras significam em virtude de sua inscrição em diferentes ordens histórico-simbólicas, de tal modo que o signo, ao adquirir valores simbólicos diversos possa ser-nos apresentado como constitutivamente polissêmico; isto é, ele adquire, ao mesmo tempo, valores que traduzem, de formas múltiplas, sua relação com um significante que não é mais fixo, estável. Deste modo, se sob o olhar de uma ótica positivista de linguagem as relações entre significado e significante dispensam qualquer tipo de inserção em uma ordem social e histórica, no âmbito de uma filosofia marxista de linguagem o signo somente pode ser entendido como um “corpo material de um corpo social” se inscrito em uma determinada ordem histórica.

É, pois, a partir desse pressuposto que se pode refletir sobre a condição dialética da palavra: esta é propriedade de todos, um terreno interindividual, mas, ao mesmo tempo, um terreno minado por divergências, no que tange aos seus modos de apropriação e funcionamento. A palavra, enquanto signo ideológico, ao refletir o modo como a língua é mobilizada pelas forças orgânicas (os falantes) também reflete suas contradições sociais. Deste modo, para Bakhtin (1986:41), a palavra, enquanto um corpo material que engendra um processo de inscrição em um corpo social passa a ser “o indicador mais sensível das transformações” a que este corpo social está sujeito. Eis porque, conforme Pêcheux (1988), se “a língua é a mesma para todos, o idealista, o revolucionário, o reacionário, o que as palavras passam a significar nas práticas discursivas não se determina mais por estrutura ou por etimologia, e sim a partir de sua inscrição em diferentes ordens simbólico-históricas. Desde esta perspectiva, portanto, pode-se derrubar as fronteiras entre sinonímia e polissemia, entre denotação e conotação, já que uma mesma materialidade lingüística pode assumir valores múltiplos sem que necessite ser metaforizada, ou seja, descrita em termos de suas propriedades semânticas extensionais ou deriváveis.

A relação sinonímica, desta forma, se vista desde uma perspectiva constitutivamente polissêmica, ao pressupor que o valor das palavras não está “atado” à língua, passa a descrever as possibilidades de co-ocorrência destas a partir do modo como funcionam organicamente nas práticas sociais/discursivas, refletindo e refratando as primeiras, sem que se possa, então, privilegiar somente as práticas discursivas que já sedimentaram os valores que as palavras assumem, via registro escrito, em detrimento de determinados valores que as palavras podem adquirir em virtude de novas práticas que os acontecimentos históricos instauram. Eis porque a realidade orgânica da língua escapa ao registro dicionarístico, a uma memória discursiva institucionalizada, mas pode fazer-se sempre presente, atualizada, no âmbito da oralidade.

A fim de ilustrar as noções apresentadas acima, e o modo como os sentidos trabalham no campo das práticas discursivas políticas, passaremos, a seguir, à análise do funcionamento de alguns itens lexicais que, atualmente, integram o léxico ativo e circulam na mídia, mas que inexistem, praticamente, em dicionários e glossários de Língua Portuguesa.

Comecemos pelo item lexical malufar (SV), que se tornou objeto da matéria “Pour avoir trop “malufé”, les Maluf sont en prison” publicada pelo Jornal Le Monde2 em 12.09.2005.

A designação Maluf (SN) que identifica um sobrenome, servindo para distinguir seu portador de outros sujeitos que têm o mesmo nome, poderia simplesmente estar ligada a uma origem etimológica ou histórica qualquer, como ocorre com outros sobrenomes:  Alcântara, reportando-se à estirpe real lusitana, Fonseca, reportando-se aos cristãos novos, etc... No entanto, a partir da discursivização, pela imprensa brasileira, de escândalos políticos que associam o nome de Maluf à apropriação indevida de verbas públicas, à posse de contas milionárias em instituições financeiras fora do país e a improbidades administrativas de várias ordens, cria-se um novo sintagma verbal na língua – malufar- que passa a semantizar determinados tipos de comportamentos sociais que envolvem a prática de corrupção, roubo do erário público, etc., não em virtude do léxico, mas em decorrência  do modo como determinadas formas de ação de políticos são mensuradas pela sociedade civil. Assim, dizer de alguém que “malufou” significa dizer que praticou atos de corrupção, atos que transgridem os códigos jurídico e moral da sociedade. Designação e atributos se mesclam diante dos acontecimentos que se discursivizam, de tal forma que são os atributos adquiridos pelo nome Maluf que passam a  conferir valor à designação.

Por analogia, pode-se significar também os verbos “collorir” e o adjetivo “collorido” que, após os escândalos associados ao nome do ex-Presidente Fernado Collor de Mello, em virtude de ter sido eleito por um discurso de combate às oligarquias e aos marajás – um arcaísmo ressemantizado na sociedade industrial – mas governado somente em favor dos interesses dos oligarcas e das classes dominantes, e também em virtude de ter-se apropriado das economias do povo brasileiro, sem destiná-las a investimentos de alcance social, passaram a significar, respectivamente, no âmbito dos discursos políticos, fazer demagogia, enganar, ludibriar, praticar falsidade ideológica, ser falsário, corruptor, violador dos direitos civis, etc...

Com vistas a configurar o modo como as definições acima se produzem/reproduzem no campo das práticas discursivas, transcrevemos, a seguir, um recorte de panfleto distribuído pela União Municipária de Porto Alegre , durante a gestão da Administração Popular, e que, em virtude de dissidência em torno de reajustes salariais, acusa os governos Olívio Dutra e Tarso Genro, bem como os dirigentes do Partido dos trabalhadores de ludibriarem os funcionários municipais:

Abaixo esta ditadura desta burguesia Petista que nunca soube o que é trabalho de verdade, pois sempre gigolearam os trabalhadores... Xôô ... Xiitas3.... Mas o que elles escondem é que são essa administração que está aí. Que elles avalisaram as promessas feitas por Ollivio/Tarso aos municipários à véspera da eleição.... Até hoje nenhuma foi cumprida.[...]

 

QUEM QUISER QUE CONTINUE A CONFIAR NELLES!!!” (União Municipária, 1990)

 

Conforme pode-se observar acima, a associação entre os atributos de enganar, ludibriar os municipários e os atributos conferidos aos colloridos não é feita de forma direta, mas através da referência a pronomes de 3ª pessoa (elles, Nelles) que, ao contrário do que postulam os estudos enunciativos4 funcionam como categorias dêiticas, que acabam por determinar, em um âmbito discursivo que precisa ser historicizado, as “qualidades” que devem ser conferidas às elites do PT. Deste modo, o que elles significa não depende de relações endofóricas estabelecidas entre itens lexicais e os itens gramaticais que os retomam, mas de uma exoforização e de uma inscrição dos pronomes em acontecimentos enunciativos – a contradição entre  promessas e ações que atingem aos trabalhadores e que ressoam no discurso sindical, enquanto expressão de vibrações mútuas de sentido que ecoam a partir de relações de associação entre a   prática política de governos distintos.

Há que se observar, acima, também o funcionamento semântico do item lexical xiita. O dicionário Koogan/Houaiss (1995) define este item lexical como uma designação dada aos muçulmanos do Irã e de parte do Iraque para que sejam diferençados dos demais muçulmanos, designados como sumitas. Entretanto, a inserção deste substantivo atributivo em acontecimentos históricos que se discursivizaram  a partir de práticas de sectarização entre sumitas e xiitas, no Oriente Médio, em virtude de sua heterogeneidade de crenças e dos modos de praticar a fé muçulmana, possibilitam que a designação xiita assuma os valores atributivos de radical, sectário, separatista, etc.. Assim, ao serem designados por xiitas no discurso do sindicato municipal de Porto Alegre, os dirigentes do PT passam a ser qualificados pelos atributos conferidos aos muçulmanos ortodoxos. A designação,portanto, é re- semantizada por determinados atributos que migram de outros discursos.

E, para finalizar esta breve análise, queremos também servir-nos de um arcaísmo mobilizado pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que, em face das divergências que ocorreram entre as organizações sindicais brasileiras após sua ascensão ao governo, declara à imprensa brasileira que seria prioridade do sindicato lutar pelas causas trabalhistas ao invés de fazer “bravatas.”

Uma consulta ao Dicionário Koogan/Houaiss (1995:136) permite que definamos este termo como : “ameaça arrogante de falso valentão, fanfarronice, fanfarronada, bazófia (impostura)”. Ora, considerando que o percurso histórico político do Presidente foi construído dentro das organizações sindicais do país, tanto no período da ditadura como em períodos posteriores, nos quais a organização sindical brasileira enfrentou dificuldades para dialogar com os governos, soaria, no mínimo, estranho que Lula atribuísse aos seus correligionários, seus companheiros de luta sindical, os atributos de fanfarronice, arrogância, falsa valentia, até mesmo porque tais atributos viriam de encontro à própria história da organização sindical brasileira. Por outro lado, como este termo ganha prestígio na mídia, na mesma medida em que funciona hermeticamente entre o povo, e mesmo entre as “elites”, por fazer já parte do léxico passivo, passa a ser discursivizado entre os políticos brasileiros, assumindo nuances, efeitos de sentido distintos de sua própria semanticidade já institucionalizada. Assim, em entrevistas concedidas ao Jornal Nacional, declarações de políticos como:“ Vamos assumir essa bravata em favor da melhoria de condições de vida da sociedade brasileira”, o termo bravata passa a sinonimizar com luta, desafio, afastando-se, portanto, dos valores que já o tinham semantizado no vernáculo.  Eis, assim, o papel real da equivocidade nos processos de produção/reprodução/transformação dos sentidos, e, portanto, de sinonimização entre as palavras. A evidência concreta de que não existem, conforme Orlandi (2001), rituais sem falhas, e de que os sentidos deslizam apontando para diferentes funções sociais da enunciação. Estes podem ser mobilizados à revelia do modo como se semantizam em dicionários, podem ser tomados não simplesmente como objetos do conhecimento, mas, sobretudo, se tomados a partir da práxis, podem refletir acontecimentos históricos, constituindo, assim, uma memória discursiva que, mesmo estando calcada em sistematicidades estruturais, capazes de antecipar o modo de ampliação do léxico em termos de produtividade derivacional5, torna tais sistematicidades intangíveis enquanto materialidades lingüísticas que nos permitem apreender os modos através dos quais as palavras refletem/refratam as injunções que a ordem histórica pode impor à língua.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, 1990.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo, Ed. Hucitec, 1986.

BENVENISTE, Émile. Problemas de lingüística geral II. Campinas, Ed. Pontes, 1995.

BRÉAL, Michel. Ensaio de semântica. Campinas, Ed. Pontes, 1992.

DUCROT, Oswald, TODOROV, Tzvetan. Dicionário das ciências da linguagem. Lisboa, Ed. Dom Quixote, 1982.

GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do acontecimento. Campinas, Ed. Pontes, 2002.

HENRY, Paul. A ferramenta imperfeita: língua, sujeito e discurso. Campinas, Ed. da Unicamp, 1992.

KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e dicionário. Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1995.

MATTOSO CÂMARA JR, Joaquim. Dicionário de filologia e gramática. Rio de Janeiro, Ed. I. Ozon, 1968.

ORLANDI, Eni P. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, Ed. Pontes, 2001.

PALMER, Frank R. Semantics: a new outline. Cambridge University Press, 1976.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas, Ed. da Unicamp, 1988.

_______________. O discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas, Ed. Pontes,1990.

RODRIGUES LAPA, M. Estilística da língua portuguesa. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1998.

YAGUELLO, Marina. Alice no país da linguagem.: para compreender a lingüística. Lisboa, Ed. Estampa, 1991.

ZANDWAIS, Ana. As condições de funcionamento da sinonímia: um olhar para as forças ativas que permeiam a linguagem. Questões de lingüística. TOLDO, Claudia S. (org). Passo Fundo, Ed. da UPF, 2003, p.11-26.

Periódicos e panfletos consultados

Le Monde. Pour avoir trop “malufé”, les Maluf sont em prison. Paris/São Paulo correspondance, par Annie Gasnier, 12.09.2005.

União Municipária de Porto Alegre. Xiitas. Porto Alegre, 1990.

 



1 Tomamos a noção acima de Austin (1990) que critica a equiparação entre a linguagem poética, humorística, teatral e uma linguagem “não séria”, estando esta destituída de verdades.

2 Reportamo-nos à matéria “Por ter malufado demais, os Maluf estão na prisão”, publicada por Anie Gasnier, e que reporta-se aos fatos de que Paulo Maluf, durante seu governo, teria utilizado o erário público para oferecer carros aos craques de futebol brasileiro e por ser objeto de um dossiê que o acusa no Brasil, entre outras improbidades, de “corrupção passiva, evasão de divisas, enxugamento de dinheiro e associação a malfeitores”.

3 Os grifos são nossos.

4 Reportamo-nos, sobretudo, à concepção de terceira pessoa como não-pessoa, como um índice de objetividade nas obras de Bréal (1992) e Benveniste (1995), por oposição ao emprego da primeira e segunda pessoas.

5 Reportamo-nos às estruturas prefixais, sufixais e desinenciais que podem ser previstas como índices reguladores de um conjunto de sistematicidades que determinam as formas de criação lexical no interior de uma dada língua. Mesmo tais estruturas, segundo, nosso ponto de vista, estão sujeitas às injunções dos acontecimentos históricos, uma vez que não comportam sentidos já pré-estabelecidos para significar determinados referentes que se legitimam a partir das instauração de novas práticas sociais, tais como assentado, que não é simplesmente o particípio de assentar, e mensalão que não se reduz ao aumentativo de mensal.