O PROCESSAMENTO DO INPUT POR PARTE DOS APRENDIZES DE INGLÊS COMO L2 – O PAPEL DA SALIÊNCIA MORFOLÓGICA E DOS ADVÉRBIOS TEMPORAIS NA COMPREENSÃO DA REFERÊNCIA DE TEMPO

 

 

Adriana Claudia Martins FIGHERA

Ingrid FINGER

(Universidade Católica de Pelotas)

 

 

RESUMO: A pesquisa visou a verificar como aprendizes de inglês como L2 de dois níveis de proficiência processam a relação entre forma e significado, medidos através da presença ou não de saliência morfológica e adverbial na frase. Os resultados preliminares indicam que a presença do advérbio na frase facilita o processamento das orações para os aprendizes de nível iniciante, mas não interfere no processamento dos itens testados no caso de aprendizes de nível avançado.

 

PALAVRAS-CHAVE: input; aquisição de L2; advérbios temporais; saliência morfológica; referência de tempo.

 

 

  

1.  INTRODUÇÃO

 

Com base nos trabalhos de teóricos como Harrison (1999), VanPatten (1990, 1993, 1995, 1996, 1998, 2002), Ellis (1993, 1994, 1998), Schmidt (1995), entre outros, surgiu o interesse de investigar fatores que podem vir a influenciar o processamento do input por parte dos aprendizes de uma segunda língua (L2), em particular, aprendizes brasileiros de inglês como L2. Como objetivo geral deste trabalho, considerou-se importante verificar a relação entre forma e significado – medidos através da presença ou não de saliência morfológica e adverbial na frase – na percepção do input por parte de aprendizes brasileiros de nível iniciante e avançado de inglês como L2.

Os objetivos específicos propostos visavam a verificar (1) se os aprendizes iniciantes demonstrariam dificuldades em processar as orações sem a presença de advérbios, (2) se os aprendizes em nível de proficiência avançado escolheriam a alternativa correta ao processarem as frases com ou sem a presença de advérbio; e (3) se os aprendizes dos grupos iniciante e avançado processariam as orações com saliência morfológica com maior facilidade do que processariam aquelas frases sem nenhuma saliência morfológica.

Considerou-se como hipótese central deste trabalho que os aprendizes brasileiros de nível iniciante de inglês como L2 dependem da informação dada pelo advérbio para assimilar a oração; dessa forma, os aprendizes iniciantes processariam as orações com advérbios com maior eficácia do que aquelas sem o advérbio, o que não ocorreria no caso dos aprendizes de nível avançado. Previa-se, também, que os alunos dos grupos básico e avançado processariam as orações com saliência morfológica com maior facilidade do que processariam aquelas frases sem nenhuma saliência morfológica.

 

 

2.  REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1.  O PROCESSAMENTO DO INPUT

 

Segundo VanPatten (1993), o input é definido como a língua que o aprendiz ouve e lê na busca de significado ao passo que o output consiste naquilo que o aprendiz produz. O intake, para o autor, corresponde à porção de input que o aprendiz tem capacidade para processar na memória (VanPatten, 1990). O autor, salienta, ainda, que o aprendiz precisa de oportunidades para usar a língua, como, por exemplo, através da criação de situações de interação no ambiente de aprendizagem.

VanPatten (1996) propõe um modelo de processamento que seria capaz de dar conta de explicar de que forma o aprendiz tem sua atenção voltada para os aspectos formais do input.

                 

   INPUT   INTAKE    SISTEMA DE PROCESSAMENTO    OUTPUT

                              I                 II                                                              III

 

Segundo o autor, cada uma das etapas (I, II e III) corresponde a uma parte do processo de aquisição. Em outras palavras, num primeiro momento (etapa I), o aprendiz compreende o processamento do input; a seguir (etapa II), ocorre a reestruturação e acomodação das informações; finalmente (etapa III), ocorre o controle, o acesso e o monitoramento.

Ellis (1993), a respeito da possibilidade de conversão de conhecimento explícito em implícito, defende a idéia de que os aprendizes não adquirem estruturas para as quais eles não estejam prontos. Ainda outra contribuição com relação aos estágios de desenvolvimento é dada por Pienemann (1989), que chama de etapas de desenvolvimento do aprendiz quando este precisa adquirir os aspectos da linguagem que caracterizam o estágio e aquisição em que ele se encontra, sem haver saltos na seqüência de aquisição.

Ellis (1998) defende que o conhecimento explícito pode causar uma facilitação no processamento das informações contidas no input e intake. Sabendo-se que noticing diz respeito ao ato de notar detalhes do input a que o aprendiz se mostra exposto, Schmidt (1995) afirma que o que resulta do noticing é o nível menor da consciência exigido para que as informações do input possam se transformar em intake. Entretanto, sabe-se que nem todo input transforma-se em intake.

 

 

2.2.  ATENÇÃO À FORMA X ATENÇÃO AO SIGNIFICADO

 

Estudos importantes na área de aquisição de segunda língua têm demonstrado que, muitas vezes, os aprendizes de L2 possuem dificuldade em prestarem atenção, simultaneamente, aos dados da forma e do significado em situações em que input é recebido (ver, por exemplo, VanPatten, 1990, 1993, 1995, 1996, 2002).

De acordo com o autor, alguns princípios, como a atenção, que se caracteriza pela capacidade limitada com que o aprendiz atende para os aspectos lingüísticos ao processar o input, norteiam a aquisição. Em particular, no que diz respeito à compreensão de referência temporal no input, de acordo com o modelo proposto por VanPatten, os aprendizes de níveis iniciantes possuem recursos de atenção limitados, que os impossibilitam de prestarem atenção ao mesmo tempo no significado e na forma das estruturas do input.

Nesse contexto, a fim de extraírem significado a partir do input recebido, os aprendizes focam naquela informação que carrega a maior carga comunicativa, ou seja, nos itens lexicais. Os aprendizes mais avançados, ao contrário, teriam recursos de atenção suficientes para focar na forma e seriam capazes de extrair significado tanto da informação semântica quanto da informação morfológica.

Em outras palavras, segundo VanPatten (1998), eles provavelmente prestariam mais atenção a exemplos tais como (1) e (2), em comparação com outros em que o advérbio não se encontra presente. Com o passar do tempo, entretanto, os aprendizes tornam-se capazes de dar mais atenção à forma das estruturas lingüísticas que são processadas a partir do input recebido.

 

(1)     Bob washed his car yesterday.

(2) Barbara played tennis last week.

            

Um outro exemplo dessa visão aparece em VanPatten (1990). Ao estudar 202 universitários de três níveis de proficiência aprendendo espanhol como L2, o autor descobriu que a atenção consciente à morfologia, em oposição à atenção consciente ao significado, fez com que diminuísse significativamente o número de frases corretas que eram lembradas pelos sujeitos após terem ouvido uma gravação, em todos os níveis de proficiência. Ou seja, aqueles aprendizes que faziam parte dos grupos “somente conteúdo” e “conteúdo mais item lexical” lembraram-se de mais sentenças do que os aprendizes que faziam parte do grupo “conteúdo mais traço morfológico”.

De acordo com os resultados encontrados por VanPatten, portanto, é possível inferir que, mesmo em níveis de proficiência mais elevados, os aprendizes dependem da carga comunicativa dos itens gramaticais e de suas relativas saliências para processarem as orações corretamente.

Considerando o processamento do input com relação à referência de tempo verbal, Cadierno, Glass, VanPatten & Lee (1997) sugerem que aprendizes iniciantes prestam maior atenção aos advérbios de tempo presentes numa dada oração, e menos atenção às flexões morfológicas de determinado tempo verbal. Para testar tal hipótese, esses teóricos contaram com 102 aprendizes de espanhol como L2 em três diferentes níveis de proficiência. O teste usado por eles continha duas passagens de exercícios para ouvir e repetir: uma das passagens continha advérbios temporais e verbos flexionados e a outra passagem continha apenas verbos flexionados. Além do recall test, pontuado somente pela presença do pretérito do espanhol, os participantes também completaram onze itens com a tarefa de identificar o tempo verbal, indicando se um determinado verbo presente na passagem ouvida estava no tempo verbal passado, presente ou futuro. No recall test, todos os estudantes repetiram/usaram as formas do pretérito com maior eficácia naquelas sentenças que continham advérbios temporais do que naquelas que não os continham. Todavia, as diferenças encontradas nesse estudo não foram consideradas estatisticamente significativas.

Com base em pesquisas nas quais obteve resultados semelhantes aos de VanPatten, Schmidt (1995) defende a idéia de que, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que os falantes tenham um determinado nível de atenção à forma dos aspectos lingüísticos de uma segunda língua. Na visão de Schmidt, priorizar o foco na forma não significa deter-se apenas na instrução formal de uma regra de estrutura da língua. Ou seja, o foco na forma passa a ser importante à medida que possibilita a compreensão do input, tanto de forma explícita quanto de forma implícita.

 

 

2.3.  O ESTUDO DE HARRISON

 

M. Catherine Harrison (1999) investigou o processamento do input segundo o modelo proposto por VanPatten. Harrison, através de um instrumento on-line, mediu o tempo que falantes nativos de japonês, aprendizes de inglês como L2, de nível iniciante e avançado, precisavam para processarem o input. Diferentemente de pesquisas anteriores, o estudo de Harrison buscou, através da medição do tempo de reação dos aprendizes face às questões que foram apresentadas on-line, analisar o processamento do input no que condiz às orações com ou sem advérbio de tempo. Ou seja, a autora considerou que os aprendizes estavam frente a orações com +/-saliência ao presenciarem orações com ou sem advérbio de tempo, respectivamente. Para tal variável de +/-saliência, há duas razões propostas por Harrison. A primeira razão tem como base os trabalhos de Wolfram (1985), que sugere como principio de saliência que nem toda formação do simple past é igual, pois, algumas flexões morfológicas do verbo são mais salientes do que outras. Harrison (1999) lembra em seu estudo que VanPatten (1990) infere sobre a possibilidade de que algumas formas são processadas antes do que outras, e, que o significado é processado antes da forma. A segunda razão para o uso da variável +/-saliência tem origem nos trabalhos de Schmidt, segundo o qual a presença do advérbio na oração faz com que uma outra fonte de informação fique disponível ao aprendiz e a existência de dois tipos de informação (adverbial e morfológica) é melhor do que a exposição a apenas uma fonte de informação, dada pela flexão morfológica. No entanto, para Schmidt, não se pode atribuir essa variação apenas à condição de existência do advérbio. Para assegurar a possibilidade de efeito de duas fontes de informação, Harrison criou, em seu instrumento de coleta de dados, orações com +/-saliência adverbial, com base na suposição de que, sem nenhuma saliência morfológica, o peso comunicativo recai sobre os itens lexicais presentes na frase. Alguns exemplos de +/-saliência são propostos por Harrison (1999) na tabela abaixo.

 

 

SIMPLE PAST

SIMPLE PRESENT

SIMPLE FUTURE

MAIOR SALIÊNCIA

VERBOS IRREGULARES

PRESENT PROGRESSIVE

FORMAS NÃO CONTRAÍDAS

 

 

The boys went home.

She is playing ball.

I will go there.

MENOR SALIÊNCIA

VERBO REGULAR FINALIZADO COM MESMO SOM DO SEGMENTO SEGUINTE

VERBO FINALIZADO COM MESMO SOM DO SEGMENTO SEGUINTE

FORMAS CONTRAÍDAS

 

 

The kids played down the street.

It snows so much.

I’ll go there.

           
 
Harrison (1999) obteve alguns resultados que foram independentes do nível de proficiência dos aprendizes. Dentre eles, destaca-se o fato de que a presença de advérbios de tempo nas questões facilitou que aprendizes em níveis iniciantes e avançados tivessem uma reação mais rápida e respondessem as questões com maior índice de acerto. Além disso, com relação à hipótese de que os aprendizes iniciantes processariam significado antes da forma, foi evidenciado que os aprendizes iniciantes responderam mais rapidamente quando havia a presença de advérbio de tempo, e, quando da ausência do advérbio, eles processaram saliência morfológica mais rapidamente do que ocorreu com questões sem nenhuma saliência morfológica. Desse modo, a autora concluiu que, quando o advérbio está presente, não é percebida a saliência morfológica. Nesse sentido, portanto, os aprendizes iniciantes parecem ter utilizado apenas uma fonte de informação – o advérbio – e, nas situações em que duas fontes de informação – advérbio e saliência morfológica – estavam presentes, os aprendizes tornaram-se mais vagarosos no processamento do input.
Finalmente, é importante também destacar que a hipótese de que aprendizes em nível avançado processariam significado e forma independentemente da presença do advérbio não foi comprovada, dado que todos os aprendizes testados parecem ter se beneficiado da presença do advérbio.

Com base, principalmente, nos estudos de Harrison, VanPatten, Ellis e Schmidt surgiu a presente pesquisa, que visou a replicar o estudo de Harrison, utilizando falantes nativos de português brasileiro aprendizes de inglês como L2. Nossa intenção foi, portanto, verificar a relação entre forma e significado – medidos através da presença ou não de saliência morfológica e adverbial na frase – na percepção do input por parte de aprendizes brasileiros de dois níveis de proficiência – iniciante e avançado – de inglês como L2.

 

 

3.  METODOLOGIA

 

Para a coleta dos dados, partiu-se de uma amostra composta por um grupo de 30 sujeitos adultos, com idades entre 18 e 39 anos, aprendizes brasileiros de inglês como L2 de uma escola de Idiomas de Santa Maria, RS. Os informantes foram divididos em dois grupos – nível iniciante e nível avançado – de acordo com o escore obtido num teste independente de proficiência, elaborado a partir de questões do TOEFL.

A coleta dos dados ocorreu através da aplicação de um Teste de Julgamento de Gramaticalidade, construído a partir dos instrumentos utilizados por Harrison (1999). Esse teste consistiu de 45 questões (36 questões-alvo e 9 distratoras) de múltipla escolha, nas quais os aprendizes foram solicitados a optar, dentre as quatro alternativas de respostas dadas, por aquela que melhor completava a sentença. As 36 questões-alvo foram divididas em 18 frases contendo advérbios, sendo que dessas 18, nove tinham saliência morfológica (exemplo 1) e nove não tinham (exemplo 2). As 18 frases restantes, que não continham advérbio, foram também divididas em nove com saliência morfológica (exemplo 3) e nove sem saliência morfológica (exemplo 4).

 

(1) I didn’t see Pamela swimming in the pool outside the club. Yesterday, she __________in the new indoor pool.

a) swam

b) swim

c) swimming

d) swimmed

 

(2) Kate is so thin in spite of her eating a lot. Nowadays, she___________ so much fatty food and candy.

a) eats

b) eat

c) eating

d) to eat

 

(3) Karen has finally decided  to go on with her life. She ___________ London to come back to Brazil.

a) leave

b) leaving

c) to leave

d) is leaving

 

(4) I would like to get a new job like Sylvia did. She _________ her job for one in a big company.

a)‘ll change

b) change

c) changing

d) to change

 

 

4.  ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

               

A análise parcial dos dados deu-se a partir da verificação do número de acertos e ‘erros’ cometidos pelos 30 informantes participantes. Conforme é possível verificar na Tabela 1, o percentual geral de acertos obtido pelos aprendizes de nível iniciante no Teste de Julgamento de Gramaticalidade foi de 68,1%, ao passo que no nível avançado foi de 98,3%, sendo essa diferença estatisticamente significativa (t(14)=5,17; p=0,0001).

Na análise das condições testadas, quando das frases-teste, que tinham a presença de advérbios, no nível iniciante, o percentual de acertos foi de 74,1%, enquanto que nas frases-teste sem a presença de advérbios foi de 62,2%. Esse resultado mostra que a presença do advérbio na oração parece influenciar os aprendizes a processarem o input escrito com maior eficácia, confirmando assim, a hipótese desta pesquisa. Já no nível avançado, o percentual de acertos foi de 98,5% nas orações contendo advérbios e de 98% naquelas sem a presença do advérbio. Apesar de também aqui haver uma diferença percentual favorável quando da presença do advérbio, essa diferença é menor do que a que aparece nos resultados apresentados pelos aprendizes do nível iniciante.

 

 

 

 

 

Tabela 1: Resultados obtidos a partir do Teste de Julgamento de Gramaticalidade nos níveis Iniciante e Avançado de Proficiência

Níveis de Proficiência

COM ADVÉRBIO

SEM ADVÉRBIO

 

 

Sem saliência

Com saliência

Sem saliência

Com saliência

TOTAL

Iniciante

6,7 (74,1%)

6,7 (74,1%)

5,5 (61,5%)

5,7 (63%)

6,15 (68,1%)

Avançado

8,8 (97,8%)

8,9 (99,2%)

8,7 (97%)

8,9 (99,2%)

8,8 (98,3%)

 

Ressalta-se que não foi encontrada diferença significativa na comparação dos índices de acertos no nível iniciante quando da presença ou não de saliência morfológica nas questões que continham advérbio: o percentual de acertos obtido nessa condição (+advérbio +saliência versus (+advérbio –saliência morfológica) foi o mesmo (74,1%). A diferença também não foi significativa ao ser comparados os resultados na condição (–advérbio +saliência versus –advérbio –saliência morfológica): 63% e 61,5% respectivamente.  Contudo, ao comparar-se os subtotais (+advérbio versus –advérbio) nas frases que continham saliência morfológica, foi encontrada diferença estatisticamente significativa (t(17)=2,513, p<0,05), o que também ocorreu no caso das frases sem saliência morfológica (t(17)=2,327, p<0,05), o que indica que a presença do advérbio nas orações influenciou as respostas dadas pelos sujeitos que compunham o nível iniciante testados neste experimento.

No caso dos aprendizes de nível avançado, a análise também não revelou diferença estatística significativa entre os percentuais de acertos encontrados. Na condição (+advérbio +saliência morfológica) o resultado foi de 99,2%, semelhante àquele encontrado na condição (–advérbio +saliência morfológica). Por outro lado, o percentual de acertos nas condições (+advérbio –saliência morfológica) e (–advérbio –saliência morfológica) foi praticamente o mesmo (97,8% e 97%, respectivamente), o que revela que a saliência morfológica parece contribuir para que um melhor desempenho ocorra neste nível de proficiência.

Em suma, observou-se que, no caso dos aprendizes de nível iniciante, a presença do advérbio parece ter influenciado a qualidade das respostas dadas, ao passo que a presença ou não de saliência morfológica parece não ter sido percebida pelos aprendizes. No caso dos aprendizes de nível avançado, contudo, observou-se que a presença do advérbio nas frases-teste não demonstrou ser tão relevante. É importante notar, todavia, que a saliência morfológica parece ter sido um fator de influência nas respostas dadas pelos aprendizes pertencentes a esse nível de proficiência, embora esse resultados não tenha sido estatisticamente significativo.

 

 

5.  CONCLUSÃO

 

             Este trabalho de pesquisa teve o propósito de verificar de que forma um grupo de aprendizes de inglês como L2 de dois níveis de proficiência (iniciante e avançado) processam a relação entre forma e significado na percepção do input – medidos através da presença ou não de saliência morfológica e adverbial na frase. Para isso, foi elaborado um Teste de Julgamento de Gramaticalidade que continha orações construídas a partir de quatro condições: (+advérbio +saliência morfológica), (+advérbio –saliência morfológica), (–advérbio +saliência morfológica), (–advérbio –saliência morfológica). Cumpre salientar que a elaboração do instrumento de coleta de dados foi norteada pelas idéias de VanPatten (1990, 1993, 1995, 1996), que defende que a atenção, já definida como a capacidade limitada com que o aprendiz atende para os aspectos lingüísticos ao processar o input, norteia os processo de aquisição de uma L2. Segundo VanPatten, os aprendizes tornam-se capazes de dar mais atenção à forma das estruturas lingüísticas que são processadas a partir do input recebido quando estão em níveis mais avançados de aquisição.

             Após a aplicação do teste nos dois grupos de aprendizes em diferentes níveis, foi possível constatar que: I - somente no nível básico ocorreu uma diferença significativa nos índices de acertos quando da presença do advérbio nas frases-teste; II - verificou-se que o percentual de certos no nível avançado não foi determinado pela presença do advérbio; III - o percentual diferencial de acertos sem ou com a presença de saliência morfológica no nível básico e no nível avançado de proficiência não é tido como relevante pelos resultados obtidos nesta pesquisa.

             Os resultados preliminares, em suma, indicam que a presença do advérbio na frase facilita o processamento das orações para os aprendizes em nível básico. O presente estudo pode ser tomado como uma tentativa de verificar como ocorre o processamento do input por parte dos aprendizes de inglês como L2.

 

 

6.  REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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