INTRODUÇÃO

 

Fizemos um levantamento do léxico da moda, encontrado na revista Manequim. Este estudo tem como objetivo principal elaborar um mini-glossário. Para tanto, tomamos como amostra apenas um exemplar da referida revista para representar a década de oitenta.

Levamos em consideração a relação entre língua, sociedade e cultura, atribuindo a esta pesquisa um caráter sociolingüístico. Essa relação é refletida no momento em que subordina o léxico à realidade extralingüística de uma comunidade, tanto em nível social quanto cultural e contextual das comunidades.

Não objetivamos discorrer sobre todos os termos lingüísticos utilizados no vasto mundo da moda dos anos oitenta. A pretensão é fazer um mini-glossário do léxico usado pela sociedade e retratado na revista Manequim da época.

 

 

 

 

 

2. METODOLOGIA

 

Como referência básica para o levantamento do corpus que compõe o mini-glossário do léxico da moda, especificamente do subcampo vestuário, tomamos a revista Manequim do mês de novembro de 1984, utilizando somente este exemplar para representar os anos oitenta. Por verificar que o mesmo permeia a referida década, consideramos, então, o mais apropriado para representar o período. Para a verificação dos conceitos, utilizamos o dicionário Ferreira (2001) e Houaiss (2001).

O corpus levantado foi fichado baseado nos modelos de Rector (1975, pp. 213 e 214) e de Aragão (1990, p. 20-23). Rector abordou quatro campos semânticos: Estudante, professor, colégio–universidade e classe. Cada verbete obedeceu a alguns critérios: transcrição da lexia ou sintagma; categoria; gênero (quando explícito em dicionários); contexto; significação; dentre outros.

O modelo de Aragão (1990) teve a seguinte metodologia: a palavra entrada apresenta-se no infinitivo; substantivos e adjetivos podem vir no masculino singular exceto os de carga semântica no feminino; Já a significação, colocada após a palavra entrada, foi à adotada pelo autor, confirmada e enriquecida através dos dicionários consultados; o contexto, por sua vez, vem após a definição do termo ou expressão, entre aspas; a localização da palavra entrada, feita através da sigla e da página da obra entre parênteses; e, por fim, os termos dicionarizados ou não, que foram consultados em dicionários e glossários, colocando as iniciais do autor seguidas do termo, em caixa alta, e da significação dada por ele.

As referidas autoras foram basilares para esta pesquisa, pois forneceram o referencial necessário para a elaboração do mini-glossário. Além disso, usamos também, para ampliar a significação dos termos, conceitos e significados do trabalho de Farias (2001) que fez um estudo sobre a moda dos anos 90. Escolhemos, aleatoriamente, o ano 1984 para em seguida, a escolha do mês de novembro e, posteriormente, a revista Manequim para fazermos o levantamento dos termos do mini-glossário do léxico da moda. Adaptamos das autoras referidas: a forma do termo entrada em negrito e em ordem alfabética, seguida da significação. Na definição, consultamos os dicionários citados e, às vezes, colocamos descrição nossa do termo entrada e a localização dele no contexto, em itálico, destacado em negrito e separado pelos sinais menor que (<) e maior que (>) seguido do referencial do corpus e página entre parênteses. A estrutura do mini-glossário constitui-se de quatro momentos:

1.  Grafamos a palavra entrada em negrito para destacar da sua sinonímia;

2.  A palavra entrada foi organizada em ordem alfabética, sem a indicação de classe, gênero e número;

3.  Na definição, colocamos a sinonímia e/ou definição da palavra entrada encontrada a partir de consultas nos dicionários e no trabalho de Farias (ibid), acima referidos;

4.  Retiramos exemplo da revista Manequim de novembro de 1984 e respectiva referência bibliográfica sempre que julgamos necessário para esclarecimento da significação e para contextualização do termo.

 

 

 

 

 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A sociolingüística estuda a língua no seu aspecto social e cultural. Como diz Biderman (1978, p. 25) “a língua comporta elementos ecléticos como a tradição cultural e a coordenação política”. Preti (1982, p. 44) reforça dizendo que “a língua é, a cada momento, tarefa de toda a gente; difundida por uma massa e manejada por ela, é algo de que todos os indivíduos se servem o dia inteiro”.

Sendo assim, a moda tal qual a língua apresenta elementos de tradição cultural e política de uma sociedade e evolui segundo os padrões ditados por aquela detentora do poder, pois há uma constante transformação e atualização do léxico usado no mundo da moda que possibilita identificar e separar as classes sociais. Funcionando como termômetro que mede a interação entre o indivíduo e a sociedade, o modo de vida reproduz essa imagem como um espelho refletindo através da língua a condição sócio-cultural, o comportamento, e o status social a que o grupo pertence. Assim, não podemos dissociar os fatores sociais, culturais e lingüísticos dos extralingüísticos, pois, a diversidade lingüística se faz presente em razão desses aspectos.

Oliveira & Isquerdo (1998) consideram que o léxico constitui uma forma de registrar o conhecimento do universo. E, ainda, que os termos técnico-científicos são gerados com base na lógica da língua em questão, segundo os padrões lexicais nela existentes, mas, em se tratando da lexicologia e da lexicografia, o léxico como objeto de estudo é tratado de modos distintos, tendo ambas, finalidade de descrever o léxico. Assim, o registro e a transmissão do conhecimento usam o instrumento discreto da língua, impondo à aceitação das coerções impostas pelo sistema lingüístico e, dependendo do enfoque específico e do uso em cada área científica, a um dado referente que pode ser observado e categorizado diversamente.

Segundo estudiosos, há três ramos do saber que se ocupam do estudo do léxico: a lexicologia, a lexicografia e a terminologia. Embora complementares entre si, essas áreas possuem objeto de estudo, metodologia e pressupostos teóricos distintos. A lexicologia ocupa-se dos problemas teóricos sobre o léxico; a lexicografia é voltada para as técnicas de elaboração dos dicionários, estuda a descrição da língua feita pelas obras lexicográficas e a terminologia tem como objeto de estudo o termo, a palavra especializada, os conceitos próprios de diferentes áreas de especialidades.

Cabré (1993), citando Wüster (1981), considera a terminologia uma matéria que faz ligação entre a lingüística, a ciência cognitiva, a ciência da informação, a comunicação e a informática. Este elo vem determinado pelas características das unidades terminológicas, que dizem respeito às unidades da linguagem, aos elementos de cognição e aos veículos de comunicação, em que a lingüística aplicada a situa como uma de suas orientações, caracterizada por fazer parte de um dos subsistemas funcionais determinados por uma especialização temática com objetivo de denominar os conceitos relativos à formação de termos. A lexicologia se encarrega da palavra como centro de uma rede de relações com outras palavras, ou seja, descrever as palavras de uma língua, com a finalidade de explicar a forma mais adequada do funcionamento lexical do falante. Já a lexicografia é ligada intimamente à lexicologia, ocupando-se dos princípios de elaboração de glossários e dicionários.

Pesquisas recentes no Brasil mostram, na área, do léxico, a contribuição de Moutinho (2000), que procurou mostrar a importância e a riqueza lexical de uma época através da utilização dele pela sociedade.

Segundo Biderman (ibid, p. 26-139), “o prestígio das classes sociais mais abastadas junto à classe baixa constitui um fator decisivo nos comportamentos dos falantes. É fato corriqueiro que a classe privilegiada goze de grande reputação em que os membros da sociedade funcionam como sujeitos-agentes no processo de perpetuação e re-elaboração contínua do léxico da sua língua”. Resultando daí que as atitudes lingüísticas são determinadas por fatores sociais e culturais da sociedade que goza de maior prestígio. A cultura e a tradição social se incumbem de estimular a manutenção dos padrões lingüísticos sancionados pela comunidade.

Em conseqüência, por um lado, unidades lexicais são marginalizadas tendendo a desaparecer ou deixar de serem usadas, e por outro lado, podemos ressuscitar termos, que voltam à circulação, mas com novas conotações, ou melhor, novos vocábulos derivados de outros já existentes que surgem para enriquecer o léxico. E, o léxico da moda trilha pelo mesmo caminho. Desse modo, dizemos que o desenvolvimento social, no sentido de mudança, influencia a sociedade a mudar seus hábitos culturais, seu padrão lexical e a adotar o modismo vigente e amplamente divulgado nos meios de comunicação, a fim de evitar a discriminação por parte dos agentes da transformação. Esses modelos, que a sociedade de maior prestígio determina como perfeitos, nem sempre são adequados à realidade do país. Deve-se ter consciência de que os padrões lingüísticos e estéticos não são eternos.

Não podemos, no entanto, observar somente o aspecto social em nossa análise. Temos que verificar também a variação temporal. Para isso, autores como Rector (ibid) afirmam que num período de aproximadamente quarenta anos, muitas expressões caíram em desuso e muitas foram criadas. Com isso desejam demonstrar a transitoriedade do léxico de uma determinada época. Entendemos, assim, que o léxico transforma-se e/ou varia, também, de acordo com o tempo através do processo de “rejuvenescimento e criação”, caracterizando-se por inovações semânticas e lexicais.

Enfim, os padrões lexicais variam no tempo, no espaço, de cultura a cultura e de região a região. Nasce a sociedade de consumo e, nesse contexto, o comportamento humano e a maneira de falar das pessoas tanto quanto o léxico variam também, com o tempo.

O aprendizado do léxico, portanto, é adquirido por um processo de transmissão cultural visto como conhecimento social, que manifesta os saberes e as relações com a civilização das comunidades através da palavra, que é a forma mais eficaz de divulgação e difusão dos conceitos e objetos da civilização.

Conforme diz Schaff[1][1] (1967, p. 107): “El lenguaje, que es un producto social, configura como sistema lingüístico en el que nos educamos y pensamos desde nuestra infancia, nuestra forma de aprehensión del mundo que nos rodea.”

Rector (ibid), também, ressalta a riqueza do léxico como produto social, na medida em que confronta os aspectos lingüísticos aos sociológicos na tentativa de mostrar que a linguagem é um reflexo do mundo que nos rodeia.

Dessa forma, reforçamos a importância de um Glossário, conceituado como um inventário lexical que normalmente aparece no final de obras, dando, em ordem alfabética, os termos do vocabulário especializado. Ferreira (2001, p. 349) diz que o glossário é um “vocabulário ou livro em que se explicam palavras de significação obscura”. Dubois (1973, p. 309) afirma ser ele “um dicionário que dá sob a forma de simples traduções o sentido de palavras raras ou mal conhecidas”. Observamos, então, que o glossário está ligado a termos específicos de texto que apresentem dificuldades de compreensão e, partindo disso, elaboramos um mini-glossário do léxico da moda.

 

4. ANÁLISE DO CORPUS

 

– Glossário

 

Americana – Peça do vestuário, espécie de blusa larga e curta, na altura do umbigo com mangas de corte reto. “Curta e larga como quer a moda, a blusa de cava <americana>, neste modelo em seda pura, pontilhado de poás brancos – mesma cor da gola (colarinho) e dos botões que abrem/fecham a frente. Cavas <americanas> revelam braços e ombros”. (Manequim, 11/84, pp. 18 e 29).

Blusa – Peça do vestuário larga, com ou sem mangas e gola, usada por operários, colegiais, médicos, artistas; de feitios diversos, podendo ser usada, também, por baixo ou por cima da saia, calça, short, ou seja, é a parte superior da indumentária feminina que vai dos ombros até à cintura ou um pouco abaixo. “Saia longa em algodão amarelo ou <blusa> em linho estampado, com mangas japonesas e decote também quadrado”. (Manequim, 11/84, pp. 50 e 51).

Blusa-ampla – Peça do vestuário feminino apresentando características da blusa pólo, blusa solta e bem folgada do corpo. “(...) de seda, tipo pólo outra peça que se reciclou, se atualizou a <blusa-ampla>”.(Manequim, 11/84, p. 67).

Blusa-cigana – Peça do vestuário feminino. Blusa com pala na frente e costa, franzida, influência do fil “Carmen”, de Carlos Saura, que reviveu toda a sensualidade da famosa espanhola. “<Blusa-cigana> em vez do franzido elástico, um franzido contido pela pala oval que contorna braços, frente e costas”.(Manequim, 11/84, p. 56).

Blusa fourreau – Peça do vestuário, espécie de casaco de noite, justo ao corpo e de tamanho curto aparentando características de espartilho. “<Blusa fourreau> de alcinha de seda pura que fica por baixo de um camisão”.(Manequim, 11/84, p. 18).

Blusa quadrada –Peça do vestuário feminino. Blusa, tamanho curto corte quadrado com ou sem mangas e de decote, também quadrado, imitando o formato de um saco. “<Blusa quadrada> corte tipo saco, em tecido de algodão liso rosa-fluo, com mangas levemente franzidas, (...) mangas japonesas e decote também quadrado”.(Manequim, 11/84, pp. 50 e 51).

Calça – Peça do vestuário tanto masculino quanto feminino, usado externamente que parte da cintura, ou de logo abaixo dela, e, contornando o corpo, se fecha no centro junto às virilhas, dividindo-se em duas partes, que irão contornar e cobrir separadamente as pernas, descendo, por via de regra, até os tornozelos. “<Calça> de renda sulferino, curta e justa como nos anos 50, que se complementa com um sensual Smocking (Black Tié) sobre a pele”.(Manequim, 11/84, pp. 66 e 67).

Calcinha – Tipo de vestuário íntimo feminino que, geralmente, faz par com o sutiã, mas que parte da cintura ou dos quadris, indo as pernas até às virilhas ou às coxas. “O charme louco da <calcinha> com aplicação de renda, que aparece pela abertura da saia, assim, de repente. Basta um vento, um movimento”.(Manequim, 11/84, pp. 22 e 23).

Colante –Peça do vestuário feminino, roupa muito chegada ao corpo, muito apertada ou justa que delineia as formas de quem a usa. <Colante> de alças largas e decote-coração faz a alegria das mulheres de formas bem delineadas. (Manequim, 11/84, p. 3).

Colete – Peça do vestuário masculino/feminino, abotoada na frente, sem mangas nem gola, indo em geral até a cintura, usada por cima de camisas ou blusas. “Só para feminilizar a calça de corte masculino usado com <colete> de piquê”.(Manequim, 11/84, pp. 34 e 35).

Conjunto – Peças do vestuário confeccionadas para serem usadas juntas, podendo ser do mesmo tecido e/ou padronagem.”<Conjunto> imaculado em organdi suíço, todo bordado em ponto caseado. (...) Feminilizando assim todo o <conjunto> que se completa pela calça curta e quadrada, gênero masculino, Maria Bonita”.(Manequim, 11/84, pp. 22, 23 e 69).

Corpinho – Tipo de vestuário feminino, ou seja, roupa íntima feminina em forma de corpete ou sutiã. ”Traja bem; comprime a cintura e o tronco no <corpinho> de lã, fina cor de castanha. (...) <Corpinho> justo em tafetá coral” (Manequim, 11/84, pp. 11 e 12)

Corselete – Tipo de vestuário para o peito, parecido com o corpete. “<corselete> encorpado com decote em ponta e saia justa”.(Manequim, 11/84, p. 69).

Echarpe – Tipo de lenço feminino, estreito, longo usado ao redor do pescoço. “Em musselina ou em seda pura, o <echarpe> flutua ao sabor da brisa”.(Manequim, 11/84, p. 69).

Gola – Pate da roupa junto ao pescoço. “A <gola> todinha pregueada domina o modelo (...) aumenta o volume dos seios. (...) Túnica em seda com <gola> tipo echarpe, também em seda, - que deixa entrever, sutilmente, o sutiã rendado”.(Manequim, 11/84, pp. 55 e 73).

Gola dupla – Parte da blusa, vestuário feminino, de tamanhos diferentes colocadas uma sobre a outra, superposta, para dar a idéia de seios fartos. “Blusa superposta em diagonal, com <gola dupla> também superposta à maneira monacal”.(Manequim, 11/84, pp. 54 e 55).

Gola-pala – Parte da blusa com características de babador de criança, preza apenas no colarinho da blusa. “Blusa em crepe pintada de poás, <gola-pala>, todinha pregueada domina o modelo, recomendado apenas a quem tem pouco busto: esse detalhe aumenta o volume dos seios”.(Manequim, 11/84, pp. 54 e 55).

Manga – Parte da roupa sobre o braço. “Em tecido de algodão liso rosa-fluo, as <mangas> são levemente franzidas”. (Manequim, 11/84, pp. 50 e 51).

Manga-morcego – Parte do vestuário blusa ou do vestido, curta ou comprida e sem cavas que vai estreitando nos punhos. “Deixe ver a barriguinha com esta blusa em linho verde-limão de <mangas-morcego> voadoras”.(Manequim, 11/84, p. 31).

Meia – Peça de tecido que calça o pé e parte da perna, de tecido elástico. “As <meias> com risca traduzem a linguagem erótica do corpo”.(Manequim, 11/84, p. 14).

Meia fina – Tipo de meia feminina de náilon, seda, tule ou tecido elástico fino, com comprimento variado, podendo ir do pé até à cintura, com ou sem ponteira. “Fendas, drapeados, decotes e <meia fina> com risca traduzem a linguagem erótica do corpo”.(Manequim, 11/84, p. 14).

Pijama – Peça do vestuário, espécie de calças largas e leves, usadas por mulheres e homens como vestuário caseiro ou para dormir, amplo e leve, constituído de casaco e calça. “Veste um macio, escorregadio, <pijama> lilás de seda-lingerie (...)”.(Manequim, 11/84, p. 23).

Pudica – Parte da blusa espécie de gola, alta que dá idéia de crescimento do pescoço. “A carícia envolvente do cetim, blusa gola <pudica> na frente, com gola alta que se prende atrás no decote abissal”.(Manequim, 11/84, p. 14).

Quimono – Peça do vestuário feminino semelhante ao “robe”, de mangas largas compridas, sem costura nem cavas, traspassada na frente usada com cinto largo. “Vestido de estampa exuberante, visto somente floral, em crepe de seda, de inspiração japonesa. Um falso <quimono> de cor contratante, preso nos ombros, envolve os braços e é amarrado na cintura, faixa tipo obi que segura docemente todo o conjunto”.(Manequim, 11/84, p. 17).

Robe-de-chambre – Peça do vestuário, de uso doméstico, transpassado na frente e amarrado por faixa na cintura, usado entre troca de roupas ou sobre roupas de dormir. “Toda a sofisticação de um <robe-de-chambre> de seda marinho, só para feminilizar a calça de corte masculino usada com colete de piquê”.(Manequim, 11/84, pp. 34 e 35).

Saia – Peça do vestuário feminino que vai da cintura até as pernas. “Corpo bordado em paetês e muitos babados que agitam a <saia>”.(Manequim, 11/84, p. 10).

Saia-babado – Peça do vestuário feminino, saia com vários babados que servem para disfarçar os corpos magros dá mais volume ao corpo das mulheres magras. ”<Saia-babado> corpo bordado em paetês e babados, muitos babados, que agitam a saia”.(Manequim, 11/84, pp. 9 e 10).

Saia-calça – Peça do vestuário feminino, saia de corte semelhante a uma calça de pernas bastante folgadas e que tem na entreperna uma prega funda. “Saia-calça> em crepe, num verdadeiro show. Os tafetás farfalhados, os decotes se abrem, os tules e os babados se agitam e os paetês brilham nessa noite especial interpretada por estilistas de Alta Costura”.(Manequim, 11/84, pp. 9 e 10).

Saia-cigana – Peça do vestuário feminino, saia rodada com comprimento aproximado na altura do tornozelo ou abaixo dele, franzida na cintura. “A voluptuosa <saia-cigana> tão em moda”.(Manequim, 11/84, pp. 9 e 10).

Saia transpassada – Peça do vestuário feminino que vai da cintura ou um pouco abaixo, até às pernas, com comprimento variado, constituindo uma peça independente. “<Saia transpassada>, top e túnica em seda com gola tipo echarpe, em seda”.(Manequim, 11/84, p. 73).

Solta – Peça do vestuário, espécie de casaco ou de blusa em tecido mole solta do corpo de cós e tiras largas amarrados do lado para dar um efeito bulfante e disfarçar a barriguinha. “Blusa <solta> em crepe de jérsei ou seda pura – tecido que garante o efeito blusante e o drapeado farto que termina em amarramento lateral”.(Manequim, 11/84, pp. 50 e 51).

Sutiã – Tipo de vestuário íntimo feminino, usado para modelar e sustentar os seios e que faz par com a calcinha, confeccionado, geralmente, em renda ou tecido confortável. “Top e túnica em seda com gola tipo echarpe, também em seda, – que deixa entrever, sutilmente, o <sutiã> rendado”.(Manequim, 11/84, p. 73).

Top – Peça do vestuário feminino, blusa curta colante ou bustiê. “<Top> de cetim de seda pura, com aplicação de filó bordado e renda, enfatiza a doçura do estilo masculino/feminino”.(Manequim, 11/84, pp. 22 e 23).

Trench-coat – Peça do vestuário, capa comprida de abotoamento frontal, com mangas compridas, e faixa na cintura confeccionada, principalmente, em gabardine. “O autêntico <trench-coat> do “machão”, só que em tafetá brilhante, superfeminino”.(Manequim, 11/84, pp. 20 e 21).

Túnica – Peça do vestuário mais comprida do que a blusa, geralmente de corte reto, usada com calça, bermuda, saia, short ou como vestido. “Top e <túnica> em seda com gola tipo echarpe, em seda, – que deixa entrever, sutilmente, o sutiã rendado”.(Manequim, 11/84, p. 73).

Vestido – Roupa inteira com saia e blusa. “<vestido> de estampa exuberante, (...) em crepe de seda” (Manequim, 11/84, p. 17).

Vestido-camisa – Peça do vestuário, espécie de vestido semelhante à camisa ou camisão. “É enorme o pretígio do <vestido-camisa> na moda atual. Neste modelo em seda pura, pontilhado de poás brancos – mesma cor da gola (colarinho) e dos botões que abrem/fecham a frente”.(Manequim, 11/84, p. 18).

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Sabemos que o mercado da moda está entre os três que mais empregam no Brasil. Na mesma esfera, achamos o mundo da tecnologia, responsável pelo uso freqüente de novas terminologias. Portanto, ratificamos a certeza de que o estudo científico do léxico da moda abrange várias áreas do conhecimento entre as quais a sociolingüística, tendo um efeito salutar de desmistificar visões inadequadas e contribuir para o aspecto sócio-cultural e criativo das classes sociais.

Há sempre necessidade de fazermos um estudo mais detalhado do léxico, procurando valorizar os termos utilizados no mundo da moda. Uma vez que através de análises e observações mais acuradas, possamos resgatar: costumes, hábitos, comportamento, cultura e linguagem de épocas passadas e também, da atual.

Pesquisando sobre o léxico da moda, tocamos num ponto que revela uma sociedade brasileira marcada por visões imediatista e consumista conforme verificado na prática cotidiana. A classe social de menor poder aquisitivo deixa de ter as mesmas oportunidades que a classe de poder elevado, por não atender aos interesses desta. É aí que deve entrar a sociolingüística cumprindo, assim, uma de suas tarefas mais importantes: a de propiciar uma compreensão mais ampla do fenômeno da linguagem (o léxico) em relação às suas múltiplas condicionantes sócio-cultural-econômicas contribuindo, desta forma, para a ruptura da discriminação de qualquer natureza e apoiando o respeito e o senso comum.

É no léxico da moda que utilizamos muitos termos e expressões estrangeiras. Associamos a isso a grande influência, que sofreu a moda brasileira de estilistas franceses, americanos entre outros. Por essa e outras razões, alguns termos da moda dos anos 80 deixaram de existir ou caíram em desuso devido à evolução do tempo ou à inconveniência do seu uso.

Então, embora o léxico seja patrimônio da comunidade lingüística, na prática, são os usuários da língua que criam e conservam o seu vocabulário, podendo agir sobre a sua estrutura, alterando as áreas de significação das palavras, ou seja, modificando o universo semântico que se estrutura em torno do indivíduo e da sociedade, que movimenta, transforma e origina o léxico.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ARAGÃO, Maria do Socorro Silva de. A linguagem regional popular na obra de José Lins do Rego. João Pessoa: FUNESC, 1990.

 

BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria lingüística: lingüística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.

 

CABRÉ, M. T. La terminología: teoría, metodología, aplicaciones. Barcelona: Editorial Antártida/Empúries s/a, 1993. P.71-92.

 

CIVITA, Victor. (editor e Diretor). Revista Manequim nº 299-A. São Paulo: Ed. Abril, novembro 1984.

 

DUBOIS, Jean & outros. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973.

 

FARIAS, Emília Maria Peixoto. A linguagem da moda no português contemporâneo. Tese de doutorado. Recife, 2001.

 

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

 

HOUAISS, Antonio & VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

MOUTINHO, Maria Rita. A moda no século XX. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2000.

 

OLIVEIRA, A. M. P. P. e ISQUERDO, A. N. (orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande MS: Ed. UFMS 1998.

 

PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala: um estudo sociolingüístico do diálogo na literatura brasileira, apresentação de Ataliba T. de Castilho – 4. Ed. (ver. e modificada, com a reelaboração de vários capítulos). São Paulo: Nacional, 1982.

 

RECTOR, Mônica. A linguagem da juventude: uma pesquisa geo-sociolingüística. Petrópolis: Vozes, 1975.

 

SCHAFF, Adam. Lenguage y conocimiento. México, Grijalbo, 1967.

 


[1][1] SCHAFF, Adam. Lenguage y conocimiento. México, Grijalbo, 1967.