INTRODUÇÃO

 

A Lingüística desde que se constituiu como ciência autônoma, tinha como objeto de estudo a língua em si mesma. Saussure já a definia como a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, não podendo, pois, nem criá-la nem modificá-la. Nesse sentido, Saussure elegeu a língua como objeto de estudo, afastando, assim, a fala da ciência da linguagem. Assim, estão à margem da Lingüística, o que se podem denominar elementos externos da língua. Nesse sentido, para os estruturalistas, tudo na linguagem deveria ser explicado por razões meramente internas ao próprio sistema.

Durante muito tempo a Lingüística se pautou nos parâmetros de imanência, porém algumas questões foram sendo colocadas, tais como as condições de produção discursiva, a intertextualidade,..., e, a questão da determinação histórica da linguagem. No que tange ao último aspecto, é importante ressaltar que a linguagem tem uma certa autonomia em relação às formações sociais, mas, ao mesmo tempo, sofre determinações históricas. (FIORIN, 1988, p.5). Em outras palavras, uma teoria de linguagem deve reconhecer os níveis e dimensões em que a linguagem tem uma certa autonomia e aqueles em que sofre determinações.

Dentro dessa nova perspectiva da Lingüística, o objeto central do presente trabalho é refletir sobre as relações que a linguagem mantém com a ideologia, mais especificamente procurar-se-á apresentar uma abordagem marxista da linguagem a partir do pensamento de Marx e Engels, Marr, Stalin, Bakhtin, Rossi-Landi e Pechêux. A opção por esses autores em especial deveu-se ao fato de serem marxistas assumidos. Por outro lado, não se pretende comprovar que a linguagem é um instrumento de poder e que os segmentos sociais dominantes utilizam-se dela para monopolizar os dominados. Ao contrário, se vai partir das concepções de ideologia do marxismo e relacioná-las com a linguagem.

 Nesse sentido, o trabalho está dividido em cinco seções assim dispostas: a ideologia ao longo da história, linguagem e consciência, linguagem e superestrutura: do marrismo ao stanilismo, signos e ideologia e o discurso como lugar da ideologia. Na primeira seção será apresentada a história do termo ideologia desde o século XIX até a abordagem de Althusser, na segunda seção será apresentada a concepção de linguagem de Marx e Engels na Ideologia Alemã, na terceira seção refletir-se-á se a linguagem faz ou não parte da superestrutura, na quarta seção discutir-se-á a conexão dialética entre signo e ideologia, na quinta será apresentada a visão de Rossi-Landi e Pêcheux que consideram o discurso como o lugar de materialização da ideologia.

A importância dessa pesquisa está na aproximação do fenômeno lingüístico correlacionando-o com um fenômeno tão presente na estrutura social, a ideologia. Como conseqüência, o presente trabalho procura resgatar o pensamento de autores que abordaram a linguagem numa perspectiva marxista. A tarefa não é fácil, o que será apresentado aqui é antes de tudo uma tentativa de compreender a relação entre linguagem e ideologia, bem como, fomentar estas reflexões.

Não há como negar que sob o horizonte do marxismo que a análise do discurso encontrou franco desenvolvimento, isso é, o materialismo histórico de Marx estabeleceu as bases para a gênese da análise do discurso. Daí fazer sentido propor uma abordagem marxista da linguagem, pois se acredita que o fenômeno lingüístico não pode ser investigado sem relação com as condições de produção. Em outras palavras não se pode conceber uma teoria crítica da linguagem sem relacioná-la com um conjunto de relações sociais.

 

1. A IDEOLOGIA AO LONGO DA HISTÓRIA

 

Antes de traçar uma relação entre linguagem e ideologia, faz-se necessário falar da complexidade e da multiplicidade de significados que o conceito de ideologia adquiriu no percurso de uma história longa e repleta de contradições, de ambigüidades, de equívocos e de mal-entendidos. Objetiva-se nessa seção apresentar a história de seu conceito e tentar chegar a conclusões sobre formulações conceituais de ideologia que nos sirva como ponto de apoio nesse presente trabalho.

Segundo Chauí (1984, p. 22), o conceito de ideologia foi literalmente inventado pelo filósofo francês, Destutt de Tracy e aparece pela primeira vez em seus quatro volumes de Elements d’Ideologien, publicados entre 1803 e 1815 como rótulo para uma suposta ciência das idéias e sensações.

Destutt de Tracy havia estudado as obras de pensadores iluministas como Voltaire e Condillac. Embora de Tracy apoiasse a Revolução Francesa, ele e outros intelectuais foram presos durante o Terror Jacobino. Para eles a barbaridade do Terror poderia ser contestada pela filosofia e educação, baseadas na análise das idéias.Com a queda de Robespierre, em 1794, de Tracy foi solto e depois ele e seus companheiros conseguiram uma posição de poder na Nova República com a criação do Instituto Nacional.

De Tracy defendia o pensamento de que não se podiam conhecer as coisas em si mesmas, mas apenas as idéias formadas pelas sensações que temos delas. Se fossem analisadas essas idéias e sensações sistematicamente, se estaria garantindo uma base segura para todo o conhecimento científico. De Tracy denominou esse empreendimento incipiente e ambicioso de “Ideologia” – literalmente, a “ciência das idéias”. Genealogicamente seria a “primeira ciência”, pois todo o conhecimento científico envolveria a concepção de idéia.

Na ideologia, segundo Destutt de Tracy, as idéias são o resultado da interação entre o organismo vivo e a natureza, o meio ambiente. “Para ele, ideologia é um subcapítulo da zoologia – que estuda o comportamento dos organismos vivos – no que se refere ao estudo do relacionamento dos organismos vivos com o meio ambiente, onde trata da questão dos sentidos, da percepção sensorial, através da qual se chegaria às idéias”. (LÖWY, 1996, p.11).

 

1.1. EM NAPOLEÃO

 

De acordo com Chauí (1984, p. 24), em 1799, Napoleão Bonaparte deu um golpe de estado e se tornando cônsul nomeou vários dos ideólogos para cargos políticos. Todavia, Napoleão desconfiado, entrou em conflito com de Tracy e seu grupo. Foi então que Napoleão ridicularizou as pretensões da “ideologia”: na sua visão, ela era uma doutrina especulativa, abstrata, que estava longe das realidades do poder político. Em um artigo seu, Napoleão denuncia o grupo chamando-os de metafísicos ou “ideólogos”. Na ocasião quase todos os tipos de pensamento religioso, ou político, foram condenados como ideologia.

Desse modo, Destutt e seus amigos, que queriam fazer uma análise científica e materialista das ideologias, foram chamados de ideólogos por Napoleão, no sentido de especuladores metafísicos e, como Napoleão tinha maior peso, diga-se, ideológico, que eles, foi a sua maneira de utilizar o termo que teve repercussão na época em que entrou para o linguajar corrente.

Enquanto para de Tracy, a ligação era direta e explícita: ideologia era uma ciência superior, que iria facilitar o progresso nos afazeres humanos, para Napoleão ela era implícita e oposicional, uma pretensa filosofia que tinha incitado à rebelião ao tentar determinar os princípios políticos e pedagógicos na base apenas do raciocínio abstrato.

 

1.2. EM MARX

 

 Marx quando encontra o termo em jornais, revistas e debates, na primeira metade do século XIX, percebe que ele está sendo utilizado em seu sentido napoleônico. Existe uma série de textos de Marx sobre ideologia, os mais conhecidos se encontram no livro A Ideologia Alemã de onde tentaremos extrair os vários conceitos de ideologia entendidos por Marx.

Ao escreverem A Ideologia Alemã, Marx e Engels criticam a visão dos “jovens hegelianos” por valorizarem em demasia o valor e o papel das idéias na história e na vida social. Os jovens hegelianos não conseguiam ver a conexão entre suas idéias e as condições sócio-históricas da Alemanha nem dar à sua crítica uma força prática e efetiva. “Podemos caracterizar esse uso do termo “ideologia”, feito por Marx e Engels, como a “concepção polêmica”: ideologia, nesse sentido, é uma doutrina teórica e uma atividade que olha erroneamente as idéias como autônomas e eficazes e que não consegue compreender as condições reais e as características da vida sócio-histórica”(TOMPSON, 1995, p. 51)

Para Marx e Engels, a produção de idéias liga-se intimamente à atividade material e o que o indivíduo é, depende das condições materiais de sua produção. “São o que produzem e são como produzem”.(CHAUÍ, 1995, p. 60). Segundo Marx e Engels, o que a ideologia faz é colocar os homens e suas relações de cabeça para baixo, como ocorre com a refração de uma câmara escura, ou seja, o “descer do céu para a terra em vez de ir da terra para o céu” que ele denuncia nos filósofos alemães. (CHAUÍ, 1995, p.21). A produção das condições de existência além de natural é social, pois determina a forma de intercâmbio entre os homens que vai determinar a forma da produção na divisão do trabalho, entre trabalho intelectual e material. Assim, a consciência está indissoluvelmente ligada com as condições materiais, com o intercâmbio material, e as idéias nascem da atividade material. Ao desenvolverem sua produção material, os homens, transformam o seu modo de pensar.

Inicialmente o conceito de ideologia foi empregado por Marx e Engels na sua crítica aos jovens hegelianos, mas depois esse conceito foi ampliado na medida em que Marx e Engels ligam a produção das idéias à relação entre classes. Dizem eles que “as idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes, isto é, a classe que tem a força material na sociedade é, ao mesmo tempo, a sua força intelectual dominante”.  (Marx e Engels, 1989, p. 47). Ideologia, nesse sentido, seria um sistema de idéias que expressa os interesses da classe dominante, mas que representa relações de classe de uma forma ilusória.

E finalmente, Marx e Engels percebem a ideologia como uma visão crescente de uma simplificação dos antagonismos sociais, de uma redução dos conflitos entre burguesia e proletariado. Essa visão sugere que os indivíduos podem conceber imagens e idéias que não se articulam com os interesses de classe. Surge então elementos para uma concepção diferente de ideologia: ideologia é um sistema de representações que servem para sustentar relações de dominação de classe por meio da orientação das pessoas para imagens e idéias que mascaram a realidade e desviam da busca coletiva de mudança social.

 

1.3. EM ALTHUSSER

 

Em seu livro Ideologia e aparelhos ideológicos do estado, Althusser diz que para perpetuar a sua dominação, a classe dominante cria mecanismos que mantêm e reproduzem as condições materiais, ideológicas e políticas de exploração. É nesse sentido, que o Estado atua com os Aparelhos Repressores – ARE – (formado pelo governo, o exército, a política, os tribunais, as prisões dentre outros) e com os Aparelhos Ideológicos – AIE – (formado pela religião, a escola, a família, a cultura), intervindo ou pela repressão ou pela ideologia, tentando forçar a classe dominada a submeter-se às relações e condições de exploração.

Para explicar a ideologia Althusser formula três hipóteses: a primeira diz que a relação que o indivíduo tem com suas reais condições de existência é necessariamente imaginária; a segunda fala que a existência da ideologia é material e a última afirma que a ideologia torna indivíduos concretos em sujeitos.

Pode-se explicar a primeira hipótese a partir da afirmação de Althusser (1985, p. 87) de que a ideologia representa a relação do homem com as suas condições reais de existência e que esta representação é sempre imaginária. Daí essa representação ser sempre deformada. Segundo o referido autor:

 

“... toda ideologia representa, em sua deformação necessariamente imaginária, não as relações de produção existentes (e as outras relações delas derivadas) mas, sobretudo a relação (imaginária) dos indivíduos com as relações de produção e demais relações daí derivadas. Então, é representado na ideologia não o sistema das relações reais que governam a existência dos homens,mas a relação imaginária desses indivíduos com as relações reais sob as quais eles vivem.” (p. 88)

 

Na segunda hipótese a ideologia é vista como tendo uma existência material, pois as relações vividas e representadas pelos sujeitos supõem uma série de práticas e rituais no interior dos aparelhos ideológicos. Em outras palavras, o indivíduo adota determinado comportamento prático por conta de participar de certas práticas regulamentadas de um determinado aparelho ideológico ao qual dependem e que o indivíduo escolheu com plena consciência enquanto sujeito. Althusser (1985, p. 90) exemplifica: se um indivíduo crê em Deus, ele vai à missa, se ajoelha, reza, se confessa, faz penitência.

Na terceira hipótese a interpelação do indivíduo como sujeito acontece quando o sujeito se insere e passa a praticar ações que são reguladas pelos aparelhos ideológicos. Nesse sentido, será somente através do sujeito e no sujeito que a existência da ideologia será possível.

 

2. LINGUAGEM E CONSCIÊNCIA

 

Marx e Engels ao tratarem da ideologia também fazem referência à linguagem. Em A ideologia alemã, dizem eles que não se pode fazer da linguagem uma realidade autônoma, como os filósofos idealistas fizeram com o pensamento. Mostram os dois autores que são os indivíduos determinados, com uma atividade produtiva que se processa em de um determinado modo, que constroem as relações sociais das quais sofrem o influxo. Dessa maneira a produção de idéias, de sistemas simbólicos ou linguagens, “de representações e da consciência está antes de tudo direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens: é a linguagem da vida real” (MARX e ENGELS, 1989, p. 26).

O texto de Marx é importante, pois além de tratar das questões de ideologia, enfatiza a importância da língua, entendida como concepção e comunicação das idéias e é através da linguagem verbal que o conhecimento humano tem existência prática. O materialismo se interessa pela língua enquanto prática porque é através da atividade lingüística que a consciência se revela e existe para a sociedade.

Para Marx e Engels, a consciência é um produto social resultante das relações dos homens com os objetos materiais e os meios de produção da sociedade: “mas não se trata de uma consciência que seja de antemão consciência “pura”, desde sempre pesa sob o “espírito”  a maldição de estar “imbuído” de uma matéria que  aqui se manifesta sob a forma de camadas de ar em movimento, de sons, numa palavra, sob a forma de linguagem” (p. 26).

 A linguagem é tão velha como a consciência: é a consciência real, prática, que existe também para outros homens e que, portanto existe primeiro pra mim e, tal como a consciência, só surge  com a necessidade, as exigências dos contatos com os outros homens. ”Onde existe uma relação, ela existe para mim. O animal não se encontra em relação com coisa alguma, não conhece de fato qualquer relação: para o animal, as relações com os outros não existem enquanto relações” (p. 26). Recusando a existência de uma consciência pura, o marxismo exige da teoria do conhecimento a condição implícita de teoria da linguagem, e vice-versa.

 Se a consciência é o objeto principal da teoria do conhecimento, para o pensador marxista, tal objeto deverá ser a consciência prática, isto é, a linguagem.  Conseqüentemente, o marxismo não aceita a separação da linguagem e do pensamento, e da linguagem e da ideologia, porque é através dela que o pensamento se realiza, existe objetivamente para a sociedade e se torna uma prática, condicionada pelos meios materiais que constroem as relações dos homens.

A ação do homem sobre o outro, enquanto ser pensante, se dá pela linguagem: é através do discurso que ele toma conhecimento da consciência do outro e, portanto, das idéias do grupo em que vive, sendo-lhe possível, através de tal experiência, elaborar os seus próprios pontos de vista do grupo. O homem possui, por isso mesmo, uma consciência determinada pela linguagem, que é o seu único modo de existir enquanto consciência. Nesse sentido, em Marx as idéias não existem separadamente da linguagem, assim o uso lingüístico é indissociavelmente ligado às relações e às ideologias de classe.

 

 

3. LINGUAGEM E SUPERESTRUTURA: DO MARRISMO AO STALINISMO

 

Na afirmação de que linguagem e ideologias de classe estão intimamente relacionadas, cabe ressaltar a figura de Nicolau Marr, lingüista soviético que procurou aplicar princípios marxistas à lingüística. A tese desenvolvida por esse autor denominou-se teoria da monogênese da linguagem. Um dos pontos básicos de sua tese é que a língua teria origem no desejo de uma classe social dominar outra. Segundo Marr apud Fiorin (1998, p.66), o desenvolvimento das línguas é paralelo às mudanças das formações sócio-econômicas, isto é, uma dada formação social corresponde a um determinado estádio de língua. De acordo com sua teoria, progresso lingüístico e progresso social caminham juntos.

Nesse sentido, Marr apud Fiorin (1998, p.67) classifica as línguas em quatro grupos: estádio primário (o chinês e algumas línguas africanas), estádio secundário (o turco, o mongol e as línguas fino-ugrianas), estágio terciário (línguas camíticas e caucasianas) e estágio quaternário (línguas semíticas e indo-européias).

Segundo Marr (op. cit.) quando uma comunidade se afasta da corrente do progresso geral, conseqüentemente, a língua sofre idêntico desvio à medida que se afasta do grupo a que pertencia. Mesmo que a comunidade se integre novamente na corrente do progresso, as alterações que ocorreram permanecem. Daí o referido autor concluir que as transformações na infra-estrutura produzem mudanças no sistema lingüístico pelo fato da linguagem fazer parte da superestrutura. Nesse sentido, as línguas têm um caráter de classe.

De acordo com Fiorin (1998, pp.67-69) a tese da monogênese é uma hipótese totalmente inverificável, haja vista não se poder comprovar, além disso, a tese em si apresenta equívocos. O primeiro é de que a sociedade primitiva era uma sociedade sem classes e, portanto, a linguagem não poderia ser uma invenção de uma classe para garantir sua dominação a outra. O segundo é que Marr admite a existência de uma consciência e de um pensamento anteriores à linguagem, ao passo que Marx e Engels dizem que a linguagem é tão antiga quanto à consciência e que a partir do processo de trabalho, estabelecem-se relações sociais que estão na base da origem da linguagem. O terceiro é que a tese dos estádios lingüísticos pode também ser considerada fantasiosa, pois o sistema gramatical chinês continua o mesmo de antes, mesmo depois da Revolução. Enfim, para Fiorin (1998, p.69) a falha maior da teoria marrista é buscar as relações entre linguagem e história no nível do sistema e não no nível do discurso. Contudo, sua tese aponta a necessidade de refletir-se sobre a relação da linguagem com a formação social.

Stálin apud Fiorin (1998, p. 69-72) no dia 20 de junho de 1950 publica um artigo intitulado “A propósito do marxismo em lingüística” criticando as teses de Marr. As idéias principais do seu artigo fundamentam-se nos argumentos de que a língua não é um fenômeno da superestrutura[1] e não tem um caráter de classe. Suas afirmações são comprovadas com o exemplo da sociedade russa e da língua russa. Apesar da base econômica russa ter passado do capitalismo ao socialismo, a língua russa permaneceu a mesma após a revolução. Para Stalin (op. cit.) não há línguas de classe, senão haveria uma gramática burguesa, uma gramática proletária, o que realmente não existe. Nas palavras de Ponzio (1973, p. 220) podemos confirmar:

 

“La lengua, em cambio, no es creada por uma clase, sino por toda la sociedad, por todas las clases de la sociedad” (65). Satisface las necesidades no ya de uma clase cualquiera em detrimiento de otras clases sino del mismo modo las necesidades de toda la sociedad, de todas las clases de la sociedad.”

 

Fiorin (1998, p.70) esclarece que a posição de Stalin não esgota a questão, haja vista o autor levar em conta apenas a língua e o sistema, enquanto que a língua não é um único elemento da complexa realidade do fenômeno lingüístico. Um outro fato que merece consideração para Fiorin, e que Stálin não pesou, é que os fatos históricos intervêm diretamente na determinação de categorias do sistema lingüístico. O caso do latim é um exemplo ilustrativo. Os idiomas românicos surgiram no interior de um processo de desagregação do latim quando estavam ruindo as bases econômicas do império romano. Segundo Fiorin (op. cit.) o fator econômico atuou no sentido de favorecer uma mudança mais rápida do latim. Com isso, esse fator não determinou diretamente o sistema lingüístico, mas acelerou consideravelmente suas mudanças.

Fiorin (1998, p.72) também como Stálin não considera a língua um fenômeno de superestrutura, mas ressalta que a língua é o veículo das representações ideológicas. A seu ver, as formações discursivas[2] materializam as formações ideológicas que constituem os fenômenos da superestrutura. Dessa forma uma alteração das relações sociais de produção pode acabar por gerar uma mudança nas formações ideológicas e, por conseguinte, nas formações discursivas. Por outro lado, essa transformação não provoca uma mudança no sistema lingüístico, pois esta é um veículo das representações ideológicas.

Segundo Fiorin (1998, p.73) responder afirmativamente que as formações discursivas pertencem à ordem superestrutural como Marr, bem como, responder negativamente como Stálin seria incorrer em erro. Em sua opinião:

 

“Nos domínios da linguagem, parece não existirem afirmações apenas positivas ou só negativas, mas afirmações complexas, simultaneamente positivas e negativas. Quando nos interrogamos sobre as relações que a linguagem mantém com a história, não encontramos o sim ou o não, mas antes o sim e o não”.

 

Esse pensamento decorre da concepção de que a linguagem é um fato que permeia toda a superestrutura e ao mesmo tempo é um fenômeno da superestrutura à medida que serve as classes para transmitir suas representações ideológicas.

 

4. SIGNO E IDEOLOGIA EM BAKHTIN

 

Partindo do questionamento proposto na seção anterior, Costa (2000, p.45) adverte que Bakhtin aponta para uma superação das concepções propostas por Marr e Stalin na medida em que considera a linguagem um fenômeno sócio-ideológico. Em sua concepção, o lugar de realização do ideológico na linguagem não está na língua como um sistema abstrato de formas, mas no signo lingüístico, na palavra. É o que propugna Bakhtin ao afirmar que sem signos não existe ideologia, porque tudo que é ideológico é um signo, esta é sua premissa basilar no “Marxismo e filosofia da linguagem”. Aparentemente pode-se compreender essa afirmação como estando revestida de uma certa circularidade, mas, num exame mais acurado, realça-se o quanto signo e ideologia estão imbricados.

Para compreender esse postulado, faz-se necessário esclarecer o que seja para Bakhtin signo e signo ideológico.  Signo pode ser qualquer objeto natural, específico, ou um produto natural, tecnológico ou de consumo, mas para um signo se converter em um signo ideológico há de ultrapassar suas próprias particularidades, isto é, deve passar a refletir e a refratar, de alguma forma, uma outra realidade. Nesse sentido, um signo pode distorcer ou não uma realidade, sendo-lhe fiel ou infiel. Vale ressaltar que todo signo ideológico faz parte de uma realidade e é materializado de alguma forma, seja como som, como massa física, como cor, como movimento, enfim, o signo é um fenômeno do mundo exterior. (BAKHTIN, 1997, p. 32-33).

 Pode-se citar o caso do pão e do vinho como exemplo de signo ideológico. Eles além de servirem de alimento e de bebida, possuem também um valor no cristianismo tornando-se um símbolo religioso no sacramento da comunhão, ultrapassando, assim, o valor de um produto de consumo. Uma outra ilustração é o caso da foice e do martelo, instrumentos que se converteram em signo ideológico.

Porém, na definição de signo ideológico, o que interessa principalmente para a presente pesquisa é a afirmação de que a palavra se constitui um fenômeno ideológico por excelência, pois possui propriedades próprias que a ligam diretamente à ideologia. Bakhtin (1997, p.38) identifica essas propriedades: pureza semiótica, neutralidade ideológica, implicação na comunicação humana ordinária, possibilidade de interiorização e presença obrigatória em todo ato consciente. Como se pode perceber não há como separar linguagem de ideologia, elas estão umbilicalmente ligadas.

 Por pureza semiótica Bakhtin (1997, p.36) entende que toda palavra é absorvida por sua função de signo e que ela não comporta nada que não esteja ligado a essa função. Nesse sentido, a palavra é o modo mais puro e sensível na materialização da comunicação social, isto é, é na palavra que melhor se revela a ideologia. Mas ao mesmo tempo ela é um signo neutro, pois pode preencher qualquer função ideológica seja no discurso científico, no religioso, no político dentre outros.

Uma outra propriedade da palavra é que ela caracteriza-se também por ser o material privilegiado de comunicação na vida cotidiana. É principalmente pela palavra que a comunicação humana se efetiva no dia-a-dia. Um outro ponto importante é que a palavra é o primeiro meio da consciência individual.

Por outro lado, a palavra acompanha todos os fenômenos ideológicos da sociedade. Mesmo que essas manifestações ideológicas não possam ser substituídas, é pela palavra que elas se apóiam, como é o caso do canto e de seu acompanhamento musical. Após o esclarecimento dos traços peculiares da palavra é que se pode compreender com mais clareza a afirmação de Bakhtin de que a palavra torna-se o objeto fundamental no estudo das ideologias.

Uma questão pertinente na qual Bakhtin lança novas luzes é a reflexão de como a infra-estrutura determina a ideologia. O referido autor considera esses fenômenos como estando situados em planos diferentes, mas ao mesmo tempo constituem uma relação dialética, isto é, há na evolução social uma reciprocidade entre infra-estrutura e superestrutura. Em sua opinião a essência da questão deveria ser como a infra-estrutura determina o signo e como este reflete e refrata a realidade em transformação. Esse questionamento se justifica porque a palavra está presente em todas as relações com os indivíduos, tornando-se, portanto, o material semiótico capaz de registrar as transformações sociais por mais sutis que sejam. Nessa perspectiva, Bakhtin (1997, p.44) esclarece:

 

 “1) Não separar a ideologia da realidade material do signo;

2) Não dissociar o signo das formas concretas de comunicação;

3) Não dissociar a comunicação e suas formas de sua base material (infra-estrutura)”.

 

Por essas afirmações percebe-se que a interação social exerce uma influência poderosa nas formas do signo, assim como a comunicação verbal é determinada pelas relações de produção e pela estrutura sócio-econômica. Daí se compreende a afirmação de que a palavra representa “a arena onde se desenvolve a luta de classes”. Nesse sentido, no signo ideológico encontram-se índices de valor contraditórios que se cruzam. Os divergentes valores presentes nos signos correspondem aos também divergentes valores das diferentes classes sociais. À medida que o signo ideológico refrata realidades contraditórias, mais as classes sociais servem-se do mesmo signo. Segundo Bakhtin (1987, p.46), o código de comunicação é o mesmo, porém o índice de valor de cada signo varia de classe social a classe social.

Se fossem retiradas do signo ideológico as tensões sociais este se degeneraria e não se tornaria mais um instrumento vivo na sociedade. Daí reforça-se a íntima relação entre signo e ideologia, donde se pode concluir que o signo e a ideologia são faces de uma mesma moeda, não dando para se remeter a um sem conseqüentemente se remeter a outro. Bakhtin (1997, p. 47) esclarece que o que faz com que o signo seja vivo e dinâmico na sociedade também é a sua utilização por uma determinada classe com a finalidade de deformar a realidade. Assim, a tentativa de tornar o signo monovalente é uma tentativa de conferir à linguagem um caráter inatingível e acima das diferenças de classe, onde a classe dominante oculta e revela somente o que lhe aprouver. Dessa forma, configura-se a natureza dialética do signo ideológico. Segundo Bakhtin (1997, p. 47):

 

“Toda crítica viva pode tornar-se elogio, toda verdade viva não pode deixar de parecer para alguns a maior das mentiras. Essa dialética interna do signo não se revela inteiramente a não ser nas épocas de crise social e de comoção revolucionária”.

    

O signo ideológico para Bakhtin está tão ligado à interação social que em sua concepção a palavra deve ter nascido e se desenvolvido no curso do processo de socialização dos indivíduos. Ele admite inclusive que mesmo na fala interior há uma integração dialética entre o psiquismo e a ideologia. Ou seja, na fala interior o processo de socialização dos indivíduos está infiltrado ao organismo individual. Conforme Bakhtin (1997 p. 49): “o organismo e o mundo encontram-se no signo”, isto é, na atividade psíquica o movimento do signo vai do interior para o exterior e no signo ideológico vai do exterior para o interior.

Para um signo ideológico continuar vivo deve integrar-se no domínio dos signos interiores subjetivos. Isso só pode ser percebido quando se admite que a atividade mental só se realiza através de signos. Extraindo-se esse material semiótico, a atividade interior não existe. Nesse sentido, Bakhtin (1997, p.52) afirma:

 

“Assim, não existe um abismo entre a atividade psíquica interior e sua expressão, não há ruptura qualitativa de uma esfera da realidade à outra. A passagem da atividade mental interior à sua expressão exterior ocorre no quadro de um mesmo domínio qualitativo, e se apresenta como uma mudança quantitativa”.

 

O signo ideológico exterior é proveniente dos signos interiores, assim não se pode supor que o psiquismo é individual e a ideologia social. Se a atividade mental é constituída de material semiótico, isto é, a realidade do psiquismo interior é o signo, conclui-se que todo signo é social por natureza, seja ele interior ou exterior. É indispensável, pois, a integração entre vivência interior e vivência exterior à medida que no signo se instaura o encontro do organismo com o mundo.

Do que foi exposto sobre a relação entre signo e ideologia em Bakhtin advém a afirmação de que toda palavra é ideológica e que a utilização da língua é uma utilização ideológica das palavras. Assim, a palavra representa o produto da interação social existente entre as diversas classes sociais, constituindo-se nas palavras de Bakhtin (1997, p.66) “uma arena em miniatura onde se entrecruzam e lutam os valores sociais de natureza contraditória”. Nesse sentido, a afirmação de Costa (2000, p. 47) é esclarecedora quando propugna que ao contrário de Marr e de Stalin, Bakhtin coloca a palavra dialeticamente relacionada com os planos de organização social. Dessa forma, a palavra tanto está presente na infra-estrutura quanto na superestrutura, não sendo uma nem outra haja vista refletir e refratar a realidade e possuir sempre um índice de valor social.

 

5. O DISCURSO COMO LUGAR DA IDEOLOGIA

 

 Ainda dentro da relação linguagem e ideologia numa abordagem marxista, pode-se falar do pensamento de Rossi-Landi (1985). Este propugna que qualquer discurso é ideológico. De acordo com o referido autor é o discurso o lugar por excelência de realização da ideologia.

 Rossi-Landi (1985, p. 130-158) concebe ideologia a partir de duas concepções que são: a primeira como falso pensamento e falsa práxis e a segunda como planejamento social. Essas concepções não se excluem, ao contrário é da concepção ideológica como falso pensamento acompanhado por uma falsa práxis que esta se transforma em uma concepção da ideologia como projeto social. Em outras palavras, a passagem da primeira a segunda é uma passagem necessária.

Para se compreender o que está posto no parágrafo anterior, faz-se necessário esclarecer o que seja a situação humana alienada. Isto significa dizer que a alienação é decorrente de uma “disfunção no modo em que o homem se separou da natureza, instituindo relações com ela e com os outros homens – no modo como ele estabeleceu essas relações, separando-se da natureza”.(ROSSI-LANDI, 1985, p. 133) Nesse sentido, a alienação faz parte da história do homem e tem um sentido negativo, mas ao mesmo tempo pode ser remediada na situação humana como um todo, isto é, em seu curso histórico. Conforme Costa (2000, p. 47):

 

“A alienação consistiria basicamente em uma série de separações, advindas desse fato histórico, que se apresentam de formas diferenciadas na história humana e que, de modo geral, se expressam pela separação fundamental entre consciência e práxis. Daí a separação entre teoria e prática, saber e fazer, planejamento e execução etc”.

 

Ao se falar de alienação, fala-se conseqüentemente em falsa-práxis e falsa-consciência ou de falsa-práxis e ideologia. A falsidade é, portanto, resultado da separação dos elementos acima referidos. Daí a totalidade da situação humana ser alienada e a ideologia ser então falso-pensamento e falsa-práxis. Assim, a ideologia é pensamento separado da práxis e também prática separada de ideologia. Vale ressaltar que a relação entre pensamento, consciência e práxis é dialética, dessa forma a falsa consciência e o pensamento falso (ideológico) são conseqüentemente falsa práxis. Rossi-Landi (1985, p. 142) para esclarecer a relação entre consciência e práxis propôs o seguinte exemplo: um frade que não conseguia adequar sua consciência à práxis da igreja passou então a adequar sua própria práxis à consciência da igreja e entrega-se a obras filantrópicas sem mais se ocupar com questões morais e teológicas.

A partir do que foi exposto, pode-se agora compreender a dimensão da afirmação de Rossi-Landi (1985) de que qualquer discurso é necessariamente mais ou menos ideológico porque a linguagem é constitutiva da ideologia. Esse discurso, por sua vez, desenvolve alguma espécie de projeto social de modo mais ou menos explícito. Os projetos sociais manifestados pelo discurso podem ser inovadores e revolucionários ou conservadores e reacionários, porém sempre ideológicos. Uns se distinguem dos outros pela relação destes com a consciência e a prática. Costa (2000, p. 50) esclarece que ao falar o falante trabalha ideologicamente por um projeto social e que ao agir assim ele se insere em um lugar no sistema social ou reitera-o.

Ao explicar o caráter ideológico de qualquer discurso, Rossi-Landi (1985, p. 144-145) utiliza-se de um silogismo: qualquer discurso é situacional, isto é, pertence a uma situação histórica social determinada; qualquer discurso é uma forma qualquer de falsa consciência porque toda situação está imbuída de falsa consciência, e como é discurso, isso ocorre no nível do falso pensamento, isto é, no nível da ideologia. Dessa forma é impossível um discurso existir fora de uma dada situação histórico-social, além de servir-se da linguagem na forma concreta de uma dada língua.

Ainda na perspectiva de considerar o discurso como espaço de realização da ideologia, pode-se citar Michel Pêcheux apud Costa (2000). Segundo Pêcheux apud Costa (2000,p. 49) o discurso constitui-se como um dos elementos da materialidade ideológica. Isso porque os aparelhos ideológicos têm a função de assegurar a dominação de uma classe sobre outra. Nesse sentido, na conjuntura ideológica escolar, por exemplo, comportam uma ou várias formações discursivas que determinam o que pode e o que não pode ser dito, fazendo os indivíduos comportarem-se de acordo com a função que lhe é destinada, ou seja, explorador ou explorado.

Segundo Costa (2000, p. 49), Pêcheux contribui na discussão sobre linguagem e ideologia na medida em que considera que as diferentes classes falam a mesma língua, porém o discurso é diferente. Na realidade, o discurso é determinado ideologicamente em função da posição social do falante e de outros elementos que constituem as condições de produção do discurso.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 Diante do que foi exposto sobre a articulação linguagem e ideologia pode-se considerar que a linguagem sofre determinações dos fatores ideológicos. Tomando como base essa informação, é impossível imaginar a linguagem como um fenômeno totalmente autônomo em relação às formações sociais. Por outro lado reduzir a linguagem às determinações ideológicas seria reduzir a amplitude de um fenômeno tão complexo e multifacetado como a linguagem.

Considerar também a total autonomia da linguagem implica uma abstração da totalidade das relações sociais. Nessa perspectiva a Lingüística é concebida como um departamento estanque e autônomo do conhecimento humano ou, mecanicamente relacionada a outros departamentos igualmente estanques. Assim, a discussão sobre o social na linguagem é visto ou como causa ou como conseqüência do lingüístico.

No que concerne ao questionamento que foi levantado a respeito da língua ser ou não ser superestrutura, ressalta-se que se a língua é indiferente à luta de classes caracteriza-se assim a autonomia do sistema lingüístico e se as classes não são indiferentes à língua traduz o pensamento de que todo processo discursivo se inscreve numa relação ideológica de classes.

Nesse sentido, deve-se, portanto, fugir dos extremos, ou seja, a total autonomia da linguagem e a subserviência total da linguagem à ideologia. Na realidade, o discurso recebe múltiplas determinações, dentre elas a ideológica. Mas como não se tem a pretensão de responder a essa questão no presente trabalho, ao contrário objetiva-se fomentar as discussões, instiga-se à reflexão do assunto com o pensamento de Raul Bopp:

 

“A gramática atravessou o oceano

e instalou-se em palácios com suas formas vernáculas,

preocupada com purismos lusos nas maneiras de dizer.

Não ouvia as vozes lá fora.

Mas o Brasil amansou o idioma

Com surras de tambor”.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. 7.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.

BAKHTIN, Mikhail.  Marxismo e filosofia da linguagem. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 1988.

BRANDÃO, Helena H. Nagamine.  Introdução à análise do discurso. 7. ed Campinas: Editora da UNICAMP, 1998.

CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1988.

COSTA, Nelson Barros. Contribuições do marxismo para uma teoria da linguagem. D.E.L.T.A. Vol. 16, N. 1, 2000 (27 – 54)

FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. 6. ed, São Paulo: Ática, 1998.

________________ O regime de 64: discurso e ideologia. São Paulo, Atual, 1988.

LÖWY, M. Ideologia e ciência social: elementos para uma análise marxista. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1988.

MARX, K e ENGELS, F. A ideologia alemã. 10. ed.  São Paulo: Hucitec, 1987.

MUSSALIN, Fernanda. Análise do discurso. In: Introdução à lingüística 2: domínios e fronteiras. MUSSALIM, F e BENTES, Anna C. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2001.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 4. ed. Campinas: Pontes, 2002.

PÊCHEUX, Michel.  Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.

PONZIO, Augusto. Produccion lingüística e ideologia social. Madrid, Alberto Corazón editor, 1984.

ROSSI-LANDI, Ferruccio.  A linguagem como trabalho e como mercado. São Paulo: Difel, 1985.

SEIXAS, Cid. O espelho de narciso: linguagem, cultura e ideologia no idealismo e no marxismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1981.

THOMPSON. John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 2000.

 

 

           

 


[1] Segundo Seixas (1981, p. 72), a superestrutura pode ser definida, segundo o marxismo, como um conjunto de ideologias religiosas, filosóficas, jurídicas e políticas das classes sociais, que ganham forma e expressão através da linguagem.

[2] Segundo Fiorin (1988, p. 12-14), a formação discursiva constitui a matéria-prima de que um homem de uma dada formação social dispõe para elaborar seus discursos.