1. Observações teóricas

Clements & Hume (1995) preconizam a segmentação independente de partes dos sons, em que ocorra a sobreposição dinâmica das constrições no trato vocal. A estrutura do segmento é baseada nos parâmetros de localização e no grau destas constrições. A sobreposição obedece a uma organização interna dos traços, representada por meio de configuração arbórea de nós ordenados hierarquicamente. Mota elaborou o Modelo Implicacional de Complexidade de Traços para as consoantes do português, adaptado da Geometria de Traços de C. & H., ilustrando a organização hierárquica de aquisição dos traços distintivos consonantais para esta língua, estabelecendo as relações implicacionais na graduação de complexidade dos traços.

 

1.1. A Geometria de Traços segundo Clements & Hume (1995)

As unidades básicas da representação fonológica são traços que compõem um conjunto pequeno de categorias elementares que se combinam de vários modos para formar os sons das línguas humanas. Os traços são normalmente concebidos como entidades psicológicas e são definidos em termos de padrões específicos de acústica e realização articulatória que fornecem a ligação crucial entre a representação cognitiva da fala e sua manifestação física. Eles são tipicamente binários ou monovalentes, quer dizer, de valor unitário. Assim, os sons da fala são percebidos e armazenados na memória de um modo categorial, predominantemente. As regras fonológicas aplicadas à representação de traços envolvem classes naturais de sons, as quais podem ser unicamente definidas em termos de uma única conjunção de traços.


Clements & Hume (1995) assumem a sobreposição geométrica de traços agrupados em unidades funcionais, seguindo padrões da fonologia autossegmental. Nesta abordagem, os segmentos são representados em termos de configurações de nódulos organizados hierarquicamente, cujos nódulos terminais são valores de traços e os nódulos intermediários representam constituintes. A hierarquia de traços opera como um modelo definindo formações ou estruturas bem formadas através de derivações. A visão do segmento é “como um conjunto de traços hierarquicamente organizados onde cada traço ocupa um lugar específico na hierarquia e mantém relações com os outros traços” (Mota, 1996:18).

Nesse modelo da fonologia autossegmental (não-linear) os traços estão dispostos em camadas ordenadas numa seqüência, podendo ainda compor e partilhar uma mesma camada. Já os traços que compõem camadas diferentes se relacionam entre si por meio de linhas de associação codificando padrões de alinhamento temporal e coordenação entre os elementos nas representações fonológicas. Esta disposição em camadas dos traços distintivos se assemelha aos galhos de uma árvore, sendo os galhos as camadas e as folhas correspondendo aos traços distintivos que as formam. O modelo mostra a interdependência e a sobreposição dinâmica de constrições que ocorrem no trato vocal para a execução dos traços que compõem os fonemas, execução esta realizada pelo sistema fonador, compreendendo da glote (inferiormente) aos lábios e cavidade nasal (na extremidade superior). A abordagem de organização de traços de Clements & Hume (1995) defende que os traços são agrupamentos em unidades funcionais, onde as regras fonológicas operam.

A Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) caracteriza vogais e consoantes unificadas quanto ao mesmo conjunto de traços usados em ambas. A organização de consoantes e vogais é uniformemente orientada ao redor da constrição no trato vocal como unidade básica. A estrutura de segmento é baseada nesta constrição e a maioria dos traços pode ser definida diretamente em termos dos parâmetros de localização e grau das constrições. Assim, traços de lugar (traços de articuladores e seus dependentes) definem a localização da constrição, e os traços de articulador livre definem o grau da constrição.

A fala é produzida utilizando vários articuladores funcionando independentemente. Estes articuladores, compreendendo os lábios, a parte anterior da língua, o corpo da língua, a raiz da língua, o palato mole e a laringe, podem definir uma simples, primária constrição no trato vocal ou podem se combinar para produzir várias constrições ao mesmo tempo.

Esses articuladores realizam um papel importante na organização da estrutura de segmento. Tem sido proposto que eles deveriam ser representados por nódulos de si próprios na representação fonológica, ordenados em camadas separadas (tiers). Eles são definidos em termos das articulações do trato vocal entre os nódulos: labial (envolvendo os lábios como articulador ativo), coronal (envolvendo a parte frontal da língua como um articulador ativo) e dorsal (envolvendo o corpo da língua como um articulador ativo).

Os traços de articuladores são também chamados de traços de lugar, porque eles se associam a partir do lugar que se constituem na hierarquia de traços. Ao contrário da maioria de outros traços, [labial], [coronal] e [dorsal] são tratados como privativos (um valor, monovalentes), mais do que binários, ou eles estão presentes ou estão ausentes na representação. Isso acontece porque as regras fonológicas parecem não operar em valores negativos nestas categorias.

Nos traços de articulador livre, o grau de constrição é independente de um articulador específico envolvido. Por exemplo: [+contínuo] são aqueles sons que permitem o fluxo aéreo contínuo através da região central do trato vocal, desconsiderando onde ocorre a maior constrição e sua localização.

Nesses traços faltam articuladores específicos, designados para efetivar a sua execução. A maioria dos pesquisadores localiza os traços de articuladores livres no nível mais alto da hierarquia do que os traços de articuladores ligados, ou seja, delimitados à cavidade oral.

Os traços na hierarquia proposta, conforme já exposto, são representados em camadas e nódulos, originando pontos terminais ligados a estas mesmas camadas e nódulos, considerados valores de traços. Esta disposição arbórea é adotada tanto para consoantes como para vogais, estabelecendo uma correspondência entre elas a partir das constrições dos articuladores envolvidos no trato vocal para a formação de um dado fonema, seja ele consoante ou vocóide.

Na fonologia autossegmental os traços são expressos em camadas sobrepostas. Todas as ramificações partem de um nó de raiz que corresponde “à coerência do segmento melódico como uma unidade fonológica” de fala. Este nó de raiz domina todos os traços, conferindo lhe status especial. O nó de raiz é constituído pelos traços de classes principais: [soante], [aproximante] e [vocóide], definindo as classes de fonemas de sonoridade variável, seguindo uma ordem crescente de sonoridade, como: nas obstruintes, nas nasais, nas líquidas e nas vocóides. Estes traços nunca podem se espraiar (espalhar) ou desligar-se como uma classe independente do nó de raiz como um todo. (Clements & Hume, 1995:268)

A descrição da organização de traços assemelha-se a um móbile, onde todas ramificações de camadas partem do nó de raiz e situando-se num nível mais abaixo estão os nós laríngeo, de cavidade oral e de lugar de consoante (figura 1[1]).

 

1.2. Geometria de Traços e a Aquisição Fonológica do Português

Mota (1996) idealizou o Modelo Implicacional de Complexidade de Traços para as consoantes do português, seguindo a Geometria de Traços, que, como temos visto na seção anterior, mostra a organização hierárquica dos traços distintivos. Considera os traços fazendo parte de uma unidade de segmento maior, progressivamente, tais como: sílaba, o pé, a palavra fonológica, a frase.

A abordagem da hierarquia de complexidade dos traços possibilita a análise dos caminhos seguidos para alcançar um sistema fonológico, avaliando o grau de complexidade dos traços.

O modelo proposto por Mota (1996) considera fundamentais as relações implicacionais e hierárquicas existentes entre os segmentos consonantais do português em termos de complexidade O sistema fonológico apresentado por cada criança é a base para avaliar o que ela já possui, partindo do seu próprio sistema fonológico (Mota, 1996:199).

A criança vem com uma estrutura básica de fonemas consonantais não marcados, menos complexos: [±soante, -vocóide, -aproximante], compostos de um nó de raiz dado pela Gramática Universal (GU). Segundo Mota (1996) qualquer consoante tem a presença de um nó de raiz, um nó laríngeo, um nó CO (nó de cavidade oral) e outro nó de ponto articulatório (nó de lugar).

A representação básica é o ponto de partida para haver interação do input que a criança recebe do meio, juntamente com o seu aparato cognitivo e articulatório (órgãos fonoarticulatórios), podendo, assim, associar novos traços marcados e, portanto mais complexos, expandindo o seu sistema fonológico.

Para a autora, a especificação dos traços marcados obedece a relações implicacionais, para um traço marcado surgir, outros traços marcados devem estar presentes no sistema fonológico.

 

Figura 1

Representação geométrica das consoantes (Clements & Hume, 1995)

 

Esse modelo propõe nove traços contrastivos para as consoantes do português:

a) no nó de raiz, os traços [±soante], [±aproximante], [±vocóide]; b) no nó laríngeo, o traço [±voz]; c) no nó de cavidade oral, o traço [±contínuo]; d) ligado ao nó de cavidade oral, no nó traços de lugar, os traços [labial], [coronal]. Este último se subdivide em [+anterior] e [-anterior] - de acordo com o segmento da língua predominantemente em contato com o palato, e o [dorsal].

A hierarquia de complexidade dos segmentos fica estabelecida a partir da presença e da ausência de traços contrastivos, sendo classificado como traço marcado aquele que envolve mais complexidade para sua execução. Portanto, os traços com valor não-marcado são menos complexos e antecedem os traços marcados, mostrando as relações de dependência entre os traços distintivos, portanto, a hierarquia na aquisição destes traços para o sistema fonológico.

A partir dessa estrutura básica dada pela GU, composta de traços não-marcados e mais simples, originam-se os primeiros sons do sistema fonológico da criança /p, t, m, n/, os quais Mota (1997) denomina como estado zero de complexidade. Além da Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) Mota se fundamenta no modelo de marcação baseado em restrições de Calabrese (1995) apud Mota (1996). Este modelo reflete os ajustes articulatórios da criança a partir da conjunção de suas habilidades perceptuais auditivas e táteis-cinestésicas, cognitivas e neuromotoras, incluindo o input ambiental adequado e satisfatório.

Mota salienta que a criança operacionaliza a especificação e combinação de traços marcados (mais complexos) entre si. Para ela, a aquisição do sistema consonantal do português segue conforme a seguinte ordem dos traços marcados:

1. [-anterior], traço de menor complexidade

2. [+voz]

3. [dorsal]

4. [dorsal, +voz]

5. [+contínuo]

6. [+aproximante]

7. [coronal, -anterior] / [+contínuo]

8. [+aproximante, + contínuo]

9. [+aprox., -ant.] e [+aprox., +cont. dorsal], são os traços de maior complexidade.

Desse modo, o sistema consonantal do português, constituído por dezenove consoantes, é originado: consoantes oclusivas: /p, b, t, d, k, g/; consoantes fricativas: /f, v, s, z, S, Z/; consoantes nasais: /m, n, ø/ e consoantes líquidas: /l, ´, r, R/.

O MICT é representado por meio de uma configuração arbórea, mostrando os possíveis caminhos na aquisição fonológica do sistema consonantal do português. Esta configuração é baseada em Calabrese (1995) apud Mota (1996). Nesta representação, a raiz, como já mencionado, corresponde ao estado zero de complexidade. Desta raiz, partem os ramos que indicam condições de marcação de complexidade (figura 2). No modelo proposto, é possível observar que os caminhos demonstram a variabilidade e a complexidade gradual dos sistemas fonológicos em desenvolvimento das diversas crianças, atendendo as peculiaridades individuais nas etapas da aquisição fonológica. Embora a variabilidade seja possível, ela se restringe aos limites impostos pelas relações implicacionais, de dependência e hierarquia, entre os traços distintivos.


Figura 2

Modelo Implicacional de Complexidade de Traços - MICT, segundo Mota (1996:154)

                                      Estado 0:             [-vocóide]

                                                                 [-aprox]

                                                                 [±soante]

                                                                 [-voz]

                                                                 [+voz]/([+soante])

                                                                 [-contínuo]

                                                                 [cor, +ant]

                                                                 [lab]

 

(N = Nível de complexidade) 

 

 

2. Descrição e Análise dos Dados

2.1. O sistema de obstruintes na fala de U.S.S (6;11)

Observou-se que, dos sujeitos analisados, U.S.S. apresentava a inteligibilidade de fala mais prejudicada, comprometendo a compreensão do interlocutor pela presença consistente e sistemática de cinco processos fonológicos: plosivação de fricativas, dorsalização, substituição de líquida, simplificação de encontro consonantal e apagamento de consoante final. Os dois primeiros destes processos é que estão sendo aqui discutidos[2].

Na fala de U.S.S. foram encontradas alterações de pronúncia que acarretam os seguintes processos, conforme ilustrados pelos dados na seqüência:

a) Perda de contraste [±contínuo] entre as obstruintes:

1.         /f/ ® [k]          /alÈfasi/                       [awÈkaki]        alface

/v/ ® [g]          /ÈSuva/                       [Èkuga]                       chuva

2.         /s/ ® [k]          /Èselu/             [Èkelu]            selo

/z/ ® [g]          /ÈzERu/                       [ÈgElu]                       zero

3.         /S/ ® [k]         /maÈSadu/       [maÈkagu]       machado

/Z/ ® [g]         /ZakaÈRE/      [gakaÈwa]       jacaré

b) Perda de contraste [coronal] [dorsal]:

1.         /t/ ® [k]                      /teÈzowRa/      [kigoÈwa]                   tesoura

/d/ ® [g]                     /Èdosi/             [Ègoki]                                   doce

 

O quadro abaixo mostra o sistema de obstruintes de U.S.S. (6;11) – casas não sombreadas – comparado com o sistema alvo adulto – casas sombreadas.

 

 

Labiais

Coronais

Dorsais

Glotal

 

 

+anterior

-anterior

 

 

Plosivas

-cont.

p

b

t

d

 

k

g

 

Fricativas

+cont

f

v

s

z

S

Z

 

h

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No sistema fonológico de U.S.S. não há fricativas, pois esta criança não apresenta em seu sistema o traço [+contínuo], ligado ao nó de cavidade, correspondendo ao grau de constrição da cavidade oral e considerado um nó intermediário entre o nó de lugar e o nó de raiz. É um traço que não tem um articulador específico, pode ser realizado em vários pontos de articulação e não possui uma oclusão central no trato vocal. Para Mota (1997:44) este comportamento do traço [+contínuo] influencia a sua percepção da produção, pois quando os traços são presos aos articuladores tornam-se perceptualmente mais evidentes e com “uma realização estável e constante.”

Os dados de fala de U.S.S. ilustram a dependência e a hierarquia no grau de dificuldade em combinar o traço [+contínuo] (ligado ao nó de cavidade oral) aos traços [labial], [coronal] e ao [±anterior] (todos estes ligados ao nó de lugar ponto de C), que são traços dependentes de articuladores específicos e definem o lugar da constrição destes articuladores. Tais dificuldades devem-se ao fato de que os traços além de serem especificados, precisam ser combinados entre si para surgirem outras classes de sons, como no caso aqui apresentado, a classe das fricativas.

Analisando pela perspectiva da Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) e pelo Modelo Implicacional de Complexidade de Traços dos segmentos consonantais do português segundo Mota (1996), vemos que no sistema fonológico de U.S.S. é essencial a especificação do traço [+contínuo] e a sua combinação ao traço [coronal], o que dará condições de melhorar a inteligibilidade da sua fala, ampliando seu sistema de sons contrastivos.

Embora estejamos falando de [coronal] é possível que seja necessário uma melhor definição do traço em termos do sistema fonológico da criança, para que se possa incluir aí as fricativas labiais, que têm mostrado um comportamento semelhante às coronais.

2.2. O sistema de obstruintes na fala de I.R.S (5;5)

No sistema fonológico de I.R.S., os problemas concentram-se nos traços [+voz], e [-anterior], comprometendo a inteligibilidade da sua fala, mostrando um atraso na aquisição do sistema consonantal. Deste modo, os seguintes processos, ilustrados na seqüência, foram notados:

a) Perda do contraste [±voz]:

1.       /b/   ®   [p]           /aÈbe´a/     [aÈpe´a]         abelha

/d/   ®   [t]            /Èdosi/         [Ètosi]             doce

/g/   ®   [k]           /foÈgeti/       [foÈketi]          foguete

/v/   ®   [f]            /ÈlivRu/        [Èlifu]              livro

/z/   ®    [s]            /Èbluza/       [Èpusa]                       blusa

/Z/   ®   [s]          /ZiÈRafa/      [siÈlafa]           girafa

 

b) Perda do contraste [±anterior] nas coronais:

 S

          ®    [s]

 Z

 

 

2.         /S/ ®           /s/    /ÈSikaRa/        [ÈsikaRa]        xícara

/Z/ ®    /s/    /ZakaÈRE/      [sakaÈlE]        jacaré

 

Devido a esses dois processos, o sistema fonológico de I.R.S., em relação às obstruintes, reduz-se às surdas e, entre estas, falta ainda a coronal [-anterior]. Estes fatos podem ser melhor visualizados no quadro abaixo de acordo com os critérios já definidos anteriormente:

 

 

Labiais

Coronais

Dorsais

Glotal

 

 

+anterior

-anterior

 

 

Plosivas

-cont.

p

b

t

d

 

 

k

g

 

 

Fricativas

+cont.

f

v

s

z

S

Z

 

 

h

 

 

Analisando pela perspectiva do MICT de Mota (1996), no caso do traço [+voz] este já deveria estar presente e consistente, pois, de acordo com a autora, na ordem de aquisição dos traços marcados é um traço menos complexo. Já a combinação dos traços [-anterior] e [+contínuo] encontra-se mais abaixo na hierarquia proposta, equivalendo ao nível 7 de complexidade, e portanto, é prevista sua entrada mais tardia no sistema fonológico.

 

Conclusão

 

O comportamento fonológico do sistema de obstruintes de cada um dos sujeitos foi analisado a partir da Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) e do MICT segundo Mota (1996), os quais possibilitam a compreensão mais clara do que está por trás das produções destas crianças, permitindo a identificação dos traços que não se apresentam ainda no sistema, como traço [+voz] do nó laríngeo e também as falhas nas combinações mais complexas dos traços de nó de Cavidade Oral, que inclui [±cont] e ponto de consoante. Observa-se a dificuldade com os traços [+contínuo] e [coronal] em U.S.S., apontando o nível de atraso em que se encontra a aquisição da classe de fricativas. Em I.R.S. os traços prejudicados para conclusão do sistema fonológico alvo adulto são [+voz], o qual já deveria estar presente e consistente, como dissemos, e o traço [-anterior] combinado com o traço [+contínuo], que define as fricativas palatalizadas.

A fricativa glotal /h/, nas duas crianças, tem mostrado comportamento diferente das demais fricativas, envolvendo outros processos fonológicos, motivo pelo qual não está sendo abordada no presente trabalho.

 

 

Referências

 

 

CALABRESE, A. A constraint-based theory of phonological markedness and simplification procedures. Linguistic Inquiry 26(3):373-463, 1995.

CLEMENTS, G. N. & HUME, E. The internal organization of speech sounds. In: GOLDSMITH, J. (ed.). The Handbook of Phonological Theory. Cambridge: Blackwell, 1995, pp. 245-306.

Mota, H. B. Aquisição segmental do Português: um modelo implicacional de complexidade de traços. Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 1996.

Mota, H. B. Aquisição segmental do Português: um modelo implicacional de complexidade de traços. Letras de Hoje, Porto Alegre. Vol. 32, n. 4, pp. 23-47, 1997.


[1] Neste trabalho, estamos discutindo somente consoantes e, portanto, apenas o modelo para consoantes está sendo dado.

[2] Processo fonológico na perspectiva da teoria fonológica refere-se aos processos de assimilação (espraiamento), dissimilação, OCP (princípio de contorno obrigatório), neutralização, transparência e opacidade. Tais processos ocorrem em todas as línguas naturais, constituindo-se de regras de organização dos traços distintivos. Já numa abordagem fonoaudiológica, os processos fonológicos referem-se aos desvios da fala propriamente ditos, mostrando a não-aquisição de determinado traço distintivo no sistema fonológico, levando a falhas no sistema de organização dos sons da língua materna.