Neste trabalho, identificamos a ocorrência da intertextualidade em títulos, possibilitada pelo conhecimento prévio, já que a partir de marcas ativadoras foram estabelecidas relações com outros textos já existentes. Tomamos como corpus de nossa pesquisa 277 títulos de textos publicados nas revistas Nova Escola e Educação no ano de 2000.

 

A FUNÇÃO DO TÍTULO

 

 

       O título é um componente privilegiado do texto, pois, devido a sua posição é o primeiro a ser processado. Além de dar nomes a textos de diferentes gêneros sugerindo e despertando o interesse do leitor para o tema, o título estabelece vínculos com informações textuais e extratextuais orientando o leitor para a conclusão a que o mesmo deve chegar. Boa parte da compreensão de um texto é monitorada pelo título e mesmo não sendo o único organizador de expectativas nem fator decisivo na compreensão de um texto, um título pouco claro pode dar margens a distorções na compreensão (Marcuschi, 1986, p.27; Menegassi e Chaves, 2000, p.28).

       De acordo com Saraiva (1992, p.10), os títulos cumprem uma ou várias funções: a de identificar uma obra, a de anunciar, apontar, qualificar ou resumir parte ou o todo do seu conteúdo, a de provocar ou seduzir o leitor. O interesse despertado por um título tanto pode derivar do título em si, transformado em microtexto, como do título na sua relação complexa ou simples com o texto que apresenta ou representa, e com outros títulos, do mesmo escritor ou de outros. Fala-se freqüentemente da importância dos títulos dos jornais, que às vezes se vendem de acordo com as manchetes e que por isso querem a seu serviço especialistas em títulos.

       Para Saraiva (1992, p.20), como regra geral, os títulos não apelam explicitamente para os destinatários a quem sempre implicitamente se dirigem. Privilegiam, no entanto, a mensagem (o tema geral, ou especial: um personagem, um tempo, uma ação, etc). São infinitas as possibilidades de formar um título e incontáveis as variedades, mesmo estruturais, de títulos. Talvez por isso mesmo é que muitos autores têm dificuldade em arranjar ou ajustar títulos.

       Conforme Haggan (2003, p.1), mesmo que um título seja uma parte muito pequena de um texto, ele exerce um importante papel como o primeiro ponto de contato entre o escritor e o leitor. Muitas vezes é com base na leitura do título que o leitor se decide a ler ou não determinado texto. 

       A função principal do título é a de resumir o que o autor do texto considera como a informação/mensagem mais importante do texto. Cognitivamente, a função do título é de ativar na memória do leitor, o conhecimento necessário para a compreensão do texto. A informação que ele veicula é usada pelo leitor como princípio de organização geral para a representação do evento na memória, isto é, como um modelo de situação. Marcuschi (1986, p.28) assegura que os títulos confirmam as teorias dos esquemas, ou seja, têm a propriedade de ativar expectativas relacionadas com a base temática. Desta maneira, quanto mais informação o leitor tiver sobre um tema determinado, mais expectativas por ele são criadas.

       Os textos, geralmente, têm uma estrutura temática representada pelas “macroestruturas semânticas”. Trata-se, segundo Terzi, (1992, p.119), de estruturas hierárquicas que se constituem de macroproposições derivadas dos sentidos das sentenças (proposições) que expressam as informações mais relevantes do texto. As informações muito próximas do topo da macroestrutura semântica têm um nível de abstração maior, uma vez que resumem mais as informações de nível mais baixo. O título expressa o topo da macroestrutura textual, ou seja, a informação de nível mais alto: o tema principal. Assim, o título pode ser considerado um organizador do texto que projeta expectativas a respeito do seu conteúdo.

       Segundo Marcuschi (1986, p.27), os títulos podem ser temáticos ou não-temáticos. Quando o título se encaixa na estrutura do texto e representa a macroestrutura textual, é considerado temático. Quando não se encaixa na base temática do conteúdo do texto, o título é considerado não-temático.

       Ao definir o tópico mais importante, o título define a situação ou evento que será relatado no texto. Ao processarmos o conteúdo do título, estamos ativando nossos esquemas de conhecimento prévio: os frames, os scripts e os modelos de situação e construímos um tópico subjetivo, uma proposição de nível mais alto que contém a macroestrutura semântica do texto. Esses esquemas e modelos interagem com informações durante a compreensão.      

       Algumas vezes, a ancoragem no título se dá por uma ligação anafórica – o título exercendo uma função de lembrete de uma informação conhecida, remetendo a um elemento anterior, não enunciado no texto, porém presente na consciência do leitor. Quando anuncia uma informação a constar no texto, caso mais freqüente, o título estabelece uma ligação catafórica com aquilo que se segue, induzindo à leitura do texto.

       De acordo com Guimarães (1997, p.27), os títulos são chaves para a construção dos sentidos dos textos, quando convenientemente propostos. As chamadas (títulos da capa), os títulos do sumário e os subtítulos desempenham um papel análogo ao dos títulos, realçando os elementos de significação do texto e facilitando a retenção do conteúdo. O conjunto composto pelos títulos da capa, do sumário e do texto propriamente dito forma um leque bem definido e distribuído de perspectivas e expectativas, subdividindo em porções razoáveis o conteúdo do texto. De acordo com Marcuschi (1986, p.38), dar subtítulos é uma arte difícil, pois implica ter uma visão de conjunto do tema.

       Para Granjeiro (1998, p.3) é importante que se faça a distinção entre tema e título: o tema tem um caráter mais abrangente pois é o universo semântico no qual se insere o título e, conseqüentemente, o texto. Já o título é uma delimitação do tema, uma síntese da abordagem dada ao texto. Nada impede, porém, que um tema amplo não possa funcionar como título. Seria o caso de um tema-título.

 

 

2. A INTERTEXTUALIDADE

 

      

       A noção de polifonia introduzida por Bakhtin para o estudo da literatura romanesca vem sendo utilizada na área da lingüística para analisar os enunciados nos quais várias “vozes” se apresentam simultaneamente (Maingueneau, 2001, p.169). A polifonia pode ser definida, segundo Koch (2000, p. 142), “como a incorporação que o locutor faz a seu discurso de asserções atribuídas a outros enunciados ou personagens discursivos”.

       A intertextualidade é um fator de grande importância para o processamento cognitivo textual já que tanto na produção como na recepção de textos se recorre a outros textos. Beaugrande & Dressler (1981, p.11) e Marcuschi (1983, p.15-16) consideram a intertextualidade como um dos critérios  de textualidade centrados no usuário, ou seja, relacionam a intertextualidade à capacidade do receptor de reconhecer no texto a presença de outro texto para, a partir desse reconhecimento, formular o sentido pretendido pelo produtor.

       De acordo com Beserra (2002, p.86), podem-se depreender, pelo menos, 4 princípios norteadores da leitura em presença de intertexto: a) identificação de um ponto de contato entre dois ou mais textos, uma intertextualidade; b) esse ponto de contato, construído pelo autor, não costuma ser gratuito; c) o receptor só perceberá essa relação se conhecer o primeiro texto; d) a percepção dessa relação auxilia na construção do sentido, ou seja, na compreensão do texto.

       Para Koch e Travaglia (1997, p.77), a intertextualidade é uma constante e os textos dialogam, necessariamente, uns com os outros. A intertextualidade pode ser explícita ou implícita. No primeiro caso, o texto apresenta a indicação da fonte do texto primeiro. É o que acontece nas citações, referências, traduções, resumos, etc. No segundo caso, não se tem a indicação da fonte, de maneira que o receptor deverá ter os conhecimentos necessários para recuperá-la, do contrário não será capaz de compreender a significação implícita pretendida pelo produtor do texto. Como exemplo deste tipo de intertextualidade podemos citar a alusão, a ironia, a paráfrase, a paródia, etc.

       Koch e Travaglia (1997, p.78) afirmam que a intertextualidade também se estabelece quando nos “apropriamos” de provérbios e ditos populares em conversas ou em textos escritos, endossando-os ou revertendo a sua forma ou seu sentido.    

       Koch (1986, p.44) assegura que a intertextualidade é um poderoso fator da textualidade e que subjacente a ela está presente a argumentatividade. No caso da intertextualidade explícita, como as citações e referências, tem-se a argumentação por recurso à autoridade. Nos casos de intertextualidade implícita ou polifonia, recorre-se à autoridade polifônica, ou seja, são introduzidas no discurso vozes de outros enunciadores, responsáveis por asserções que são apenas “mostradas” como argumentos a favor de outras asserções.

       É ainda Koch (1998, p.54) que nos chama a atenção para o termo - détournement –usado alguns autores para designar a alteração de provérbios, frases feitas, etc com o objetivo de captação, ou subversão.

       O significado de um texto resulta de sua interseção com outros textos pois os mesmos incorporam modelos e vestígios de outros textos assim como de outros gêneros. Dentre as relações de intertextualidade em função do gênero, Kleiman e Moraes (1999, p.79) distinguem entre outras, as que retomam de outro texto os recursos de projeção, como o título e o subtítulo.

      

 

3. ANÁLISE DOS DADOS

 

 

       Deixar entrever outros enunciados ou fragmentos de outros enunciados célebres é uma prática empregada na construção de alguns títulos.

       Vejamos, nos quadros abaixo, alguns títulos presentes nas capas, nos sumários e nos textos das reportagens principais das revistas Nova Escola e Educação que apresentam a intertextualidade.

 

Quadro 1

Revista Educação nº 228

Título na capa

(Chamada)

Título no sumário

Título no texto

Era uma vez...

 

(A importância dos mitos, lendas e fábulas na formação moral da criança)

Nova velha história

 

(Fábulas, lendas e contos de fadas ainda seduzem adultos e crianças)

Quem quiser que conte outra

 

(Fábulas, mitos, lendas e contos de fadas retratam diferenças culturais e transmitem valores morais)

 

 

 

       Os  títulos destacados no quadro acima foram atribuídos à reportagem da revista Educação nº 228 sobre as histórias que vêm se perpetuando na imaginação de crianças e adultos. Trata-se  das narrativas da tradição oral, gêneros que deixam transparecer valores humanos sempre atuais. Segundo a reportagem, a produção de contos de fadas, continua,   embora tenha sofrido mudanças formais para atender às exigências da linguagem moderna. Mas a televisão, uma concorrente perversa, com propostas massificantes que comprometem a capacidade de raciocínio e promove a erotização precoce, vem ganhando a atenção das crianças em detrimento da leitura. As expressões Era uma vez...e Quem quiser que conte outra acionam o conhecimento do leitor acerca dos gêneros (fábula, contos de fadas...) tratados na reportagem.

 

 

Quadro 2

Revista Educação nº 225

Título na capa

(Chamada)

Título no sumário

Título no texto

Não há vagas

 

(Desemprego atinge jovens e impõe para a escola o desafio de entender o futuro do trabalho)

Na fila do desemprego

 

(Até mesmo jovens mais escolarizados têm dificuldade para arrumar trabalho)

Procuram-se vagas

 

(Crise econômica fecha postos de trabalho – inclusive para jovens com alta escolaridade)

      

 

       A revista Educação, nº 225, na reportagem de capa, tratou do sério compromisso da escola em preparar jovens para o mercado de trabalho e do fato de que infelizmente, estudar e preparar-se durante anos, não garante ao estudante, em nosso país, um posto de trabalho. Os títulos da capa Não há vagas e do texto Procuram-se vagas recorrem à estrutura de placas com avisos encontradas em locais de trabalho.

       Vejamos outros casos de títulos que apresentam a intertextualidade:

1.        Quem te viu, quem te vê (E:225, reportagem)

2.        As aparências enganam (E:225, reportagem)

3.        Quem viver verá (E:225, reportagem)

4.        A primeira conexão a gente nunca esquece (NE: 136, reportagem)

       A reportagem Quem te viu, quem te vê trata da inclusão de alunos portadores de deficiência visual em sala de aula regular. Já a reportagem As aparências enganam revela que o melhor aluno nem sempre é aquele que tira as melhores notas.  Quem viver verá  aborda o processo de fusão adotado por escolas particulares para enfrentar o novo modelo econômico global. A primeira conexão a gente nunca esquece é o título no sumário da revista Nova Escola nº 136, da reportagem sobre a estréia de uma professora na Internet. Uma retomada da frase original “O primeiro amor a gente nunca esquece”. No título de cada uma dessas reportagens, o enunciador  retoma   inumeráveis enunciações anteriores, as de todos os locutores que já proferiram tais frases. Segundo Maingueneau (2001, p.169), “proferir um provérbio significa fazer com que seja ouvida, por intermédio de sua própria voz, uma outra voz, a da ‘sabedoria popular’, à qual se atribui a responsabilidade pelo enunciado”.

                 5. Os pés pelas mãos (E:227, reportagem)

          6. Com todo o mérito (E:233, reportagem)

          7. Brasil na ponta da língua (E:231, reportagem)

          8. De corpo inteiro (E:231, reportagem)

        Os  pés pelas  mãos é  o   título de uma  reportagem  sobre  um  gibi  educativo que  se

propõe incentivar boas ações entre as crianças, mas acaba sendo preconceituoso e politicamente incorreto. Com todo o mérito é uma reportagem sobre a criação do Prêmio Educador, uma homenagem da revista Educação e da ONG Cidade Escola Aprendiz às personalidades destaques da área de educação. Brasil na ponta da língua apresenta o trabalho de produção de um CD com 27 músicas cantadas por crianças. Já De corpo inteiro, é uma reportagem sobre práticas esportivas que  trabalham o corpo integrado à mente. Esses títulos são retomadas de frases feitas e de expressões já cristalizadas pelo uso. Remetem a outros enunciados, porém assumem uma expressividade própria do gênero atualizado.

       9. Quem não se comunica...(E:225, artigo)

       10. Independência ou morte (E:227, artigo)

       O artigo Quem não se comunica... defende a idéia de que a comunicação deve almejar o bom relacionamento e estar a serviço do projeto político pedagógico da escola. O texto Independência ou morte adverte para a necessidade da família, escola e sociedade se unirem no combate às drogas. São títulos que  revelam a presença de outros enunciados que lhes dão origem  e com os quais dialoga.

       11. Em nome da lei (E:233, reportagem)

          12. Você decide (E:230, reportagem)

          13. Nada será como antes (NE:138, reportagem)

          14. Eu prometo... (E:233, reportagem)

        Em  nome  da  lei  é  uma  reportagem  sobre  os  dez  anos  do  Estatuto  da  Criança  e do Adolescente. Você decide mostra como escolas públicas e privadas se mobilizam para debater política. A reportagem Nada será como antes aponta para as mudanças necessárias à escola para o bom funcionamento. Eu prometo... é uma reportagem que mostra a educação como um dos focos principais nas campanhas políticas. Esses títulos retomam respectivamente nomes de filme, programa televisivo, música e expressão característica do discurso político. Mais uma vez verificamos a presença da polifonia na construção de  títulos.  Nas retomadas de frases feitas, de expressões célebres, de fragmentos e títulos de música confirmamos que os títulos não são meros enfeites dos textos, mas sim fatores de importância discursivo-enunciativa. 

       15. Acelera, Nova Escola! (NE:132, editorial)         

       Tomemos o título Acelera Nova Escola! e o texto correspondente para exemplificar como o título intertextual pode auxiliar na construção do sentido do texto:

 

 

Texto I

 

 

Acelera, Nova Escola!

 

 

       Uma  das principais  preocupações, aqui  na redação de Nova Escola, é  produzir uma

revista para mostrar experiências bem-sucedidas de educadores. Em outras palavras, valorizar o seu trabalho. Em março, foi a nossa vez de encher o peito de orgulho pelo que fazemos. Numa festa realizada em São Paulo, fomos um dos escolhidos para receber o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo.

       Nova  Escola  ganhou  o  troféu    uma  placa  de  metal  esculpida  com  o  rosto  do

supercampeão – pelas mãos de Roberto Citiva, presidente da Fundação Victor Civita e do Grupo Abril. O prêmio, que levamos juntamente com Veja na sala de aula (projeto que transforma reportagens da maior revista do país em atividades de classe para o Ensino Médio), mostra que estamos no caminho certo.

       Apoiar o professor e lutar  por uma educação  melhor sempre  será  nosso lema. Uma

missão fascinante e de grande responsabilidade, que nos deixa muito empolgados para seguir lutando. O desafio é melhorar ainda mais a qualidade da revista que você se acostumou a ler (e reler, e guardar, e pesquisar, e usar em sala de aula). E acho que começamos bem a cumprir essa tarefa.

       Nesta edição, pela primeira vez em sua história, Nova Escola circula com 68 páginas.

É mais espaço para novos anunciantes – empresas e instituições interessadas em investir em projetos sociais – e para reportagens. O principal destaque deste mês é o panorama sobre os novos rumos da Educação Infantil. Um assunto muito caro a nossos leitores, que escrevem e telefonam pedindo mais informações e notícias sobre como formar as crianças nessa que é uma das fases mais importantes da vida.

       Prepare-se.  Em  junho, você  vai  saber  tudo sobre  o fórum  Educação  para  Todos,

organizado pela Unesco. O encontro, com representantes de mais de 190 países, está marcado para os dias 26, 27 e 28 de abril em Dacar, capital do Senegal. Nova Escola já garantiu presença.

 

 

(Editorial - Revista Nova Escola, ano XV - nº 132, maio de 2000.)

 

 

       Podemos conferir no texto as seguintes macroproposições:

       Macroproposição 1: Numa festa em São Paulo, a revista Nova Escola recebeu o grande Prêmio Ayrton Senna de jornalismo. (parágrafo 1)

       Macroproposição 2: O troféu recebido pela Nova Escola – uma placa com o rosto do supercampeão – é uma recompensa para a revista pelo trabalho realizado. (parágrafo 2)

       Macroprposição 3: O desafio para os editores é melhorar ainda mais a qualidade da revista. (parágrafo 3)

       Macroproposição 4: Agora a revista Nova Escola circula com 68 páginas, o que representa mais espaço para reportagens e para anúncios. (parágrafo 4)

       Macroproposição 5: Em junho o leitor vai saber tudo sobre o fórum educação para todos, organizado pela Unesco. (parágrafo 5)

       Ao  desenvolvermos a leitura do texto, confirmamos a informação captada pelo título e

podemos destacar no texto vários itens que retomam a idéia de “aceleração” expressa pelo título como: Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo; troféu com o rosto do supercampeão; o desafio de melhorar mais a qualidade da revista; número maior de páginas, mais espaço; a presença da revista Nova Escola no Fórum Educação para Todos. O título Acelera, Nova Escola! é anafórico porque remete a uma informação presente na memória do leitor e é catafórico porque aponta para informações presentes no texto. É um título temático e intertextual pois além de apontar explicitamente para o tema principal, retoma a frase do jornalista Galvão Bueno: Acelera Ayrton.  

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

       A coerência está associada ao princípio de interpretabilidade do texto, à capacidade do leitor de calcular o seu sentido, o que se estabelece na interação entre quem produz o texto e quem o ler. Considerando-se que a intertextualidade é um fator que contribui para estabelecer a coerência do texto, concluímos que os títulos intertextuais são de grande importância para a construção do sentido de um texto e, portanto, merecem atenção dos professores de línguas, os quais devem garantir aos alunos o acesso aos “textos anteriores” para que tenham possibilidade de detectar intenções dos produtores de textos.

       É possível intensificar o trabalho com título a partir da variedade de gêneros textuais que circulam socialmente. Podemos imaginar vários tipos de exercícios entre os quais indicamos como sugestões:

a)      fazer um levantamento de artigos que apresentem intertextualidade nos títulos, a fim de resgatar o conhecimento prévio do aluno no processo de leitura;

b)      comparar títulos de músicas e de filmes que apresentem intertextualidade.

c)      analisar títulos de matérias de jornais e revistas relacionando-os aos títulos de matérias publicadas anteriormente sobre o mesmo assunto.

 

     

REFERÊNCIAS

 

 

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MARCUSCHI, L. A. Lingüística  de  texto:  o que  é  e   como se faz. Recife: UFPE, Série Debates, 1983.

 

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