O canto dos pássaros também é o canto do homem. Aquele que canta o canto dos pássaros clama o canto da vida. Como citou Tejo (1980, p.46):
“(...) é o homem que canta! Este verbo cantar é sagrado, como o verbo
florir ou o verbo resplandecer. Os ritmos silentes do Universo traduzem-se pelo
som nos ritmos do canto. Cantar é divinizar o som. A vida inteira é harmonia
inteira. Quer os glóbulos do sangue, quer os glóbulos astrais movem-se por música.
Um sol é um órgão e a luz uma sinfonia esplendorosa.”
No sertão do Nordeste brasileiro o canto do homem é sagrado, visto que seu canto provém da natureza, e humano, porque possui a força e a riqueza de cantar o viver. O cantar emanado dos sons da natureza expressa a intensa relação do homem com a natureza, construindo, através desta, sua cultura. Para Silva (1999, p.106):
“A natureza tem um papel fundamental, indispensável na formação da
linguagem desses sujeitos. Com isto, formam um conjunto complexo de
significados, que produzem uma identidade, onde os sertanejos se reconhecem,
pois os sinais da natureza que lêem para prever a chuva, o seu conhecimento e
sua linguagem, emergem de como se relacionam com os outros homens e seu meio
ambiente, isto é, como constroem seus modos de vida, sua cultura.”
A integração entre o homem e a natureza, ligados pelo intermédio da cultura, encontra-se presente na vida dos poetas sertanejos. Em “Cantadô e Violeiro”, Zé da Luz (1999, p.89-91) já dizia:
“Eu nunca aprendi a lê
Eu
nunca tive im iscóla.
Mas,
Deus mi deu o sabe,
De
sê impruvisadô
E
tocado de viola.
Eu
não invejo a sabênça
De
nenhum hôme letrado.
Deus
mi deu intiligênça
Qui
tem feito diferênça
A
munto douto formádo.(...)
Se
os versos q´eu impruviso
Não
tem graça nem belêza,
Piçúi
um grande valo:
Esses
verso, eu aprindí
No
livro da Naturêza
Tendo
Deus pru prufessô!
O
cantadô de repente
Tem
tudo qui êle quizé:
Tem
os rio, as cachuêra,
Tem
as noite inluaráda,
O
rompe das arvorada
E
a graça das muié!”
Muitos são os curiós e as patativas que cantam o sertão. Zé da Luz, este poeta/pássaro, possui no seu cantar a constituição de versos ricos pela construção poética e pelo discurso que enfatiza o social. Suas rimas são vidas narradas evidenciando tradições, crenças, trabalho, arte e história. As poesias de Zé da Luz trazem além do tesouro lingüístico, o sertão “em carne e osso”. José Lins do Rego já havia registrado no prefácio do livro “Brasi Cabôco e Sertão em Carne e Osso” que Zé da Luz tem esta força de cantar a Paraíba. Os versos de Zé da Luz são testemunhos e memórias, de um sertão que clama por voz e vez.
Dialogar com as cantorias de Zé da Luz faz florescer um vasto campo de possibilidades, permitindo-nos o estudo da sua história de vida, da sua linguagem, da sua poesia crítica de forte cunho social e das imagens e discursos sobre o sertão. A literatura, neste sentido, é concebida como um produto da ação humana desenvolvida num determinado momento histórico, sendo, portanto uma fonte para o estudo da história. As diversas formas de linguagens como a literatura, o cinema, a música, a pintura, o teatro e a produção acadêmica são também ações e práticas que instituem reais. Clóvis Moura (1976, p.05), afirmou a importância da literatura de cordel como um elemento de comunicação coletiva e também refletora de uma problemática social, considerando a sua função social nas áreas onde ela é criada ou penetra. Desta forma, a literatura reflete realidades sociais, assim como instituem imagens a cerca deste real. Para Albuquerque (2001, p.23):
“ (...) estas linguagens não apenas representam o real, mas instituem reais. Os discursos não se enunciam, a partir de um espaço, que os produzem e os pressupõem para se legitimarem. O discurso regionalista não é emitido, a partir de uma região objetivamente exterior a si, é na sua própria locução que esta região é encenada, produzida e pressuposta.”
Trata-se, portanto, de uma relação complexa, entre a literatura e a história, e não apenas de uma relação de determinação de uma para outra. Discutindo a mulher na literatura e na memória cultural, Coelho (2000, p.91) já citava que:
“Hoje,
já não se aceita que a literatura (escrita por homens ou mulheres) seja
interpretada por meio de uma única óptica, seja ela estética, histórica,
sociológica, psicológica, etc., etc. Nenhum enfoque isolado dará conta da
complexidade inerente ao fenômeno literário. Faz-se urgente a escrita de uma
nova história da literatura (talvez transdiciplinar) que possa abarcar os
complexos entrelaçamentos do literário com as demais áreas do pensamento e
das vivências humanas.
Neste sentido, a memória cultural precisa urgentemente ser reavivada,
tal como vem sendo discutido no meio acadêmico.”
A literatura pode também ser compreendida como uma memória cultural, visto que ela concebe, pensamentos, valores, tradições e crenças, rastreando a história de vida de homens e mulheres que registram suas memórias e se expressam através da arte literária. Nesta busca pela compreensão da interlocução história-literatura é importante citar os trabalhos de Raymond Williams em “O campo e cidade na história e na literatura”, Mikhail Bakhtin em “A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais” e Paul Zumthor em “A letra e a voz: a “literatura” medieval”. Este último, importante para a compreensão da literatura oral.
Outra questão importante faz referência à análise do discurso compreendido no poema. Antes, porém, é fundamental, saber quem fala, de onde fala, o que se fala e em que contexto se fala. O que se busca compreender, numa perspectiva histórico-literária, não é apenas o discurso em si, mas a ação humana, ou seja, a expressão do homem e sua relação com a sociedade. Pensando nas concepções a cerca do discurso é importante discutir as complexas relações existentes entre o discurso e os sistemas de poder. Para Foucault (1979, p. 71), os saberes, os discursos e os próprios intelectuais fazem parte de um sistema de poder, proliferando a idéia de que estes são na estrutura da sociedade os “agentes da consciência e do discurso”. Os problemas políticos dos intelectuais giram em torno da relação verdade-poder, numa luta, num combate pelo estabelecimento de uma determinada verdade, ou num debate gerado em torno dela:
“A
verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e
nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de
verdade, sua “política geral” de verdade; isto é, os tipos de discurso que
ela escolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que
permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se
sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para
a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que
funciona como verdadeiro”(FOUCAULT, 1979, p.12).
Fazer uma leitura do Nordeste, em especial do sertão, requer de fato uma discussão crítica, atentando para as relações citadas. Comumente a designação do “sertão nordestino”, acaba por se firmar como uma unidade estereotipada de forma grosseira e indiscriminada, além de criar uma imagem homogênea tanto das regiões sertanejas, como da região ao qual designamos de Nordeste. Desde o período inicial da colonização portuguesa no Brasil, a palavra sertão já aparecia, designando o interior das terras. Com este mesmo significado a palavra sertão também já havia sido empregada na África, no Oriente e na própria Metrópole, e os bandeirantes paulistas já haviam se referido ao sertão do Cataguás ou dos Catagueses, “que é toda a região ignota além da Mantiqueira”(BARROSO, 1983, p.03). A palavra sertão guarda em si uma própria história:
“Parece que o segrêdo da origem sertão, voz tão identificada com nossa história, nossas tradições e nossa literatura, está no “Dicionário da Língua Bunda de Angola”, de frei Bernardo Maria de Carnecatim, ed. Da Imprensa Régia, Lisboa, 1804. Na sua letra M se encontra o vocábulo muceltão seguido da forma decepada e corrompida certão, com seu significado admiravelmente definido em latim: locus mediterraneus, isto é, o interior, o sítio longe do mar, longe da costa, o oposto ao marítimo, (...)” (BARROSO, 1983, p.05).
Associada ao Nordeste brasileiro, o sertão aparece, por vezes, carregado de estereótipos, além de ser tratado como um espaço homogêneo. Apesar de possuir uma designação específica, é necessário pensar o sertão não apenas como uma região situada no interior, longe da costa marítima, mas como um espaço, ou melhor, espaços, onde existem relações sociais e culturais plurais. Albuquerque, em “A invenção do Nordeste e outras artes”, apresenta um debate sobre a construção de uma identidade espacial nordestina, que segundo o autor foi inventada e caracterizada por estereótipos discriminadores deste espaço. Albuquerque (2001, p.22) pensa o Nordeste, como uma identidade espacial construída em um preciso momento histórico – final de 1910 e na segunda década deste mesmo século - como um produto do entrecruzamento de práticas e discursos regionalistas. As imagens e discursos regionalistas são produtos inerentes e constitutivos deste sistema de forças. As práticas e ações das imagens e dos discursos a cerca do Nordeste estão tecidas nas diversas relações sociais.
Zé da Luz, batizado por Severino de Andrade da Silva, nasceu em Itabaiana, na Paraíba, em 1904. Deixou os estudos no 3oano primário após o falecimento do seu pai, no ano de 1913. A escola, cujo estudo não passou do primário, foi trocada por uma oficina de alfaiate, profissão que exerceu até meados de julho de 1951. Seu Getro, em seus artigos, já citava:
“Quem
poderia imaginar que aquele modesto oficial da agulha pudesse tecer com o fio de
ouro do seu pensamento as indumentárias mais elegantes e primorosas com que
veste os versos, a poesia, falando do seu dia-a-dia, retratando com emoção o
universo do seu povo e de sua gente.”[1]
A poesia desde cedo fazia parte da sua vida, admirador de Catulo da Paixão
Cearense e João Martins de Athaíde, dedicou-se aos versos. Zé da Luz descreveu em seus poemas o sertão, evidenciando o
apego do sertanejo a terra, enfatizando a sua relação com a natureza, seus
costumes, suas tradições e o drama do sertanejo em relação ao problema da
seca.
Em “Brasí Cabôco”, Zé da Luz através da sua linguagem poética,
traz à tona a atitude da revelação da sua identidade cultural. Para ele, o
Brasil nacional, não era o Brasil das capitais (não se sabe precisamente quais
as capitais referidas, provavelmente se trata das capitais do Sudeste que
receberam grande diversidade de imigrantes), era sim o Brasil das boiadas, o
Brasil da seca, o Brasil que veste gibão e chapéu de couro, era o Brasil
sertanejo, de “Inácio da Catingueira” e de “Ugulino do Teixera”.
“O qui é Brasí Cabôco?
È um Brasí deferente
Do
Brasí das capitá.
È
um Brasí brasilêro,
Sem
mistura de instrangeiro,
Um
Brasí nacioná! (...)
È o Brasí sertanejo
Dos
côco, das imboláda,
Dos
samba, dos rialêjo,
Zabumba
e caraxá!
È o Brasí das vaquêjada,
Do
abôio dos vaquêro,
Do
arranco das boiada
Nos
fechado ou tabulêro! (...)
È o Brasí das promessa
Nas
noite de São João!
Dos
Carro – de -boi cantando
Pela
boca dos cocão!” (LUZ, 1999, p.10-11).
Os Estados do Nordeste, antes constituídos como capitanias motoras da
economia colonial, acabaram ficando à margem dos interesses centrais do governo
federal, especialmente na primeira metade do século XX (provável período de
criação e circulação da cantoria). Neste contexto, a poesia de Zé da Luz
representa uma memória cujo discurso evidencia a expressão do se fazer
existir, num Brasil cujos interesses políticos sociais e econômicos estavam
centralizados nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas neste mesmo período,
como estariam vivendo os homens e as mulheres dos sertões? Os versos de Zé da
Luz trazem uma memória, muitas vezes esquecida pela história. Através de seus
versos Zé da Luz evidencia a existência de um Brasil sertanejo e caboclo,
provavelmente desconhecido ou excluso dos grandes centros culturais.
A
década de trinta, foi marcada pela ascensão de Getúlio Vargas ao poder. O
patriotismo, a idéia de nacionalismo e a busca por uma identidade nacional
passam a ser interesse do Estado que dizia objetivar o engrandecimento do país,
da então nação brasileira. Mas o que seria ser brasileiro? Tema ainda hoje
muito discutido pela sua complexidade, a nacionalidade brasileira de certo não
contempla o Brasil na sua totalidade. Neste sentido, Zé da Luz também já
apontava para a reivindicação desta nacionalidade, quando cita que o Brasil
nacional é o Brasil sertanejo, sendo este, considerado por ele, um Brasil que não
se misturava às demais culturas estrangeiras, seria o verdadeiro Brasil onde
estariam fincadas as raízes brasileiras. Este tema é bastante complexo e este
poema abre possibilidades de constituir um amplo e crítico debate sobre esta
questão. Contudo é necessário situar que este reclame, na busca por uma
identidade cultural brasileira, acontece num momento de exclusão social. Zé da
Luz marca sua existência num Brasil cuja perspectiva política, econômica,
social e cultural não o fazia existir. Reclamar o seu lugar, era uma forma de
marcar a sua existência e de resistir a uma política que não privilegiava o
sertão, ao contrário o ignorava e o deixava à margem. Nesta perspectiva, a
poesia de Zé da Luz representa a resistência a esta política excludente,
tendo na valorização da identidade sertaneja o seu mais precioso trunfo.
“Brasí
das briga de Galo!
Do
jogo do “Sôco-tôco”!
É
o Brasí dos cabôco
Amansadô
de cavalo!
É
o Brasí dos cantadô,
Dêsses
cabôco afamado,
Qui
nos verso impruvisado,
Sirrindo
catáro o amô;
Cantando
choráro as mágua.
Brasí
de Pelino Guéde,
De
Inácio da Catinguêra,
De
Ugulino do Texêra,
E
Rumano da Mãe-d´água!
É
o Brasí das cabôca,
Qui
de noite se dibruça,
Machucando
os peito virge
No
batente das jinéla...
Vendo,
os cabôco pachola,
Qui
geme, chora e saluça
Nas
corda de uma viola,
Ruendo
paixão, prú ela!
É
êsse o Brasí Cabôco,
Um
Brasí bem brasilêro,
Sem
mistura de istrangêro
Um
Brasí nacioná!
Brasí,
qui foi, eu tou certo
Argum
dia discuberto,
Prú
Pêdo Arves Cabra!!!” (LUZ, 1999, p.12-13).
Valorizando a
cultura e o povo sertanejo, buscando nele uma identidade, Zé da Luz não
esquece também os problemas sociais existentes no sertão, citando
especialmente a carência de gêneros alimentícios e a falta de uma educação
adequada. Zé da Luz cita estas questões sociais como sendo este Brasil, com
estes problemas que é de fato o Brasil nacional, rico pelo seu povo, pela sua
cultura e carente de uma política pública que supra a pobreza econômica e
social dos sertões nordestinos.
Caracterizado
pela forte crítica social dos seus versos, Zé da Luz não apenas valoriza a
cultura sertaneja, ele avalia criticamente o contexto social do sertão. E
comparando os dois “Brasis”, o “Brasi instrangêro” e o Brasi cabôco”,
Zé da Luz reafirma a identidade cultural e social do sertanejo,
evidenciando o seu Brasil, bem brasileiro, o seu Brasil nacional.
“É o Brasí que não veste
Liforme
de gazimira,
Camisa
de peito duro
Cum
butuadura de ouro...
Brasí
Cabôco só veste,
Camisa
grossa de lista,
Garça
de brim da “Polista” (*)[2]
Brasí cabôco não come
Assentado
nos banquete,
Misturado
cum os hôme
De
casáca e anelão...
Brasí Caboco só come
O
bode seco, o feijão,
E
as vez uma paneláda,
Um
pirão de carne verde,
Nos
dias das inleição,
Quando
vai sirvi de iscada
Prôs
hôme de pusição!
Brasí Caboco não sabe
Fala
ingrês nem francês, Munto meno o purtuguês
Qui
os outro fala imprestádo...
Brasí
Cabôco não iscreve;
Munto
má assina o nome
Pra
vota, prumode os home
Sê
Gunverno e Diputádo!
Mas porém, Brasí Cabôco
É
um Brasí Brasilêro,
Sem
mistura de instrangêro
Um
Brasí Nacioná” (LUZ, 1999, p.09-10).
Ano de 1932. Na Paraíba, “centenas de retirantes ameaçaram saquear o comércio local em busca de alimentos”(VILLA, 2000, p.146). Em Pernambuco, “pelas estradas do estado, milhares de retirantes dirigiam-se aos maiores centros em busca de trabalho e comida”(VILLA, 2000, p.146). No Ceará:
“(...)
um agricultor encontrou numa rede amarrada à margem da estrada duas crianças
agonizantes abandonadas pelos pais. Em Umari de Lajes, outra criança,
abandonada morta à beira de um caminho, foi devorada pelos urubus. Os trens que
se dirigiam à capital eram invadidos pelos retirantes e dezenas morriam no
caminho, especialmente as crianças”(VILLA, 2000, p.146).
Do final do século XIX ao início do século XX, se pode observar o descaso dos órgãos públicos em relação à seca. Não foi por acaso que durante estes períodos, não cabendo mais restar ao seu lugar de origem onde estaria lá toda a vida do sertanejo, tornou-se necessário migrar como uma forma de sobreviver. Pode ter sido este, dentre outros, o motivo que teria levado Zé da Luz a se mudar para o Rio de Janeiro. No poema o “Drama do Nordestino”, Zé da Luz (1999, p.161-162) já aconselhava:
“Sem
te susto e sem receio,
Nordestino
meu irmão,
Eu
vou te dá um conceio
De
todo o meu coração:
Não
sáia do teu sertão.
Não
venha nunca pra cá,
Atraz
da grande inluzão
Da
Capitá Federá!
Eu
vivo aqui e tou vendo
Uma
coisa que eu reprovo:
O
nordestino sofrendo
No
Campo de São Cristóvo!
Dispôis
de longa viáge,
Pagando
passáge cara,
Ta
cumo uns bicho serváge
Decendo
dos “Pau-de arara”(...)
Sertanejo
de alma franca,
Vorta
lá prô teu sertão,
Cumo
vorta a Aza-branca
Uvindo
a voz do truvão!
Tua
presença conforta
Tua
muié, teus fínho.
Ninguém
se perde na vorta
Mêrmo
vortando sozinho!”
Os versos cantados por Zé da Luz, são fontes lindas e ricas, são memórias de uma vida. Diante do descaso político para com o sertão nordestino, Zé da Luz torna a literatura uma expressão cultural e histórica. A poesia de Zé da Luz é, pois, um grito que simboliza a existência e a resistência: o sertão pulsa nas suas palavras.
ALBUQUERQUE,
Durval Muniz de. A invenção do nordeste e outras artes. São Paulo:
Cortez, 2001.
BARROSO,
Gustavo. Vida e história da palavra sertão. Salvador: Centro de Estudos
Baianos – Núcleo Sertão, 1983.
COELHO,
Nelly Novaes. Literatura: arte, conhecimento e vida. São Paulo:
Petrópolis, 2000.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
LUZ, Zé da. Brasi Cabôco e Sertão em Carne e Osso. Recife: Editora Litoral, 1999.
TEJO,
Orlando. Zé Limeira, poeta do absurdo. Brasília: Senado Federal, 1980.
SILVA,
Johny Guimarães da. Olney São Paulo: Maestro de uma sinfonia de
linguagens do sertão. Dissertação de Mestrado. PUC – SP, 1999.
VILLA, Marco Antônio. A vida e morte no sertão: História das secas no Nordeste nos Séculos XIX e XX. São Paulo: Ática, 2000.