Resumo do XVI Encontro da ANPOLL 
(Porto Alegre, 2001)
    
Realizado em Porto Alegre, de 03 a 05 de julho de 2001, o XVI Encontro Nacional da ANPOLL contou com intensa atividade. As principais decisões e comunicações são resultantes das reuniões, mesas e plenárias realizadas durante o evento.

Anuidade
Aprovada em assembléia, nova fórmula de cálculo das anuidades da ANPOLL já está em vigor. A anuidade deixa de ser calculada em UFIRs e passa a ser fixada em reais. O montante que vinha sendo cobrado, foi corrigido no último mês de fevereiro de 2002 pelo IGPM-FGV. Assim, o índice, em reais, passa a ser corrigido anualmente pelo IGPM de fevereiro e, a partir daí, mensalmente.

Perfil da área
Uma das conclusões do XVI Encontro é de que não há homogeneidade nas ações da grande área representada pela ANPOLL. Uma das conseqüências dessa pulverização é a composição dos Conselhos das agências, que, normalmente, desfavorecem a área. É necessário ter clareza, coerência e coesão de propostas para o fortalecimento da área. O XVI Encontro sugeriu uma comissão para discutir questões como nomenclaturas, inventário de encaminhamentos já feitos, prioridades levantadas. A área ressente-se de deliberações e documentos e deve buscar a criação de instrumentos capazes de dar continuidade às demandas. O XVI Encontro, com base nessas discussões, tirou uma comissão para elaborar encaminhamentos para esses pontos, tomando como base o histórico das grandes linhas que vêm sendo pensadas pela área. A comissão está assim formada: José Luiz Fiorin (USP), Laura Padilha (UFF), Márcia Abreu (UNICAMP), Antonio Dimas (USP), Eduardo Guimarães (UNICAMP), Maria Zilda Cury (UFMG), Freda Indursky (UFRGS). Resultados serão apresentados durante o XVII Encontro em Gramado.

GTs 
Os coordenadores de GTs, reunidos durante o XVI Encontro, elencaram como principais dificuldades enfrentadas pelos Grupos de Trabalho: deficiência de comunicação com membros dos grupos; falta de articulação entre coordenadores de GTs e de pós-graduação; a administração de membros flutuantes, especialmente alunos da pós-graduação; representação política dos GTs no âmbito da ANPOLL; poucos resultados das mesas inter-GTs. Os pontos, após levantados na reunião dos coordenadores, foram discutidos em assembléia. Concluiu-se pelo necessário estreitamento de relações entre as coordenações dos GTs e dos programas de pós-graduação.

AGÊNCIAS DE FOMENTO
CAPES e CNPq acolheram convite da ANPOLL e debateram com coordenadores de programas e de GTs presentes ao XVI Encontro Nacional.

CAPES - O professor Luiz Valcov Loureiro, diretor de programas da CAPES, registrou que a agência está investindo em periódicos eletrônicos, cujo portal tem previsão de fechar 2001 com dois mil títulos. O problema das humanidades e das ciências sociais, conforme registrou, é a carência de editoras eletrônicas. Assim mesmo, garantiu, estão entrando quinhentos títulos da área. Quanto a verbas para aquisição de livros, o diretor diz ser possível adquirir periódicos pela rubrica custeio. E questiona: por que também não se pode adquirir livros nessa rubrica? Para Loureiro, o problema é das instituições, sugerindo que as Pró-Reitorias podem resolvê-lo, liberando tais aquisições.
O professor Adalberto Vasques, diretor de avaliação da CAPES, salientou a boa organização do sistema de pós-graduação no Brasil que hoje conta com 2300 cursos e 1500 programas. No seu entendimento, os últimos cinco anos registraram dois fenômenos perigosos: a invasão de cursos estrangeiros e a proliferação de cursos fora da sede. Diante de tal expansão, afirmou que a CAPES precisa estar atenta em relação a critérios de avaliação e de concessão, já que esses, mesmo com eventuais falhas, ainda têm se mostrado o meio mais eficiente para garantir a qualidade do sistema. O professor Vasques salientou o que classificou como excelente rodada de avaliação realizada pela agência, processo que considera maduro e que tem a particularidade de ser feito pelos pares com dados fornecidos pelos próprios programas. Lembrou que todos os programas 6 e 7 são alvo de nova análise, antes da decisão final, para garantir a proximidade com padrões internacionais de qualidade. Sobre o Qualis, lembrou que a avaliação de periódicos já existe há 26 anos na CAPES. A novidade é que passou a se quantificar e a se publicar. O sistema, segundo o diretor, ainda está em fase de aperfeiçoamento.

CNPq – Em 2000 houve implantação de uma nova estrutura. Os coordenadores cuidam da demanda espontânea e das áreas temáticas. A professora Cristina Reis, coordenadora da área de humanas, registrou que esta área não está contemplada nos fundos setoriais e que, por isso mesmo, deve definir suas prioridades no sentido de ajudar na definição de financiamento induzido. Conclamou a área para definir suas prioridades. O professor Eduardo Guimarães destacou a importância da presença de um representante da área, o professor José Luiz Fiorin, no CT do CNPq. Também comentou sobre a composição do Comitê Assessor do órgão para a área de Letras, falando de sua experiência nesse Comitê e dos esforços que têm sido registrados para dar publicidade aos critérios de julgamento.

FAPES
O diálogo com as agências de fomento durante o XVI Encontro também se estendeu às representações dos Estados.

Em nome da FAPERGS (RS), o professor Dalcídio Cláudio destacou as principais linhas de financiamento da agência, frisando que as concessões são proporcionais às demandas. Quanto aos trâmites, registrou o esforço para a agilização dos processos. Lembrou que os bons editais conseguem carrear recursos e salientou a importância de que as áreas possam discutir a formulação de editais, através de seus representantes. Segundo o professor Dalcídio, a FAPERGS já está com novo regimento interno em fase de conclusão e a intenção é incorporar pesquisadores de fora para participar das reuniões e dos julgamentos.
O professor Renato Gomes Cordeiro falou em nome da FAPERJ (RJ) e salientou a estrutura da agência. A FAPERJ possui um Conselho Superior composto por doze membros, uma diretoria científica e a assessoria técnico-científica. Hoje são vinte e três coordenadores, todos pesquisadores em suas áreas, trabalhando nessas assessorias. A agência tem registrado significativo aumento da demanda em todas as áreas e para otimizar os processos de julgamento tem contado com um conjunto de assessores de outros estados. A área de Letras em 2000 recebeu 105 bolsas e tem perspectiva de 120 bolsas em 2001. Uma das modalidades de bolsa é a do aluno nota 10, destinada a mestrandos e doutorandos (12 e 36 meses respectivamente). A indicação é feita pelos programas e podem concorrer apenas programas com avaliação cinco ou superior. O professor Renato Cordeiro, considerando os números globais da agência, concluiu que a área de Letras precisa ser mais agressiva.

Relatos de experiências: Periódicos científicos em áreas afins
A implantação do Qualis pela CAPES movimentou as áreas do conhecimento. Durante o XVI Encontro da ANPOLL houve relatos sobre o trabalho desenvolvido por algumas áreas no que diz respeito à definição de critérios para classificar as publicações científicas.

O professor Piotr Trzesniak, presidente da ABEC – Associação Brasileira de Editoras Científicas, registrou a complexidade de uma publicação. Salientou que existem diversas etapas a serem cumpridas e que, por isso mesmo, quando pré-estabelecidas, chegam a melhor resultado. É necessário ter controle de qualidade e buscar visibilidade, através de uma boa circulação. A associação possui todos os passos, os quais se mostram importantes para entrar nas linhas de financiamento de periódicos ofertadas pelo CNPq. Para ele, o item perenidade é essencial na avaliação. A qualidade, concluiu, deve ser medida pelo mercado e pela produção.  A qualidade de mercado está relacionada aos índices de aceitação do periódico, à quantidade de vezes em que é citado e o acesso às citações. A qualidade de produção diz respeito à forma, às normas observadas na apresentação da publicação.

A professora Ida Regina Stuupf, falando a respeito da experiência da área de Comunicação Social, explicou as atividades desenvolvidas pela COMPOS. Partiu-se de um estudo de critérios e foram adotados aqueles julgados adequados para a área. O COMPOS, a partir daí, enviou formulários e solicitou fascículos para os programas. Depois disso, procedeu-se a verificação com base nos seguintes itens: conteúdo, procedência de autores, linha editorial, regularidade da publicação, padronização, tiragem e distribuição da revista. A professora assinalou que também é necessário levar em conta o contexto de produção.

A professora Silvia Koller registrou os passos seguidos pela área de Psicologia. A área partiu da definição e observância dos seguintes aspectos: escolha de pontos através do diálogo, aplicação de padrões através de comissão, avaliação do processo por parte de editores e, por fim, participação de consultores externos. Agora, uma vez estabelecida a classificação dos periódicos, a idéia é continuar com os processos de avaliação. Os itens constantes da avaliação da Psicologia são: normatização, perenidade, periodicidade, circulação, autoria, conteúdo e gestão editorial. A área organizou uma ficha de avaliação estabelecendo pontos de corte para os diferentes níveis de classificação.

O professor Alfredo Veiga Neto trouxe experiência da área da Pedagogia. Segundo ele, a área possui diversidade de periódicos, o que dificultou a definição de padrões. De resto, considerou que as ciências humanas têm grande dificuldade em trabalhar com padronizações. A Pedagogia é uma área vasta e difusa, o que tem dificultado a avaliação, cujos procedimentos ainda estão sendo testados. O principal problema, no seu entendimento, diz respeito à construção de um modelo universal que sirva para as diferentes áreas do conhecimento.

AVALIAÇÃO
O professor Antonio Dimas, representante da área de Letras e Lingüística junto a CAPES fez uma explanação sobre o processo da avaliação trienal dos programas de pós-graduação, cuja primeira fase foi concluída há poucos dias.  Segundo o professor Dimas, em julho ocorrerá uma leitura dos pareceres da primeira rodada de avaliação. Somente depois disso, os resultados seguem para homologação do CTC da CAPES.

QUALIS
O professor José Luiz Fiorin, integrante da Comissão que trata do Qualis para a área de Letras e Lingüística na CAPES, lembrou que a área, no encontro nacional de Campinas, definiu os indicadores um e dois que foram aplicados nas avaliações do triênio 1998-2000. O Qualis propõe, agora, uma classificação que contemple os itens A, B e C. Os critérios possíveis para definir essa classificação são vários, tais como citações, formação dos comitês editoriais, circulação, etc.  Na área de Letras e Lingüística foi feito um levantamento em todos os programas do país, solicitando uma relação de periódicos. A partir desse levantamento, foi organizada uma listagem de citações de cada programa e, em seguida, chamada uma comissão para tratar do assunto. Definiu-se, então, levar em conta os itens da circulação e da citação. Chegou-se, assim, à seguinte classificação: A – mais de 8 citações; B – entre 4 e 8 citações; C – menos de 4 citações. Revistas com uma ou duas citações foram consideradas locais. A professora Beth Brait, também integrante da Comissão do Qualis, lembrou que há vários periódicos classificados como impróprios, algo que decorre da incongruência que se verifica entre registros incorretos de títulos de periódicos e a aplicação automática do sistema informatizado da CAPES. Salientou que para evitar que isso ocorra é fundamental o extremo cuidado no trato dos dados. O professor Antonio Dimas, representante da área, informou que o Qualis não foi utilizado durante a última avaliação trienal dos Programas, porque não estava bem pronto e porque seus critérios eram desconhecidos da maior parte da área. Lembrou, por fim, que o Comitê do Qualis continuará trabalhando e tratará de refinar o processo.